19/04/2024 - Edição 540

Ágora Digital

Todos os homens – balas e ovos – dos presidentes

Publicado em 30/03/2018 12:00 - Victor Barone

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A Polícia Federal prendeu o empresário e advogado José Yunes, 80, amigo e ex-assessor do presidente Michel Temer (MDB-SP) na operação Skala. Foram presos ainda o coronel João Batista Lima Filho, o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi (MDB), aliados de Temer, e o empresário Antônio Celso Grecco, dono da Rodrimar, empresa que atua no Porto de Santos. As detenções foram autorizadas pelo ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do inquérito que investiga Temer por suposto recebimento de propina em troca de benefícios a empresas do setor portuário via decreto. Barroso apontou indícios de corrupção, lavagem e organização criminosa.

Sob cerco

O Palácio do Planalto avalia que a operação da Polícia Federal que prendeu amigos e assessores de longa data do presidente (Leia a nota acima), representa a escalada do cerco político que asfixia o governo e uma ampliação das investigações contra Michel Temer (MDB-SP). As prisões de integrantes de um núcleo tão próximo a Temer —somadas à quebra de sigilo bancário do presidente no início de março— podem contribuir para a montagem de um “enredo mais substancioso” que sirva de base para a apresentação de uma eventual terceira denúncia contra ele.

Rindo por último

Em curta publicação no Twitter, o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, comentou a prisão do ex-assessor do presidente Michel Temer José Yunes Leia nota acima). "Começou? Acho que sim", disse Janot, ao compartilhar uma reportagem que informa a prisão do amigo de Temer pela Polícia Federal no início do dia.

Porta de cadeia

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (MDB-MS), saiu em defesa de Michel Temer (MDB-SP), depois que alguns dos amigos mais próximos do presidente foram presos (Leia as notas acima). “Quero saber os motivos da prisão. Tenho certeza de que, se isso não for tratado com sensacionalismo, não enfraquece o governo porque o presidente Temer não tem nada a ver com isso. O decreto dos portos não beneficia a Rodrimar”, disse o ministro. Para Marun, o presidente se tornou alvo de “canhões da conspiração” e de um “complô” depois que se colocou como pré-candidato à reeleição.

Vergonha

Os paranaenses deveriam estar envergonhados. Os tiros disparados contra a caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) atingem diretamente a democracia. A caravana de Lula estava no interior do Paraná quando, na noite do último dia 28, dois dos três ônibus foram atingidos por disparos de armas de fogo. Um dos veículos atingidos era ocupado por jornalistas brasileiros e do exterior. Neste, dois tiros perfuraram a lataria, na lateral do ônibus, e um terceiro atingiu de raspão um dos vidros. O ônibus também teve dois pneus furados por ganchos de metal que foram deixados na estrada. O outro veículo atingido levava convidados. Apesar do susto, ninguém se machucou, a não ser a já fragilizada democracia brasileira.

Isso não é politica, diz Lula

Extremistas e fascistas

Primeiro a informar sobre o atentado no plenário da Câmara Federal, o deputado Miro Teixeira (Rede-RJ) ponderou que a situação pode piorar. “Ninguém vai ficar parado — e não estou dizendo que sou eu que vou fazer isso — sem reagir. Assim, o nosso País vai piorar, a democracia vai ficar em risco. Parem, com isso! Permitam o debate livre das ideias! Não é possível que o nosso país termine resolvendo as coisas à bala, no meio da rua, quando temos um paciente pacífico de debates”, pediu.

Tropeçou na língua

Mostrando a que veio, o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou que o ataque a tiros que atingiu dois ônibus da caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) no Paraná, foi um efeito colateral produzido pelos próprios petistas. "Acho que eles estão colhendo o que plantaram", disse o tucano na terça-feira (27). Um dia depois, modulou o discurso e publicou nas redes sociais que "toda forma de violência tem que ser condenada".


Uma pena

Em reação cadavérica, o presidente Michel Temer (MDB-SP) disse ser "uma pena" que ônibus da caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) pelo sul do país tenham sido atingidos por tiros.

A fala de cada qual

Pré-candidatos à Presidência da República nas eleições de outubro deste ano se manifestaram sobre o ataque sofrido pela caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) no Paraná.

Ciro Gomes (PDT-CE), ex-governador do Ceará


Geraldo Alckmin(PSDB-SP), governador de São Paulo


Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP)


Manuela D'Ávila (PC do B-RS)


Marina Silva (Rede-AC), ex-senadora e ex-ministra


Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara


Guilherme Boulos (PSOL-RJ)


Henrique Meirelles (PSD-SP)‏, ministro da Fazenda


Michel Temer (MDB-SP), presidente da República


Jair Bolsonaro (PSL-RJ)

Para rir da crise

Resumo da ópera

“A esse ponto chegou a polarização nacional: Lula e Bolsonaro tornaram-se cabos eleitorais um do outro. E o eleitor brasileiro aproxima-se do dia da eleição enxergando um enorme passado pela frente. A preferência de metade do eleitorado oscila entre um condenado por corrupção e um defensor da “bancada da metralhadora” no Congresso”, resumiu com maestria o jornalista Josias de Souza em seu blog.

Dilma ácida

A ex-presidente Dilma Roussef (PT-RS) detonou a senadora Ana Amélia (PP-RS) em conversa com os repórteres estrangeiros. No último dia 24, Amélia parabenizara os gaúchos que reagiram contra a presença de Lula: “Quero cumprimentar Bagé, Santa Maria, Palmeira das Missões, Passo Fundo, São Borja e Santana do Livramento, que botou a correr aquele povo que foi lá, levando um condenado para se queixar da democracia”, dissera a senadora. “Atirar ovo, levantar o relho, levantar o rebenque para mostrar onde está o Rio Grande, para mostrar onde estão os gaúchos.” Para Dilma, os agressores de Lula comportam-se como se integrassem “milícias”. E Ana Amélia os representa. “É inimaginável que isso ocorra no Brasil”, ralhou. De fato, a retórica da senadora é tóxica.

Ovos e guarda-chuvas

Antes dos tiros disparados contra sua caravana, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) precisou da proteção de guarda-chuvas para não ser atingido por ovos que eram jogados de um prédio localizado próximo à praça onde ele discursava na noite do último dia 25, em São Miguel do Oeste (SC).

Paz e amor

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) encerrou sua caravana pelo Sul com uma resposta aos ataques que sofreu nos últimos dias. "Ninguém pode dizer que o Lula é agressivo", afirmou. "Vocês nunca viram um ato de violência nossa contra qualquer candidato", disse na última quarta-feira (28), em Curitiba.

Tempos bicudos no STF

Relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Edson Fachin revelou ter recebido ameaças que incluem a sua família e, por isso, pediu providências à presidente da corte, Cármen Lúcia. A ministra informou que mesmo antes da revelação ações protetivas foram postas em curso para resguardar a segurança do colega e seus parentes. Em entrevista ao jornalista Roberto D’Avila (GloboNews), Fachin não deu detalhes sobre a origem ou a forma dos ataques, nem os relacionou a fatos determinados. “Nos dias atuais uma das preocupações que tenho não é só com julgamentos, mas também com segurança de membros de minha família. Tenho tratado desse tema e de ameaças que têm sido dirigidas a membros da minha família”, declarou o ministro.

Não nos intimidamos

“A Justiça não se intimida”, disse a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF),  ministra Cármen Lúcia, sobre  as ameaças ao ministro Edson Fachin (leia a nota acima). “A Justiça não se intimida, primeiro porque ela tem um papel constitucional a cumprir do qual ela não pode se subtrair. A prestação da Justiça significa exatamente atender a quem tem direito. O que o juiz ameaçado precisa é de garantia para ter tranquilidade e cumprir as suas funções”, disse a presidente do Supremo.

Mui amigos

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu uma liminar (decisão provisória) em que permite ao ex-senador Demóstenes Torres concorrer ao Senado nas eleições deste ano. Demóstenes foi cassado em outubro de 2012 pelo plenário do Senado, sob a acusação de ter se colocado a serviço da organização criminosa supostamente comandada pelo empresário Carlos Cachoeira, conforme apontavam as investigações da Polícia Federal na Operação Monte Carlo.

Mui amigos 2

Por unanimidade, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o senador Romero Jucá (MDB-RR) e o empresário Jorge Gerdau pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. De acordo com a denúncia, apresentada no ano passado ao STF, Jucá recebeu R$ 1,3 milhões do grupo Gerdau em doações oficiais de campanha, entre 2010 e 2014, em troca do suposto favorecimento da empresa no texto da Medida Provisória (MP) 627/2013 sobre tributação de empresas brasileiras no exterior. No julgamento, com base no voto do ministro Edson Fachin, relator do caso, a Turma entendeu que não há provas na denúncia de que as doações foram feitas exclusivamente como propina ao partido e ao parlamentar.

Mui amigos 3

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) obteve uma vitória na Justiça em uma investigação à qual responde sobre suspeita de evasão de divisas para pagamento de pensão à jornalista Miriam Dutra. Sob entendimento de que os possíveis crimes investigados já estão prescritos, a 12ª Vara da Justiça Federal em Brasília determinou a destruição de dados financeiros do ex-presidente, que haviam sido obtidos por meio da quebra dos sigilos bancário e fiscal da pessoa física do ex-presidente e de instituições vinculadas a ele: o Instituto Fernando Henrique Cardoso e FHC Consultoria & Lectures. O entendimento da Justiça encerra a investigação contra FH, porque, mesmo se houvesse provas de crimes cometidos por ele naquele período, a prescrição impediria qualquer punição.

Agora a Cultura deslancha…

Bolsonarista de primeira hora, o ator Alexandre Frota foi correspondido em seu entusiasmo com a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL-RJ). Pelo Twitter, ele celebrou o “recado do capitão”, que expressou seu desejo de ver Frota ministro da Cultura. “Se você quer me ver presidente um dia eu quero te ver ministro da Cultura, já imaginou, cara?”, diz Bolsonaro.


Bom de Enem

O deputado e pré-candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL-RJ) disse que se sairia melhor do que dois ex-presidentes juntos, os ex-presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva (SP) e Dilma Roussef (RS), na prova do Enem.  “Me coloque na mesma sala que Lula e Dilma e apliquem uma prova do Enem. Se a minha nota for menor do que as dos dois juntos eu não tenho capacidade”, disparou.

Enfia na bunda

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), chamou de molecagem pergunta feita por um jornalista do jornal Folha de SP sobre os custos com passagem aérea de viagem sua a Lisboa. O jornal questionou o ministro se voltaria para o julgamento do habeas corpus de Lula em 4 de abril e se o voo para Portugal tinha sido pago pelo STF.  A presença dele tornou-se incerta em razão de um seminário que será organizado em Lisboa pelo instituto do qual ele é sócio, o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). “Devolva essa pergunta a seu editor, manda ele enfiar isso na bunda. Isso é molecagem, esse tipo de pergunta é desrespeito, é desrespeito”, disse o ministro por telefone, de Lisboa, ao repórter. O ministro negou que o STF tenha pago pelos bilhetes e não informou quem os custeou. 

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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