20/04/2024 - Edição 540

Brasil

Operação desmonta esquema de tráfico internacional de transexuais

Publicado em 09/08/2018 12:00 -

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O Ministério Público Federal, a Polícia Federal e o Ministério Público do Trabalho deflagraram na quinta-feira (9) uma operação contra envolvidos num esquema de tráfico internacional de pessoas para exploração sexual. Foram cumpridos cinco mandados de prisão preventiva e oito de busca e apreensão nos municípios de São Paulo, Franca (SP), Leopoldina (MG), Aparecida de Goiânia, Goiânia, Jataí (GO) e Rio Verde (GO). Segundo as investigações da Operação Fada Madrinha, o grupo traficou pelo menos 11 vítimas para a Itália em 2017.

De acordo com o Ministério Público, os alvos das prisões utilizam as redes sociais para aliciar transexuais com a promessa de participação em concursos de beleza na Europa. Proprietários de repúblicas e pensionatos, alguns investigados oferecem procedimentos cirúrgicos para que as vítimas assumam corpos femininos antes de viajarem.

Conforme os investigadores, para se hospedarem nos locais e financiarem a transição corporal, as transexuais contraem dívidas e se tornam prisioneiras dos criminosos, sendo reduzidas a condição análoga à de escravo. O endividamento é agravado pelo superfaturamento das intervenções estéticas e pelos altos valores cobrados para a remessa das vítimas ao exterior.

“Para conseguirem se manter na república, e com a sempre esperança de alcançarem o sonho da identidade de gênero e verem seus corpos transformados, elas se prostituem nas ruas da região, não sendo a elas permitido voltarem à casa sem o faturamento mínimo do dia”, ressalta o MPF em nota. Além da exploração sexual, as vítimas são submetidas a condições degradantes e têm a liberdade restringida, não apenas em virtude das dívidas contraídas, mas também por ameaças e violência física.

Os alvos da operação também são acusados de utilizar silicone industrial com finalidade estética. Os próprios investigados aplicam o produto nas transexuais para modelagem de bocas, quadris e mamas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Saúde proíbem o emprego corporal da substância, utilizada para lubrificar máquinas e motores. Aplicada no corpo, a substância pode causar necrose, embolia, deformidades e até a morte. Nos casos apurados, há relatos de vazamentos do silicone e deformação corporal. As investigações indicam ainda o uso de próteses mamárias reutilizadas, vencidas ou de baixíssima qualidade nas vítimas do esquema.


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