Brasil
Publicado em 28/05/2019 12:00 -
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Entidades estudantis, movimentos sociais, sindicatos e organizações dos mais variados segmentos realizam nesta quinta-feira (30) a segunda Greve Nacional da Educação, que tem como principal pauta a defesa da educação pública e de qualidade e visa barrar os cortes de 30% dos recursos destinados às universidades e institutos federais anunciados pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub. A primeira paralisação aconteceu no dia 15 de maio e reuniu mais de 1,5 milhão de pessoas em todo o Brasil.
As manifestações em defesa de Jair Bolsonaro, no domingo (26), não foram desprezíveis, mas também não ultrapassaram os protestos de estudantes e professores, tendo menos capilaridade que eles. Como resultado, tivemos uma semana de guerra de narrativas nas redes sociais entre grupos pró e contra o governo – e, consequentemente, o aumento da polarização.
Como as ruas não vieram no tamanho que o presidente esperava, aguarda-se o comportamento do centrão, transformado em vilão, e de Rodrigo Maia, renascido como uma mistura de Lula e Gilmar Mendes, nos corações bolsonaristas.
Independentemente disso, elas devem trazer um resultado imediato: aumentar os protestos marcados por estudantes e professores e apoiados por movimentos sociais, nesta quinta (30), contra os cortes na educação.
As imagens de manifestantes arrancando uma enorme faixa que dizia "Em defesa da educação" do Prédio Histórico da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, foram recebidas com repúdio nas redes mais progressistas e liberais. Repórteres que registravam a cena foram agredidos de forma covarde. A autora da imagem acima, a fotógrafa Giorgia Prates, confirmou a este blog que foi uma das agredidas.
Ricardo Marcelo Fonseca, reitor da UFPR, postou uma foto mostrando a cena em sua conta no Twitter: "Neste exato momento manifestantes retiraram, com muitos aplausos, uma faixa no Prédio Histórico da UFPR em que estava escrito: "Em defesa da educação". Inacreditável".
Também não foram bem digeridos os cartazes cutucando estudantes e professores, afirmando que "quem trabalha protesta ao domingo" – mesmo que professores que foram aos atos sem a liberação das escolas tenham tido seus pontos cortados. Ou as entrevistas de manifestantes dizendo que a mídia e estudantes mentem descaradamente ao falarem em cortes no orçamento da educação. Ou, ainda, os comentários de influenciadores digitais da extrema direita provocando as organização dos atos do dia 30.
"O fracasso da tática do bolsonarismo deixa claro que o governo perdeu apoio social e pode ser derrotado nas ruas. Isso representa uma derrota ao governo e dá mais força para a mobilização do dia 30", afirmou ao blog Guilherme Boulos, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto. Ele avalia as manifestações de hoje como "pouco expressivas, com exceção de SP e RJ e, mesmo assim, menores que o dia 15". Diz que Bolsonaro esperava e precisava de muito mais.
Some-se a isso o fato de que as manifestações não decepcionaram e contaram com a cota de doidos autoritários e golpistas pedindo a morte do Supremo Tribunal Federal e prisões de seus ministros, cassação de parlamentares e, claro, a velha "intervenção militar constitucional" – vulgo golpe. Sem falar das indefectíveis faixas "Olavo tem razão" – que funcionam como uma autodeclaração de insanidade. A maioria trazia pautas legítimas, como as reformas. Mas as ilegítimas estavam lá.
Pelos relatos dos colegas que chegam de todo o país, houve mais manifestantes que rechaçaram a presença da imprensa do que a do naco de malucos que protestavam contra a democracia.
Isso mostra que o Bolsonarismo-raiz, aquele pessoal que está com o capitão para o que der e vier, que não votou nele apenas pelo antipetismo, mas por consciência do que Jair Messias representa foi às ruas. Fazem barulho, mas (ainda) não o bastante para assustar como a convulsão do impeachment em 2015 e 2016. E a depender do que aconteça com a economia, é provável que nem venham a fazer.
A reprovação do governo Bolsonaro ultrapassou nominalmente a aprovação na última pesquisa XP/Ipespe. A somatória de "ruim e péssimo" atingiu 36% e o "ótimo e bom" chegou a 34%. Desde o início do ano, a reprovação passou de 20% para 36% e a aprovação de 40% para 36%. Para um presidente que se preocupa mais com golden shower e com nazismo de esquerda do que com empregos e não coloca alguém competente para administrar a educação, a queda ainda é pequena.
Apesar de terem reunido um bom público nas avenidas Paulista, em São Paulo, e Atlântica, no Rio, as manifestações em defesa do governo tiveram menos capilaridade que os protestos contra os cortes na educação no último dia 15 de maio. Estes se estenderam por 222 municípios em 26 estados e no Distrito Federal. Neste domingo, foram 156 municípios, também em todo o país, de acordo com o levantamento do portal G1. Na Paulista, o ato se concentrou em três quarteirões e teve manifestantes espalhados de forma discreta por outros sete, enquanto a manifestação convocada por estudantes e professores lotou quatro quarteirões. A diferença é que a anterior saiu em marcha depois da concentração e a de hoje, não.
Ao eleger o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, como o grande vilão, ao lado do "centrão", as ruas deram a ele o direito a um pixuleco só seu ao lado do inflável de Lula no ato do Rio de Janeiro. Quase ao mesmo tempo, durante um culto na capital carioca, Bolsonaro dizia que as pessoas foram às ruas com o "propósito de dar recado àqueles que teimam com velhas práticas não deixar que esse povo se liberte". Analisando o contexto, o presidente acusou deputados que podem votar em seus projetos de escravizarem a população.
Não sabemos se era a intenção do presidente terminar de implodir as pontes com o parlamento, mas talvez ele tenha conseguido.
Os atos foram insuficientes para Bolsonaro mostrar que pode governar passando por cima do parlamento e da oposição na sociedade, mas o bastante para mostrar que ele conta com certo apoio. As reações, agora, estão com o Congresso e com os insatisfeitos na sociedade. E não prometem ser tranquilas para o presidente.
Talvez ele prefira assim. Uma pessoa que sempre promoveu a guerra não consegue governar costurando paz.
Enquanto isso, como já disse aqui, uma maioria da população que não sairia para protestar nem contra, nem a favor do governo, segue preocupada se vai conseguir trabalhar amanhã para alimentar a família em um país que conta com 13,4 milhões de pessoas que procuram serviço e não acham. E um governo, que continua mais preocupado em estimular "manifestações espontâneas" do que lançar uma política nacional para fomento de emprego e renda no país.
Confira os manifestos programados para o dia 30
A expectativa é que a segunda mobilização seja maior que a primeira. Atos já estão confirmados em ao menos 14 estados.
Local: Praça Ary Coelho
Horário: 15h
Local: Largo da Batata
Horário: 16h
Local: Estação da Cidadania
Horário: 18h
Local: Candelária
Horário: 15h
Local: Esquina Democrática – Borges de Medeiros X Rua dos Andradas
Horário: 18h
Local: Praça da Estação – Avenida dos Andradas
Horário: 09h
Local: Museu Nacional De Brasília
Horário: 10h
Local: Praça Santos Andrade
Horário: 18h
Piracicaba
Local: Praça José Bonifácio
Horário: 17h
Avaré
Local: Largo São João
Horário: 18h
Santo André
Local: E.E Americano Brasiliense
Horário: 12h
Sorocaba
Local: Praça Cel Fernando Prestes
Horário: 13h
Caçapava
Local: Praça da Bandeira
Horário: 9h
Taubaté
Local: Praça Santa Teresinha
Horário: 17h
São José do Rio Preto
Local: Em frente a Câmara Municipal
Horário: 18h30
Ubatuba
Local: Calçadão centro da cidade
Horário: 17h
Botucatu
Local: Praça da catedral metropolitana
Horário: 17h
Montes Claros (MG)
Local: Praça Dr. Carlos
Horário: 15h
Sete Lagoas (MG)
Local: AV. Antonio Olinto
Horário: 16h30
Uberlândia (MG)
Local: Praça do J – UFU
Horário: 15h
Itabirito (MG)
Local: Praça 1 de maio
Horário: 9h
Vitória (ES)
Local: Teatro da UFES
Horário: 16h30
Petrópolis (RJ)
Local: Praça Dom Pedro
Horário: 17h
Volta Redonda (RJ)
Local: Praça Juarez Antunes
Horário: 17h
Local: Praça do Campo Grande
Horário: 10h
Local: Praça da Gentilândia
Horário: 10h
Local: Praça da Republica
Horário: 13h
Bragança (PA)
Local: Praça das Bandeiras
Horário: 16h
Macapá (AP)
Local: Praça da Bandeira
Horário: 16h
Laranjal do Jari (AP)
Local: Praça Central
Horário: 17h
Porto Velho (RO)
Local: UNIR Centro
Horário: 17h
Local: Rua da Aurora
Horário: 15h
Local: Praça da Saudade
Horário: 15h
Local: Midway Mall
Horário: 10h
Local: Praça Deodoro
Horário: 15h
Bacabal (MA)
Local: Praça Silva Neta
Horário: 16h30
Pinheiros (MA)
Local: Praça do Centenário
Horário: 8h
Timon (MA)
Local: Praça São José
Horário: 7h
Picos (PI)
Local: Praça Feliz Pacheco
Horário: 7h
Teresina (PI)
Local: Em frente ao INSS
Horário: 8h
Barbalha (CE)
Local: Parque da Barbalha
Horário: 8h
Sobral (CE)
Local: IFCE – Campus Sobral
Horário: 18h30
Limoeiro do Norte (CE)
Local: IFCE – Campus Limoeiro
Horário: 7h30
Aracape (CE)
Local: Praça Matriz
Horário: 14h
São Miguel (RN)
Local: Rua: Dr. José Torquato
Horário: 17h
João Pessoa (PB)
Local: CCHLA/UFPB
Horário: 15h
Campina Grande (PB)
Local: Praça da Bandeira
Horário: 13h
Aracaju (SE)
Local: Praça General Valadão
Horário: 15h
Arapiraca (AL)
Local: Bosque das Arapiracas
Horário: 9h
Paulo Afonso (BA)
Local: Praça da Tribuna
Horário: 17h30
Irecê (BA)
Local: Centro em frente ao BB
Horário: 8h
Jequié (BA)
Local: Câmara dos vereadores
Horário: 15h
Serrinha (BA)
Local: Praça Luis Nogueira
Horário: 7h30
Caruaru (PE)
Local: Grande Hotel
Horário: 8h
Araripina (PE)
Local: Praça da Igreja Matriz
Horário: 8h
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