29/03/2024 - Edição 540

Brasil

Estrangeiros buscando refúgio no Brasil mais que dobraram em um ano

Publicado em 22/06/2018 12:00 -

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Em um ano, mais que dobrou o número de estrangeiros que têm ou buscam refúgio ou proteção no Brasil, segundo relatório divulgado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) no último dia 19

Somando-se os refugiados reconhecidos no Brasil, que são 10.264, mais os que entraram com pedido de refúgio e aguardam decisão (85.746) e os estrangeiros que receberam outro tipo de proteção (no caso do Brasil, permissão temporária de residência), o número chegou a 148.645 em 2017, uma alta de 118% em relação ao ano anterior.

O aumento é um reflexo do êxodo maciço de cidadãos da Venezuela por causa da crise econômica e humanitária que tomou conta do país nos últimos anos e levou 1,5 milhão de pessoas a deixarem-no.

No mundo, o número de pessoas forçadas a deixar suas casas por causa de conflitos, perseguição ou violência bateu mais um recorde em 2017, chegando a 68,5 milhões, segundo o relatório “Tendências Globais 2017”, do Acnur.

O aumento —de 2,9 milhões de pessoas em relação ao ano anterior— foi o maior registrado na história e deve-se principalmente à limpeza étnica da minoria rohingya em Mianmar, que levou 655,5 mil a se refugiarem em Bangladesh, e a conflitos no Sudão do Sul e na República Democrática do Congo, que resultaram em centenas de milhares de refugiados e deslocados internos (dentro do próprio país).

“Isso acontece por causa de conflitos que perduram, pressão sobre civis vivendo em países em guerra e crises novas ou que se agravaram como os rohingya [de Mianmar], venezuelanos e a República Democrática do Congo”, disse o alto comissário da ONU para refugiados, Filippo Grandi.

O maior contingente de deslocados continua a ser de sírios: 12,6 milhões no fim de 2017, sendo 6,3 milhões de refugiados, 146,7 mil aguardando processo de refúgio e 6,2 milhões de deslocados internos.

Afeganistão (2,6 milhões), Sudão do Sul (2,4 milhões), Mianmar (1,2 milhão) e Somália (986.400) vêm a seguir.

O Acnur passou a contabilizar crianças e menores desacompanhados e relata que  45.500 entraram com pedido de refúgio em 2017, embora o órgão afirme que o número está muito provavelmente subestimado.

Apesar das constantes reclamações de países ricos sobre o custo de acolher imigrantes, são países em desenvolvimento que recebem 85% dos refugiados.

A Turquia, por exemplo, é lar para 3,5 milhões deles, a grande maioria formada por sírios que fogem da guerra iniciada em 2011, que já matou mais de 500 mil.

Entre os países ricos, só a Alemanha está entre os dez países que mais receberam refugiados.

“Países pobres ou de renda média recebem 85% desses 68 milhões, um fato muito significativo para derrubar essa ideia de que a crise dos refugiados é do mundo rico. Não é, é uma crise do mundo pobre”, disse Grandi.


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