28/03/2024 - Edição 540

Mato Grosso do Sul

Estudantes e professores protestam em MS contra atentado à liberdade de expressão

Publicado em 26/10/2018 12:00 -

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Universidades pelo Brasil realizaram atos pela democracia, contra o fascismo. Na quinta-feira (25), no entanto, a Justiça Eleitoral realizou ações, incluindo na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), em Dourados, a 233 km de Campo Grande, e proibiu as manifestações, por entender que configuravam propaganda eleitoral em prédio público, proibido por lei.

Na manhã de sexta-feira (26), insatisfeitos com as intervenções das universidades, em apoio à autonomia de manifestação política, professores e alunos reuniram-se no obelisco da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande, símbolo conhecido como paliteiro, para gritar “democracia já”.

Cerca de 50 alunos e docentes “enfaixaram” o paliteiro com um pano de cor preta, um símbolo do protesto. A revolta contra a proibição dos eventos políticos nas universidades surgiu na quinta-feira (25), com um grupo de whatsapp, que mobilizou o protesto. O grupo já tem 228 alunos e professores da UFMS.

A estudante de jornalismo, Ketlen Gomes, explicou que o movimento não é partidário, e sim de solidariedade às universidades que sofreram intervenção de policiais e fiscais da Justiça Eleitoral. “É um movimento que não é partidário, mas é em prol às universidades, é para chamar a atenção da sociedade”, comentou.

Marcos Antônio Fernandes, também estuda jornalismo e avalia que manifestar-se, nesse momento, “é muito importante”. “Os estudantes estão muito preocupados com a perda de autonomia. Então precisamos nos manifestar”, opinou.

Um professor de fisioterapia que preferiu não ser identificado afirmou que a intenção do protesto é chamar a atenção da sociedade. “Pretendemos tirar uma foto para poder disseminar a imagem e atingir o maior número de pessoas possíveis. Os docentes são solidários às universidades que sofreram as intervenções”, declarou.

Na UFGD

Na UFGD em Dourados, estudantes organizaram uma aula com o tema “Esmagar o Fascismo", que aconteceria no Centro de Convivência da unidade II, na Cidade Universitária. Os discursos sobre o tema começaram às 10h, mas uma hora depois a aula foi suspensa por um oficial de Justiça acompanhado de policiais federais que foi ao local para cumprir a ordem do juiz da 18ª Zona Eleitoral Rubens Witzel Filho.

No mandado de notificação o juiz determinou a notificação da reitora da UFGD Liane Calarge ou de seu representante legal “para que seja proibida a realização da aula pública referente ao tema Esmagar o Fascismo, a ser realizada em 25/10/2018 às 10h, nas dependências da citada universidade”.

De acordo com a Justiça Eleitoral, a determinação do juiz foi expedida após denúncia revelar que um evento de cunho político eleitoral seria realizado nas dependências de um órgão público, o que contraria a lei.

Estudantes da UFGD e da Uems protestaram nesta sexta-feira (26) contra a decisão. Com faixas e cartazes, dezenas de acadêmicos se concentraram em frente à Biblioteca Central, na Cidade Universitária – onde funcionam os dois campi. Eles denunciaram censura por parte da Justiça Eleitoral.

Uma grande faixa preta com a mensagem “Uems e UFGD contra o fascismo” foi instalada em frente à biblioteca. A faixa também tem a palavra “elenão”, usada pelo movimento contra o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro.

Cartazes foram colados na parede da biblioteca e um equipamento de som foi levado para o local, para os universitários se manifestarem.

O DCE contesta o teor da denúncia. Em sua página no Facebook, o diretório divulgou “nota de esclarecimento” sobre o caso e negou que a aula tivesse o tema “esmagar o fascismo”.

“A atividade foi oficialmente divulgada como Aula Pública sobre Fascismo. O título atribuído à aula pela denúncia [Esmagando o fascismo – o perigo da candidatura bolsonaro] nunca foi utilizado pelo DCE, tampouco, o texto anexado como ‘prova’ foi compartilhado através das mídias do DCE”, afirma o diretório.

“Voltamos a manifestar nosso repúdio a essa decisão judicial que, de forma equivocada, aplicou a censura a um debate público sobre um tema tão pertinente que é o fascismo. A universidade é um espaço de compartilhamento de conhecimento, de diálogo e de debate de ideias”, afirma o DCE.


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