23/04/2024 - Edição 540

Especial

Eu sou Jair Bolsonaro

Publicado em 22/10/2018 12:00 -

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Há uma candidatura posta, com grandes chances de vitória, que ataca a democracia e os mais basilares valores da civilidade.

Jair Bolsonaro (PSL) valeu-se da falência das instituições (mais preocupadas com interesses corporativos do que com a coisa pública) e do descrédito da democracia representativa (vilipendiada por paridos políticos – de esquerda, centro e direita – mais focados em projetos de poder que na construção de uma nação) para emplacar um discurso onde a desvalorização de valores civilizatórios é o amálgama para a insatisfação de um eleitorado desinformado e descrente.

Trata-se de um momento fundamental para o país.

Bolsonaro representa a fratura democrática, a homofobia, a misoginia, o xenofobismo, a violência, a mistificação da história, a negação da diferença. Representa um retrocesso sem precedentes.

A candidatura de Fernando Haddad (PT), que pese os muitos tropeços de seu partido, representa, hoje, as forças democráticas. É o que temos.

No futuro, os brasileiros que cimentarem a ascensão do fascismo não poderão se eximir de sua responsabilidade. Por isso, é importante que os democratas mantenham viva a memória e não se furtem de apontar o dedo para aqueles que subscreveram o retrocesso.

Que este documento sirva como lembrança aos que apoiaram o recuo civilizatório representado por Bolsonaro. Que não possam jamais dizer que não sabiam.

“Sou a favor sim de uma ditadura, de um regime de exceção.”

– Jair Bolsonaro (03 de junho de 2018 – Câmara dos Deputados)

– 

Entrevistador: Se você fosse hoje o Presidente da República, você fecharia o Congresso Nacional?

“Não há menor dúvida, daria golpe no mesmo dia! Não funciona! E tenho certeza de que pelo menos 90% da população ia fazer festa, ia bater palma, porque não funciona. O Congresso hoje em dia não serve pra nada, xará, só vota o que o presidente quer. Se ele é a pessoa que decide, que manda, que tripudia em cima do Congresso, dê logo o golpe, parte logo para a ditadura.”

– Jair Bolsonaro (23 de maio de 1999 – Câmera Aberta)

“Pau-de-arara funciona. Eu sou favorável à tortura, tu sabe disso. E o povo é favorável também.”

– Jair Bolsonaro (23 de maio de 1999 – Câmera Aberta)

“Através do voto você não vai mudar nada nesse país, nada, absolutamente nada! Só vai mudar, infelizmente, quando, um dia, nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro, e fazendo o trabalho que o regime militar não fez. Matando uns 30 mil, começando com o FHC, não deixar pra fora não, matando! Se vai morrer alguns inocentes, tudo bem, tudo quanto é guerra morre inocente.”

– Jair Bolsonaro (23 de maio de 1999 – Câmara Aberta)

“Não vou combater nem discriminar, mas, se eu vir dois homens se beijando na rua, vou bater.”

– Jair Bolsonaro (19 de maio de 2002 – Folha de São Paulo)

“Eu sou estuprador agora. Jamais iria estuprar você, porque você não merece… vagabunda!”

– Jair Bolsonaro (11 de novembro de 2003 – RedeTV)

“Fica aí, Maria do Rosário, fica. Há poucos dias, tu me chamou de estuprador, no Salão Verde, e eu falei que não ia estuprar você porque você não merece. Fica aqui pra ouvir!”

– Jair Bolsonaro (9 de outubro de 2014 – Câmara dos Deputados)

“Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre… Já que eles gostam tanto da Venezuela, essa turma tem que ir para lá.”

– Jair Bolsonaro (1 de setembro de 2018 – Discurso no centro de Rio Branco, Acre)

“Maioria é uma coisa, minoria é outra… minoria tem que se calar, se curvar à maioria, acabou…”

– Jair Bolsonaro (11 de fevereiro de 2016 – Declaração para a mídia)

“Violência se combate com violência.”

– Jair Bolsonaro (20 de março de 2017 – The Noite com Danilo Gentili, SBT)

“Ô, Preta [Gil], eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco [do meu filho se apaixonar por uma negra] e meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambiente como lamentavelmente é o teu.”

– Jair Bolsonaro (28 de março de 2011 – CQC, TV Bandeirantes)

“É um índio que está a soldo aqui em Brasília, veio de avião, vai agora comer uma costelinha de porco, tomar um chope, provavelmente um uísque, e quem sabe telefonar para alguém para a noite sua ser mais agradável. Esse é o índio que vem falar aqui de reserva indígena. Ele devia ir comer um capim ali fora para manter as suas origens.”

– Jair Bolsonaro (14 de maio de 2008 – Câmara dos Deputados)

“Foram quatro homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher.”

“Se eu chegar lá [Presidência], não vai ter dinheiro pra ONG. Esses inúteis vão ter que trabalhar. Se eu chegar lá, no que depender de mim, todo cidadão vai ter uma arma de fogo dentro de casa. Não vai ter um centímetro demarcado pra reserva indígena ou pra quilombola.”

“Alguém já viu um japonês pedindo esmola por aí? Porque é uma raça que tem vergonha na cara. Não é igual a essa raça que tá aí embaixo, ou como uma minoria que tá ruminando aqui do lado.”

– Jair Bolsonaro (3 de abril de 2017 – Palestra no clube Hebraica, Rio de Janeiro)

“Se o filho começa a ficar meio gayzinho, leva um couro, ele muda o comportamento dele.”

– Jair Bolsonaro (17 de outubro de 2010 – Participação Popular, TV Câmara)

“Seria incapaz de amar um filho homossexual. Não vou dar uma de hipócrita aqui: prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí. Para mim ele vai ter morrido mesmo.”

“Se um casal homossexual vier morar do meu lado, isso vai desvalorizar a minha casa! Se eles andarem de mão dada e derem beijinho, desvaloriza.”

– Jair Bolsonaro (7 de junho de 2011 – Revista Playboy)

“Eu sou um liberal, se eu quero empregar na minha empresa você ganhando R$ 2 mil por mês e a Dona Maria ganhando R$ 1,5 mil, se a Dona Maria não quiser ganhar isso, que procure outro emprego! O patrão sou eu.”

– Jair Bolsonaro (9 de dezembro de 2014 – Zero Hora)

“Orgulho [da história de vida do Hitler] não tenho, né? O que você tem que entender é o seguinte: guerra é guerra. Ele foi um grande estrategista.”

Entrevistador: Você é do interior, tinha vaca, cabra, vocês iniciavam com os bichinhos? Você já comeu algum bichinho?

“Atrás de galinha no galinheiro, todo mundo ia na minha cidade. Alguns mais malandros, iam na bezerrinha, da jumentinha. Era comum. Naquele tempo, não tinha mulher como tem hoje em dia. Tinha mulher, mas a mulher não…”

Entrevistador: O senhor já deu uns sopapos em mulher alguma vez?

“Já. Era garoto na Eldorado, uma menina que forçou a barra pra cima de mim.”    

– Jair Bolsonaro (26 de março de 2012 – CQC, TV Bandeirantes)

“Como eu estava solteiro na época, esse dinheiro do auxílio moradia eu usava pra comer gente.”

– Jair Bolsonaro (11 de janeiro de 2018 – TV Folha)

“Eu vou dar carta branca para a polícia matar.”

– Jair Bolsonaro (8 de outubro de 2017 – Evento em Deerfield Beach, EUA)

 “Não vão encontrar sossego. E eu tenho imunidade pra falar que sou homofóbico, sim, com muito orgulho.”

– Jair Bolsonaro (5 de junho de 2013 – Canal TWTV)

“O cara lá que tem uma camisa minha comete lá um excesso, o que é que eu tenho a ver com isso?”

– Jair Bolsonaro (10 de outubro de 2018 – TV UOL)

“Você não manda nem um jipe. Manda um solado e um cabo. Não é querer desmerecer o soldado e o cabo, não. Se prender um ministro do STF, você acha que vai ter uma manifestação popular a favor do ministro do STF, milhões na rua?”.

– Eduardo Bolsonaro (Julho de 2018)

Mulheres, negros e LGBTs dão um recado aos familiares que votam em Jair Bolsonaro

O clima de insegurança e medo passou a fazer parte da vida de mulheres, negros e LGBTs após o primeiro turno das eleições 2018. O motivo é que a onda de violência causada por apoiadores do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) não para de crescer. São dezenas de ataques e pelo menos 3 mortes registradas.

A primeira foi a morte de Mestre Moa, na Bahia, no mesmo dia em que ocorreu o primeiro turno das eleições, seguido pelo assassinato de duas mulheres trans: Priscila, em São Paulo, e Laysa Fortuna, em Aracaju (SE). Entre os discursos mais famosos de Bolsonaro, estão os discursos de ódio contra as minorias.

Diante desse cenário, a Ponte coletou depoimentos de mulheres, negros e LGBTs para criar a série de vídeos “Aos meus familiares que votam em Bolsonaro”. Os relatos falam diretamente aos parentes que estão apoiando o candidato e mostram os motivos pelos quais essas pessoas estão com medo do futuro político do país.


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