Poder
Publicado em 21/09/2018 12:00 -
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O general da reserva Antônio Hamilton Mourão (PRTB), candidato a vice de Jair Bolsonaro (PSL), foi repreendido por militares de seu entorno em razão de declarações dadas nas últimas semanas. O entendimento de generais que participam da campanha é de que as falas de Mourão prejudicam a candidatura.
Bolsonaro está internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, depois de sofrer um atentado em Juiz Fora (MG) no último dia 6. O presidenciável está fora da campanha nas ruas e deixou de participar até mesmo da mobilização nas redes sociais, em razão do grave estado de saúde. Neste contexto, Mourão ganhou mais protagonismo e deu declarações que acenderam o sinal amarelo em grupos de suporte à candidatura.
Em uma palestra em São Paulo, para integrantes do Secovi-SP, sindicato do mercado imobiliário, Mourão usou o termo "mulambada" para se referir a parceiros do Brasil na política externa com países do Hemisfério Sul, empreendida nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o vice de Bolsonaro, "nós nos ligamos com toda a mulambada, me perdoem o termo, do lado de lá e de cá do oceano na diplomacia Sul-Sul".
No mesmo discurso, Mourão disse que famílias em que mães e avós criam os filhos, em áreas carentes, acabam virando "fábrica de elementos desajustados que tendem a ingressar nessas narco-quadrilhas". As declarações provocaram uma forte reação contra o vice de Bolsonaro, inclusive em seu próprio entorno.
Logo após as declarações e a imediata repercussão negativa das falas, Mourão recebeu ligações de generais que integram grupos de suporte à campanha de Bolsonaro. Ouviu que a fala com referência à "mulambada" foi "totalmente desnecessária". O vice reclamou que "hoje não se pode dizer mais nada".
“As declarações não agregam valor a uma campanha. São brincadeiras que não fazem bem. Se seguir assim, vai prejudicar toda essa gente envolvida na campanha”, disse um militar aliado de Mourão, muito próximo a ele.
A frase sobre "mães e avós" acabarem proporcionando "fábrica de elementos desajustados" precisa ser mais bem analisada, na visão dos aliados de Mourão, mas também é alvo de críticas, pois deveria ter sido melhor pensada, segundo seus aliados na campanha.
“Ele falou bobagem. Se ele tem um diagnóstico sobre isso (sobre como a ausência paterna pode influenciar na formação e no destino do filho), tem de apresentar também uma solução para isso”, disse o mesmo aliado.
Um dia depois da fala desastrada, Mourão insistiu na declaração. Segundo ele, a frase era uma "constatação" do que ocorre nas comunidades carentes e não uma crítica às mulheres. “Não estou criticando as mulheres, estou fazendo uma constatação de algo que ocorre notadamente nas nossas comunidades carentes”, disse.
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