Brasil
Publicado em 16/08/2018 12:00 -
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Embora tenham encolhido em 2017, as classes A e B receberam 464 mil pessoas que se declaram pretas e pardas. O movimento vai na direção oposta do que ocorreu no Brasil no ano passado, quando 800 mil pessoas deixaram as classes mais altas. Apenas a base da pirâmide, a classe E, ganhou 1,5 milhão de pessoas —alta de quase 9%.
A trajetória de pretos e pardos surpreende duplamente: não só porque se deu em um ambiente de crise e redução de cargos de remuneração mais alta, mas também porque é o único recorte positivo entre todas as classes de renda, de 2016 para 2017.
O avanço de pretos e pardos foi de 5,4% na classe A e de 1,2% na B, aponta levantamento feito por Cosmo Donato, economista da LCA Consultores.
No geral, a classe A retraiu 2,7% e a classe B, 0,7%.
"Se a gente não estivesse em crise, é possível que essa inserção tivesse sido até mesmo maior", diz Donato.
Os números inéditos são baseados na Pnad Contínua anual, pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A comparação com período anterior não é possível porque a pesquisa mudou.
São consideradas famílias da classe A aquelas com renda média mensal total acima de R$ 14.200 e as de classe B, entre R$ 4.000 e o valor mais alto. Já famílias de classe E têm renda mensal total de até R$ 714.
Os dados são atualizados pela inflação e, para efeito da pesquisa, quatro pessoas compõem uma família.
Para especialistas, o número cada vez maior de pessoas que se reconhecem como pretas ou pardas explica boa parte do crescimento dessa população nas classes mais altas. Isso, porém, não é tudo.
Embora se avalie que ainda é cedo para dizer que a dinâmica positiva resulta das políticas oficiais de cotas, há o diagnóstico de que, aos poucos, as empresas buscam democratizar seus ambientes com ações afirmativas —algo que as políticas de cotas devem reforçar mais à frente.
Números
55% – é o percentual de pretos e pardos na população
6% – é a participação de negros nos cargos de gerência
65% – dos salários de brancos com faculdade é quanto os negros em igual condição recebem em SP
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