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Publicado em 09/03/2018 12:00 -
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Em um movimento inesperado, o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, disse estar disposto a conversar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com quem tem trocado ao longo dos últimos 13 meses ameaças que elevaram o temor global de um conflito nuclear.
O americano, por sua vez, aceitou o encontro, informou a Casa Branca. A expectativa é que a reunião ocorra até o fim de maio. O local ainda não está definido.
A notícia foi dada pelo diretor de segurança nacional da Coreia do Sul, Chung Eui-young, que esteve com Kim nesta semana, em Pyongyang.
"Kim expressou ávido interesse de encontrar o presidente Trump assim que possível", declarou Chung, em entrevista na Casa Branca, em Washington, para onde viajou poucas horas depois de voltar da Coreia do Norte.
O objetivo da reunião, segundo a delegação de Seul, é debater a erradicação permanente dos programas nucleares na península Coreana.
"Encontro em planejamento!", afirmou Trump na noite desta quinta (8). "Grande progresso, mas as sanções [contra o regime de Kim] continuarão ativas até que um acordo seja obtido."
O aceno ocorre depois de um ano de elevada tensão, em que Kim realizou uma série de testes com mísseis balísticos e bombas atômicas e afirmou ter um botão nuclear ao alcance das mãos —ao que Trump, que costumava chamá-lo de "o homem do foguete", respondeu ter um botão "maior e mais poderoso".
Desde o início de 2018, porém, o ditador norte-coreano retomou o diálogo.
O país enviou uma delegação de atletas e diplomatas para a Olimpíada de inverno na Coreia do Sul, em fevereiro e, na semana passada, Kim recebeu uma comitiva sul-coreana em Pyongyang para debater a suspensão do programa nuclear.
Segundo Chung, Kim deixou claro que não irá retomar as provocações caso se encontre com Trump.
O ditador norte-coreano também teria se comprometido a interromper os testes nucleares e lançamentos de mísseis no período das negociações, já a partir deste mês.
Pressão Máxima
Segundo Chung, a política de "pressão máxima" de Trump contra a Coreia do Norte, aliada à solidariedade internacional, levou ao atual desfecho. Os EUA têm mantido diversas sanções contra o país, além de ter acirrado o discurso em desaprovação à ditadura de Kim e às violações aos direitos humanos.
Chung afirmou ser importante, porém, que "não se repitam erros do passado" e que a "Coreia do Norte leve suas palavras à ação".
Apesar da distensão, o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, afirmou nesta semana que "ainda é cedo para ser otimista", e que os três países ainda estão "na linha de largada" das negociações.
O premiê japonês, Shinzo Abe, avaliou como bem-vinda a mudança de postura de Pyongyang, mas ponderou que ainda não é hora de afrouxar a pressão sobre o regime norte-coreano. Ele acrescentou que pretende ir aos EUA em abril para discutir o assunto com Donald Trump.
EUA e Coreia do Norte negociam há 25 anos fim de programa atômico
Se acontecer, a reunião entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, abrirá a terceira rodada de negociações entre os dois países para acabar com o programa nuclear de Pyongyang.
A Coreia do Norte começou a enriquecer urânio em 1963, mas foi na década de 1980 que começaram as primeiras atividades para fins militares. Em 1985 o país chegou a aderir ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, do qual sairia oito anos depois.
Leia abaixo os detalhes do programa nuclear norte-coreano.
1993
Coreia do Norte deixa o Tratado de Não Proliferação Nuclear
1994
EUA, governados por Bill Clinton, fecham pacto com Pyongyang para limitar programa atômico militar, em troca de petróleo e apoio para usinas nucleares
2002
Acordo é rompido após sanções americanas devido a mísseis e acusação de George W. Bush de um programa nuclear oculto dos norte-coreanos
2003
Regime de Kim Jong-il afirma em abril ter a bomba atômica; na sequência, retoma negociações com EUA, China, Coreia do Sul, Rússia e Japão, que fracassam anos depois
2006
Coreia do Norte testa 1ª bomba atômica em outubro; três meses antes lança primeiro míssil intercontinental; ONU aplica sanções
2007
Em acordo, Pyongyang promete fechar usina para enriquecer urânio, o que não cumpriu
2009
Norte-coreanos fazem segundo teste nuclear em maio e, um mês antes, lançamento fracassado de foguete
2012
No primeiro ano de Kim Jong-un, país põe satélite em órbita pela primeira vez, usando tecnologia de mísseis; ONU expande sanções
2013
Depois do terceiro teste nuclear, em fevereiro, Coreia do Norte entra em crise de três meses com o Sul
2016
Em janeiro e setembro faz testes atômicos e aperfeiçoa mísseis de longo alcance pelo ano
2017
Lança primeiros mísseis intercontinentais, que afirmam ser capazes de atingir os EUA; Donald Trump reforça retórica contra Kim e pressão por sanções
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