Mato Grosso do Sul
Publicado em 06/11/2017 12:00 -
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O juiz federal aposentado Odilon de Oliveira, 68, é a aposta do PDT para 2018 em Mato Grosso do Sul. Com o discurso de combate à criminalidade e à corrupção, ele pretende abocanhar votos entre uma fatia do eleitorado para a qual “bandido bom é bandido morto” e que quer ver discursos de centro-esquerda bem ao longe.
Em vídeos institucionais do partido, o ex-magistrado enfatiza o trabalho de mais de 30 anos combatendo a corrupção e o crime organizado. “Agora a convite do PDT vou enfrentar outro desafio. Filio-me ao partido e vou continuar a luta pela moralização, a ética e o desenvolvimento de nosso Estado. Vem comigo”, convida.
A escolha do PDT pode não ter sido estrategicamente adequada. O partido, fundado por Leonel Brizola em 1979, tem se mantido a esquerda do espectro político e se coaduna com discursos mais ligados aos direitos humanos do que as estratégias de viés mais truculento no que se refere ao enfrentamento à criminalidade, por exemplo.
Nas redes sociais, aquela fatia do eleitorado que Odilon imagina atingir com o discurso de moralidade ética e enfrentamento ao crime tem se manifestado, em parte, de forma bastante cautelosa à parceria entre o ex-juiz e o PDT. Postagens de reportagens sobre o tema no Facebook tem revelado reações fortes. “Não indo pro PDT, PC do B e PT, provavelmente terá meu voto”, diz o douradense Julio Bertini. “Sai do PDT que ainda dá tempo”, sugere Rubens Brites, de Campo Grande. Alex Chalita, também de Campo Grande, dá um conselho a Odilon: “Larga mão do PDT… se largar tem meu voto”. “Pois é, lamentavelmente errou em tudo”, diz Julio Eduardo Cheda. O engenheiro José Passarelli vai pela mesma linha: “Pelo passado que tem, tomou uma atitude no mínimo incoerente”.
Ruy Sant'Anna Sant'Anna, também da capital, achou estranha a filiação ao PDT: “Estranhíssima a estreia com a paparicada presença do presidente do PDT, o Lupi, que foi tirado do governo Dilma pela janela”. “Perdeu meu voto e da minha família pela escolha do partido. PDT, falsos moralistas”, dispara a bióloga Priscila de Freitas. Já o autônomo Rui Martins acha que “o melhor partido pro Odilon seria o Patriota com Bolsonaro”, e encontra apoio de Fabrizio Trindade Coene, membro do Movimento Brasil Livre (MBL) em Campo Grande: “Disse tudo. Patriota. Se aliar com um povo com o passado cheio de bandidagem é jogar sua biografia na lama”.
Da mesma forma que encontra restrições em parte do eleitorado de direita por ter optado pelo PDT, um partido de centro-esquerda por tradição, Odilon de Oliveira também terá dificuldades de atrair o voto da esquerda, já que incorpora, em Mato Grosso do Sul, a imagem do “estado policialesco” que tem sido alvo de duras críticas por parte de entidades ligadas aos direitos humanos.
A pré-candidatura de Odilon ao governo do Estado será lançada no próximo dia 11, durante ato em Campo Grande, que reunirá o presidente nacional do PDT, Carlos Luppi, e o ex-ministro Ciro Gomes.
O presidente do partido no Estado, deputado Dagoberto Nogueira, afirma que vai buscar alianças para compor a chapa para o ano que vem. O partido também vai lançar candidato ao Senado. "Não serei eu, não quero. Até porque acho que tem de abrir espaço para outros (partidos) que vamos fazer aliança".
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