19/03/2024 - Edição 540

True Colors

Mulheres lésbicas são mais satisfeitas no sexo do que as heterossexuais

Publicado em 15/08/2018 12:00 - Galileu

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Você sabia que o clitóris tem 8 mil terminações nervosas, o dobro encontrado na glande do pênis? É esse o órgão responsável por provocar orgasmos de, em média, 20 segundos (contra os oito segundos dos homens). Mesmo com essas vantagens biológicas, as experiências sexuais femininas não estão sendo tão satisfatórias quanto poderiam. É o que mostra uma pesquisa realizada pela agência governamental Public Health England (Inglaterra), que entrevistou mais de 7 mil mulheres.

De acordo com o estudo, metade das entrevistadas entre 25 e 34 anos não estão satisfeitas com a sua vida sexual. Já entre aquelas com 55 e 64 anos de idade, apenas 29% afirmam o mesmo, sugerindo que, para as mulheres, talvez o sexo melhore com o tempo.

Outros estudos revelam diferentes faces dessa questão. Em 2014, o Instituto Kinsey, também do Reino Unido, especializado em pesquisas sobre sexo, gênero e reprodução, publicou uma pesquisa que analisava as taxas de orgasmos de homens e mulheres hétero e homossexuais.

Entre as mulheres heterossexuais, foi observado que elas sentem prazer em apenas 63% das relações, enquanto mulheres lésbicas têm orgasmos em 75% das vezes. Essa discrepância, no entanto, não foi observada entre os homens: héteros dizem ter orgasmos em 86% das ocasiões, e gays, 85%.

Outro estudo do Instituto Kinsey, publicado no início deste ano, entrevistou quase 53 mil pessoas nos Estados Unidos e obteve dados semelhantes. Segundo a pesquisa, 86% das mulheres lésbicas dizem ter orgasmos regularmente em suas relações sexuais, enquanto apenas 66% e 65% das mulheres bissexauis e heterossexuais, respectivamente, afirmam o mesmo. Entre homens heterossexuais, 95% dizem ter orgasmo em todas as relações.

“Desfrutar uma vida sexual satisfatória é importante para a saúde mental e bem-estar emocional da mulher”, afirma a consultora de saúde pública Sue Mann ao jornal The Guardian. Mas afinal, por que há essa discrepância entre o prazer de mulheres lésbicas e heterossexauis?

Para a terapeuta sexual Matty Silver, a questão “é simples”. “Mulheres lésbicas sabem onde o clitóris está e sabem o que fazem com ele para ter um orgasmo. Elas não precisam mostrar o que fazer para a sua parceira, o que quer dizer que a sua satisfação sexual é maior”, explica Silver, que diz que raramente lésbicas a procuram para ajuda-las em questões sexuais, mas sim para problemas de relacionamentos enfrentados por qualquer casal.

“Há muitos homens que acreditam que eles podem dar orgasmos às suas parceiras apenas com a penetração”, ela diz. “Isso só acontece com 20% de todas as mulheres. Frequentemente elas precisam de estimulação do clítoris ou sexo oral, para que isso ocorra. Essa é uma das razões para que mulheres heterossexauis finjam orgasmo.”

Segundo especialistas, as melhores formas de melhorar a experiência sexual são o autoconhecimento e a prática. “Absolutamente a melhor forma de melhorar a nossa vida sexual é melhorando a nossa prática da masturbação”, defende Carlin Ross, criadora de um centro de educação sexual feminista.

“Quando nós sabemos como nos dar um orgasmo, nós sabemos comunicar nossas necessidades para os nossos parceiros. Parece contra-intuitivo, mas ao melhorar a relação consigo mesma é possível melhorar a nossa relação com os outros — e a nossa satisfação sexual.”

De acordo com um estudo de 2008, 92% das mulheres se masturbam, sendo que dois terços delas o fazem pelo menos três vezes por semana. Este número é um grande salto comparado com pesquisas anteriores: em 1979, 74% disseram se masturbar e, em 1953, apenas 62% admitiram isso.

Segundo o Instituto Kinsey, saber o que pedir durante a relação, melhorar relacionamentos, descobrir novas posições e sexo oral são algumas formas de tornar a experiência mais prazerosa para as mulheres.

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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