25/04/2024 - Edição 540

Comportamento

Novas gerações não têm mais destreza para segurar um lápis

Publicado em 01/03/2018 12:00 -

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Se você não vive em uma caverna isolada de toda a humanidade, é bem provável que sua escrita se dê, na maior parte do tempo, em um meio digital. Passamos horas digitando em teclados de computador ou em superfícies como celulares e tablets, mas não é por isso que desaprendemos a utilizar um lápis – talvez nossa caligrafia fique até um pouco menos caprichada por falta de prática, mas ela ainda cumpre sua função.

Contudo, o mesmo não acontece com as crianças da nova geração. Por já nascerem em um mundo digital, meninos e meninas estão tendo dificuldades em aprender a segurar um lápis. Esse é o veredicto de pediatras e terapeutas da Fundação Heart of England, do Serviço Nacional de Saúde da Inglaterra.

“As crianças que estão indo à escola não têm mais a mesma força e destreza nas mãos como víamos há 10 anos atrás”, informou um dos pediatras de terapia ocupacional da Fundação Heart of England.

De acordo com ele, isso acontece porque a habilidade manual fundamental para segurar o lápis ou caneta não foi devidamente praticada, já que essas crianças passam um tempo excessivo em dispositivos digitais e não potencializam suficientemente os músculos dos dedos.

“Para ser capaz de segurar um lápis e movê-lo, é necessário um grande controle dos músculos dos dedos. As crianças precisam de muitas oportunidades para desenvolver essas ferramentas”, explicou o pediatra.

Em síntese, o ideal é que o dedão, o indicador e o dedo do meio trabalhem junto, permitindo que a mão realize movimentos coordenados.

“É mais fácil dar um iPad a uma criança do que encorajá-la a treinar os músculos brincando de empilhar blocos, de cortar e esticar ou de puxar brinquedos e cordas. Por isso, eles não estão desenvolvendo as habilidades necessárias para segurar um lápis.”

A situação já aflinge diversas crianças do Reino Unido, que estão realizando acompanhamento terapêutico para aprender o jeito certo.

Segunda outra profissional da Fundação Heart of England, ainda que existam as tradicionais aulas de caligrafia, as escolas têm metodologias diversas entre si – e algumas delas até utilizam tablets nesse processo.

“É inegável que a tecnologia mudou o mundo em que nossas crianças estão se desenvolvendo. E apesar de haver aspectos positivos desse novo uso, há também os impactos de uma vida mais sedentária e mais baseada em interações virtuais, com mais crianças passando tempo conectadas dentro de casa e menos tempo ocupando espaços ao ar livre ativamente”, sintetizou uma porta-voz do Royal College de Terapeutas Ocupacionais, em Londres.


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