Poder
Publicado em 04/10/2019 12:00 -
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Mesmo com o indiciamento pela Polícia Federal do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, o presidente Jair Bolsonaro vai mantê-lo no cargo. A informação é do porta-voz da Presidência da República, general Otávio Rêgo Barros.
“O presidente da República aguardará o desenrolar do processo. O ministro permanece no cargo”, respondeu Rêgo Barros ao ser questionado como ficava a situação do ministro do Turismo no governo após o seu indiciamento pela PF de Minas Gerais. Marcelo Álvaro Antônio é deputado eleito pelo PSL, partido do presidente.
O presidente Jair Bolsonaro já havia dito que aguardaria o relatório da Polícia Federal para tomar uma decisão sobre a permanência de Marcelo Álvaro Antônio no cargo, investigado pela PF de comandar um esquema de desvio de recursos públicos por meio de candidaturas femininas de fachada nas últimas eleições.
O líder do PSL na Câmara, delegado Waldir (GO), disse ao blog também ser favorável à permanência do ministro no cargo até uma decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o caso.
“Primeiro, precisamos esperar para verificar se o Ministério Público fará a denúncia. Depois, se ela será acatada pela Justiça. Até lá, ele não pode ser considerado culpado. Já vi muitos casos de indiciamento e, depois, a pessoa é considerada inocente”, afirmou o deputado ao blog.
Descaso ético
Já estava entendido que o compromisso de restauração da moralidade assumido por Jair Bolsonaro com seus eleitores em 2018 virou estelionato eleitoral. Mas o cemitério de reputações que cresce ao redor do presidente produziu um quadro dramático.
O problema da atual administração não é mais apenas moral. Considerando-se o desprezo de Bolsonaro pela ética na política, uma dose de preocupação com a estética do seu governo já seria um extraordinário avanço. Imaginou-se que houvesse método no descaso. O bolor, por contraste, conferiria à imagem do capitão um insuspeitado frescor.
Sucede, entretanto, o oposto. Ou o presidente começa a afastar os feios que se acotovelam à sua volta ou consolidará sua imagem de personagem horroroso. Afora o titular do Turismo, enrolado no laranjal do PSL mineiro, há na Esplanada personagens como um ministro denunciado por fraude em licitação e tráfico de inflência (Luiz Henrique Mandetta, da Saúde) e um condenado por improbidade (Ricardo Salles, do Meio Ambiente).
No Planalto, despachando a um lance de escada do gabinete presidencial, há um outro ministro que confessou ter feito caixa dois (Onyx Lorenzoni, da Casa Civil). Na liderança do governo no Senado, há um ex-ministro de Dilma Rousseff às voltas com inquérito por corrupção (Fernando Bezerra).
Tudo isso e mais o primogênito Flávio Bolsonaro, momentaneamente blindado por duas liminares do STF contra os avanços de um processo por peculato e lavagem de dinheiro. Incapaz de oferecer bons exemplos ao país, o presidente transforma sua despreocupação com a ética num ótimo aviso.
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