19/04/2024 - Edição 540

Ágora Digital

Nossos três patetas não se bicam

Publicado em 26/09/2018 12:00 - Victor Barone

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Tem jeito não. Jair Bolsonaro (PSL), seu vice, Hamilton Mourão, e o guru do capitão, Paulo Guedes, estão mesmo querendo tomar o lugar do trio mais trapalhão da história da humanidade: os patetas. Já não se contam nos dedos de uma mão as vezes em que um desdisse o outro, em que um tentou suplantar os demais em um festival de pernas trocadas, uma trapalhada que dá medo, visto que Bolsonaro é um dos mais importantes postulantes ao cargo de presidente do Brasil. Ora, se os três batem cabeça assim, em meio à campanha, imagine-se o que farão no Planalto.

Jabuticabas

A última trapalhada de Bolsonaro e Mourão (leia a nota acima) rolou nesta semana, quando o general de pijama e dublê de político mandou a seguinte para uma plateia de empresários e associações de empregadores: ''Temos algumas jabuticabas que a gente sabe que é uma mochila nas costas de todo empresário. Jabuticabas brasileiras: 13º salário. Se a gente arrecada 12, como é que nós pagamos 13 [salários]?''. E prometeu: se eleitos, ele e o capitão, haverá uma nova Reforma Trabalhista.

Bolsonaro, que de bobo tem só o corte de cabelo, pulou na cama do hospital.


Diante da repercussão negativa, Mourão, como já ocorreu outras vezes, desdesse o que disse. Afirmou ter sido mal interpretado, embora a fala tenha sido gravada (assista).

Depois afirmou à Folha de SP que se referia a problemas de gerenciamento que levam empresários e até governos a atrasarem ou não pagarem os benefícios. A campanha deseja que o general fique bem quieto até a votação de 7 de outubro.

Pau nesta cambada

E se a população, indignada com a perda de direitos trabalhistas como o 13° salário (leia acima), se rebelasse e fosse às ruas com greves gerais, paralisando o país? Mourão também deu a solução para isso no dia 7 de setembro. Admitiu que, na hipótese de um presidente da República considerar que o país entrou em situação de anarquia (o que é bastante subjetivo), o mandatário pode dar um ''autogolpe'' de Estado com o apoio das Forças Armadas. Daí, tá tudo resolvido para a honra e glória de uma parte do empresariado nacional e internacional. Vai vendo.

Deu ruim

Em reportagem de capa da edição que circula a partir desta sexta-feira (28), a revista Veja revela detalhes desconhecidos do processo de separação entre o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) e sua ex-mulher, Ana Cristina Siqueira Valle. Em ação protocolada na 1a Vara de Família do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, ela acusou o candidato que hoje lidera as pesquisas presidenciais de possuir à época um patrimônio pessoal bem superior ao declarado à Justiça eleitoral, de auferir rendimentos mais elevados do que os informados à Receita Federal e de ter furtado um cofre numa agência do Banco do Brasil.

Segundo a matéria, assinada pelos jornalistas Hugo Marques, Nonato Viegas e Thiago Bronzatto, Ana Cristina responsabilizou Bolsonaro pelo furto de tudo o que ela mantinha em um cofre na agência do BB da rua Senador Dantas, no centro da cidade do Rio de Janeiro. O conteúdo, conforme o relato da ex-mulher, envolvia joias avaliadas em R$ 600 mil, além de US$ 30 mil e R$ 200 mil em espécie. A revista estima que isso corresponderia atualmente a cerca de R$ 1,6 milhão.

No processo, com mais de 500 páginas, ela também afirmou que Jair Bolsonaro tinha “comportamento explosivo” e demonstrava “desmedida agressividade” e que deixou de declarar à Justiça eleitoral em 2006 três casas, um apartamento, uma sala comercial e cinco lotes. “Os bens do casal, em valores de hoje, somariam cerca de R$ 7,8 milhões”, diz a reportagem. Ui..

Factóide!

Um dos coordenadores da campanha de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República, o deputado Major Olímpio (PSL-SP) acusou a revista Veja de produzir factoide (notícia forjada) para tentar “destruir” a candidatura do ex-capitão do Exército. Segundo Olímpio, a revelação feita pela revista de que a ex-mulher de Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle, o acusou no processo de separação de ocultar patrimônio e de furtar um cofre que pertencia a ela não vai tirar votos do presidenciável. A reportagem é embasada na reprodução de documentos em poder da Justiça (leia acima). O presidenciável se manifestou na mesma linha.

Clinton avisa

O ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton (1993-2001) advertiu os brasileiros do risco de tomar decisões orientados pela raiva e pelo ódio, às vésperas de uma das eleições presidenciais mais polarizadas da história. "Não tente tomar uma decisão quando você está nervoso, você nunca toma decisões acertadas", disse Clinton a uma plateia de investidores em palestra no evento Expert2018 da XP Investimentos ao lado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).  "Em um país como este, quando há raiva, ressentimento, não há boas decisões. Também penso isso a respeito dos Estados Unidos, mas acredito que vamos voltar a fazer as coisas todos juntos (pessoas de partidos diferentes)", disse Clinton, cuja mulher, Hillary, foi derrotada pelo republicano Donald Trump nas eleições de 2016. 

Era falso… mas parecia real

O áudio atribuído ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) que circula em redes sociais desde o último dia 18 é falso, segundo peritos ouvidos pelo projeto Comprova, coalizão de 24 organizações de mídia brasileiras, que visa identificar, checar e combater rumores, manipulações e notícias falsas sobre as eleições de 2018.  Na gravação, o homem que se passa por Bolsonaro xinga o general Hamilton Mourão, vice do candidato à Presidência, e uma enfermeira do hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde o capitão reformado do exército está internado para se recuperar de um atentado a facada ocorrido no dia 6 de setembro durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG).  O homem também diz que não aguenta mais ficar no hospital e que o "teatrinho acabou". A fala alimentou teorias falsas de que o atentado sofrido por Bolsonaro seria forjado. O Instituto Brasileiro de Perícia comparou o áudio viral com a voz de Bolsonaro na entrevista que ele concedeu ao jornalista Luiz Datena no dia 22 de abril de 2018. A conclusão é de que não é o candidato do PSL que fala na gravação.

Cadelas

Passeata em apoio ao candidato à presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) reuniu centenas de pessoas no último dia 23, na zona sul de Recife, capital de Pernambuco. No ato, apoiadores do presidenciável usavam roupas da seleção brasileira, carregavam bandeiras do Brasil e cantavam músicas com críticas à esquerda e a adversários. Cantavam também a misoginia: “Dou para CUT pão com mortadela e para as feministas, ração na tigela. As minas de direita são as top mais belas enquanto as de esquerda têm mais pelos que as cadelas”, dizia trecho da música tocada no trio elétrico.

Enquanto isso a Família tradicional brasileira assistia de camarote.


Ciro brabo

Ciro Gomes encarnou o coroné novamente. “Olha o que é a cultura de ódio. Um bobinho, que não tem culpa de nada, acabou de criar uma confusão trazendo uma camisa do adversário aqui dentro. Por quê? Porque por ele, fanático como é, que nem o doido que enfiou a faca nele, acha que política deve resolvida assim. Tenham paciência com ele. Tenham paciência com ele. Ele não é culpado de nada. Ele é só vítima desse nazista filho da puta que nós vamos derrotar.”

Baleiro

O cantor e compositor maranhense, Zeca Baleiro, entrou no ritmo do movimento contra a candidatura do presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro. Na sua página do Facebook, Baleiro mandou seu recado para as eleições 2018.

Fascistas do Rio Grande

O clima de violência propagado pela extrema direita avança. Em Santa Maria (RS), uma mulher foi expulsa de um estabelecimento comercial por usar uma camisa com a estampa de Che Guevara. Que tla?


Manu ameaçada

Após relatar ameaça, a candidata a vice na chapa do PT, Manuela D'Ávila (PCdoB), entrou com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo que a Polícia Federal passe a fazer sua segurança. Manuela teme atos de represália em razão de notícias falsas divulgadas em redes sociais que a acusam de ter ligação com o esfaqueador do candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro.

Ribalta

Tentando aproveitar os últimos momentos da comoção causada pelo atentado de que foi vítima, o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, falou a rádio Jovem Pan. Para ele, o crime foi um atentado político.

Culpa de todos

 

Ameaça de morte

Ex-mulher do candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, Ana Cristina Valle afirmou ao Itamaraty em 2011 que foi ameaçada de morte por ele, o que a levou a deixar o Brasil. O relato consta de um telegrama reservado arquivado no órgão, ao qual o jornal Folha de SP teve acesso. Na época Bolsonaro e Ana Cristina travavam uma disputa judicial no Rio de Janeiro sobre a guarda do filho do casal, então com cerca de 12 anos.

Cristina, que hoje está “de bem” com o ex, e é candidata a deputada federal pelo Podemos em Resende (RJ), reagiu. Disse que a afirmação feita pela Folha era uma mentira, mas não esclareceu se deu as declarações ao vice-consulado do Brasil na Noruega, conforme está escrito no telegrama de 2011.

Apesar da negativa de Cristina e dos documentos, cinco brasileiros que vivem na Noruega e conviveram com ela confirmaram o relato que consta em documento oficial do Itamaraty, redigido em 2011. Dos cinco, quatro disseram que só o fariam sob anonimato, com medo de represália. Uma decidiu se identificar.  Simone Afonso, ainda reside na Noruega e conta que conheceu Ana Cristina em 2009, quando ela deixou o Brasil. 

“Ela tentou asilo político aqui, o que foi negado pelo departamento de imigração local. Dizia que estava sendo ameaçada pelo ex-marido, o Jair Bolsonaro, que ele havia tirado a guarda do filho dela”, contou. “Todo mundo aqui em Oslo sabe que o discurso dela era: estou aqui por medo do meu ex-marido”, continuou. “E se você quiser, a gente pode fazer uma lista de pessoas daqui que sabem dessa história.”

O vídeo em que Ana Cristina Valle nega a ameaça de morte relatada ao Itamaraty está sendo compartilhado entre os brasileiros que conviveram com ela na Noruega. De acordo com os relatos, ninguém entende o apoio repentino ao ex-marido, de quem ela dizia que tinha medo.  Muitos deles foram até as redes sociais dela para questioná-la. Dizem que quem conviveu com ela sabe do que chamam de história verdadeira. “Por que, de repente, ela está apoiando a candidatura?”, pergunta Simone Afonso. “Ninguém que é ameaçado de morte quer depois carregar o sobrenome dessa pessoa.”

É neste sábado

Após repercutir em redes sociais, a campanha #EleNão, movimento de mulheres contra Jair Bolsonaro (PSL), está sendo organizada em atos públicos pelo país neste sábado (29).

Mercury

Após a cantora Daniela Mercury dar início a um novo movimento contra a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República, desafiando a colega Anitta a se manifestar a favor da hashtag #EleNão, o movimento ganhou força entre as artistas , inclusive entre as globais.  Nathália Dill, Sophie Charlotte, Leticia Sabatella e Letícia Colin foram algumas da primeiras atrizes da Rede Globo que aderiram ao movimento. Elas postaram vídeos em suas redes sociais do Instagram, justificando o porquê de não votarem no ex-militar, convidando a todos a participarem dos atos contra Bolsonaro, marcados para o este sábado, 29, em várias cidades do País, e desafiando outras colegas do mundo artístico a gravarem um vídeo em apoio a hashtag #EleNão.

Limites

Um dos filhos do candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL), o vereador Carlos Bolsonaro publicou em suas redes sociais uma foto em referência ao movimento #Elenão, criado por mulheres contrárias ao presidenciável, com uma simulação de tortura. A foto foi publicada nos stories do vereador no Instagram na noite do dia 25. Stories são mensagens com duração de 24 horas que podem ser deletadas.  A “brincadeira” mostra um homem amarrado, com o rosto ensanguentado e a cabeça dentro de um saco plástico, e no peito está escrito #EleNão. A imagem tem ainda uma frase “sobre pais que choram no chuveiro”, em uma referência de pais que sentem vergonha de seus filhos por serem homossexuais. Na sequência, a foto publicada é uma de seu pai com a hashtag #EleSim. Originalmente, a publicação da “tortura” é do perfil no Instagram @direitapvh, que traz postagens críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e homenagem ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.


Mais ódio

Outro recente caso de intolerância e violência promovido por bolsonaristas se deu em Santa Maria (RS), quando uma mulher foi expulsa de um estabelecimento comercial por estar vestida com uma camisa estampada com o rosto e o nome do revolucionário argentino Enesto Che Guevara.

Mais ódio ainda

Também de cunho moral e ético foi a agressão sofrida por pacientes do Hospital Vittá, em Goiânia (GO), que foram alertados por uma funcionária – vestida com a camiseta de Bolsonaro – que o ginecologista Cláudio Coelho de Vasconcelos se nega a atender quem não vote no candidato. Segundo ela (assista ao vídeo abaixo) quem não vota no candidato nem deve entrar na sala, pois o médico estaria “muito estressado” e já teria expulsado pacientes por esse motivo.

Gases

A advogada e candidata a deputada estadual em São Paulo, Janaina Paschoal, publicou uma sequência de tuites nesta sexta-feira (28) em que pede ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) para que tome as "rédeas da campanha" e que não deixe de participar dos debates por problemas com gases.

 

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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