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Artigo da Semana

Machismo, licença paternidade e as relações de trabalho

Publicado em 30/04/2014 12:00 -

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Faz um tempo atrás, mais especificamente no dia Internacional da mulher fui chamado de machista, por dizer que uma determinada mãe era privilegiada por ser servidora pública e ter tido respeitado seus 180 dias de licença maternidade, que é o ideal. Não digo “privilégio” no sentido político, lembro deste “sentido político” porque se enraizou na mente das pessoas que todo privilégio, vantagem é algo errado, irregular ou imoral, até quando às vezes é apenas um direito conquistado e que deve ser respeitado. Quando falo privilégio, é em relação as demais mulheres trabalhadoras do mercado privado que não tem os mesmo direitos.

Quando a pessoa diz esse é um “direito conquistado por mulheres guerreiras a custa de muita luta e sofrimento”, ela não está errada, mas esquece que há homens também lutaram e ainda lutam por igualdade dos direitos as mulheres, diferente de muitas mulheres que só lembram que existe LUTA no dia Internacional da mulher.

Esquece que a luta pelo direito das mulheres e dos homens também é econômica e social. Que a luta pela igualdade deve ser tomada pela sociedade e não de um gênero contra outro.

E muitos direitos foram conquistas com APOIO de homens, direitos trabalhistas como a licença maternidade na consolidação das leis trabalhistas de 1943 e garantidas na nova Constituição de 1988.

Então assim, as mulheres devem apoiar a licença paternidade passe de cinco dias consecutivos para três meses para seus maridos, namorados ou companheiros. Não estamos discutindo um tempo para ele descansar, férias ou vagabundagem, esse discurso reacionário, e sim um tempo maior para que os pais fiquem com seus filhos recém-nascidos, para que possam ajudar sua companheira.

As mulheres devem apoiar a licença paternidade passe de cinco dias consecutivos para três meses para seus maridos, namorados ou companheiros.

Felizmente tive 18 dias de licença paternidade, quando Arthur nasceu, porém fiquei mais dois meses com uma licença não remunerada para poder ficar mais tempo com ele, implicando em perdas financeiras é claro. Mas, avaliando, nós homens – pais e trabalhadores – também contribuímos com nossos impostos ao INSS, que banca parcialmente ou totalmente a licença maternidade das mulheres, que também poderia contribuir para nossas licenças.

Há vários projetos na Câmara e no Senado, que tratam da licença paternidade e licença parental (tempo de licença divido entre pais e mães de acordo com suas necessidades).

Pesquisando sobre o assunto conheci esse “Instituto Papai”, que discute o tema e tema campanha “Dá licença, eu sou pai”. Algumas empresas como a Caixa Econômica concedem licença paternidade de 180 dias para pais solteiros (pais adotivos) e pais homoafetivos, homens casados não podem ter esse direito.

Em alguns países do mundo, os pais, mãe e pai podem ficar até um ano licenciados para cuidar dos seus filhos. E nem por isso eles são vagabundos (japoneses fogem da licença paternidade). Veja como funciona em outros países.

Esse debate não é o de ser chamado de machista, ou ser questionado sobre “o que é mais importante para você? Seu trabalho ou sua família”, ou outra coisa qualquer, pois trabalho e família são inteiramente relacionados.

Em alguns países do mundo, os pais, mãe e pai podem ficar até um ano licenciados para cuidar dos seus filhos. E nem por isso eles são vagabundos.

O que temos que entender são as relações de trabalho atuais. Cada vez trabalhamos mais, no escritório, em casa, não conseguimos nos desligar das nossas tarefas funcionais, somos sempre acionados por meio do celular, email, whtasapp, justamente para poder atender as demandas da vida, da família com responsabilidade.

Temos que discutir e exigir a redução da jornada trabalho proposta pelos trabalhadores, e centrais sindicais, sindicatos e associações de trabalho de 44h semanais para 40h. Temos sim que ter mais tempo para nossas famílias, para nossos estudos, nosso lazer, para o nosso ócio criativo. Mas só conseguiremos com luta e consciência, que NÓS somos trabalhadores. Somente com essa consciência que fazemos parte desta classe trabalhadora, que buscaremos a efetivação dos nossos direitos, que eles sejam respeitados.

Como jornalista, que nós tenhamos uma remuneração adequada, com um piso nacional adequado, que o foca não seja explorado como eu fui (um ex-patrão fez que os funcionários assinassem que tinham recebido a hora extra, quando ele não tinha pago), que o patrão/jornalista machista, bandido não contrate o/a jornalista por interesses terceiros a sua força de trabalho, por sua bunda, peitos ou outras coisas. Que as cinco horas sejam respeitadas para que nós tenhamos mais tempo com nossas famílias e para nossa própria vida e que não tenhamos que fazer horas extras OBRIGATÓRIAS.

Portanto, MOÇA não sou machista, não sou vagabundo ou "manso" e quando me perguntarem, o que é o mais importante para mim, se a família ou o trabalho, vou responder que é a família, e que sou um trabalhador, que tenho essa consciência coletiva e entendo que é tempo de lutar, junto pela igualdade de homens e mulheres para ambos tenham tempo para viver em igualdades de direitos e responsabilidade, seja no trabalho ou na família.

Ítalo Milhomem – Jornalista


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