28/03/2024 - Edição 540

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124 milhões sofrem de fome aguda devido a guerras e desastres

Publicado em 22/03/2018 12:00 -

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Devido a guerras e desastres naturais, o mundo registrou um aumento expressivo de casos de "fome aguda": hoje, existem 124 milhões de pessoas, em 51 países, precisando de ajuda urgente para se manterem vivas. É o que revela um relatório divulgado nesta quinta-feira pelas Nações Unidas e pela União Europeia.

O aumento é de 14,8%, se comparado a 2016, quando o mundo tinha 108 milhões de pessoas como fome aguda espalhadas por 48 países — de acordo com o último relatório mundial sobre crises alimentares.

O estudo alerta que a situação tende a ser agravada sobretudo pelos conflitos na Birmânia, na Nigéria, no Iêmen e no Sudão do Sul, além da seca que aflige boa parte do continente africano.

O relatório global, preparado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), pela União Europeia e por outras organizações internacionais especializadas, define "a insegurança alimentar aguda como uma fome de tal gravidade que representa uma ameaça imediata à vida das pessoas".

O documento considera que as crises alimentares são cada vez mais determinadas por causas complexas, como conflitos, eventos climáticos extremos e altos preços dos alimentos básicos, fatores que muitas vezes acontecem ao mesmo tempo.

A ONU pede aos países e organizações que ajam "simultaneamente para salvar vidas, meios de subsistência e, ao mesmo tempo, abordar as causas profundas das crises alimentares".

Conflitos afetam 74 milhões

Para especialistas das Nações Unidas, os conflitos ainda são a principal causa da fome em 18 países, 15 deles localizados na África ou no Oriente Médio, afetando 74 milhões de pessoas.

Os desastres climáticos, particularmente a seca, causaram crises alimentares em 23 países, dois terços deles na África, segundo o relatório.

"São crises complexas que têm consequências devastadoras e duradouras", enfatiza, em nota, a FAO, agência especializada da ONU para o combate à fome.

O relatório, com mais de 200 páginas, estima que cerca de três milhões de latino-americanos sofrem de insegurança alimentar, a maioria deles residindo em países como Haiti, Honduras, Nicarágua, El Salvador e algumas regiões da Venezuela.

As crianças e as mulheres são as mais afetadas pela falta de alimentos e é necessário "encontrar soluções permanentes para reverter a tendência", reconhece a FAO, cuja sede é em Roma.

Segurança alimentar para salvar vidas

Com o objetivo de alcançar maior coordenação na luta contra a fome e os conflitos, as agências das Nações Unidas e a União Europeia consideram que, além da ajuda humanitária urgente, "iniciativas de desenvolvimento" devem ser estabelecidas com antecedência.

Para este fim, a Rede Global Contra Crises Alimentares foi criada em 2016 com o apoio da União Europeia, da FAO e do Programa Alimentar Mundial (PMA).

“Em face dos desastres naturais e aqueles causados pelo homem, devemos fornecer uma resposta global mais robusta e estratégica às crises alimentares”, reconhece Christos Stylianides, comissário europeu para Ajuda Humanitária e Gestão de Crise.

Diretor-geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva destacou que investimento em segurança alimentar "salva vidas" e contribui para a "manutenção da paz":

“Temos de reconhecer e abordar a ligação entre a fome e os conflitos se quisermos alcançar fome zero. Investir na segurança alimentar e em meios de subsistência em conflito salva vidas, fortalece a resiliência e também pode contribuir para a manutenção da paz”.


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