29/03/2024 - Edição 540

True Colors

Menino pode gostar de menino?

Publicado em 29/06/2017 12:00 - Gabriela Portilho

Clique aqui e contribua para um jornalismo livre e financiado pelos seus próprios leitores.

A resposta aqui deve ser incisiva: é claro que pode. E menina também pode gostar de menina. Embora alguns adultos tenham dificuldade em lidar com a questão da homossexualidade por razões sociológicas, morais ou religiosas, aos olhos de uma criança não faz diferença se um homem ou uma mulher estão beijando pessoas do mesmo sexo ou do sexo oposto. Tudo vai depender de como os pais tratam o assunto dentro das suas casas e da forma como a criança é exposta ao tema em outros ambientes, como a escola, a família ou os programas de televisão. “A criança não tem um preconceito formado, ela desenvolve esse olhar de acordo com o contexto social em que vive”, diz Lena Vilela, educadora sexual e diretora do Instituto Kaplan.

A homossexualidade não é uma condição única do ser humano. Hábitos homossexuais já foram observados em mais de mil espécies. A ciência ainda não sabe explicar por que isso acontece – provavelmente por uma conjunção de fatores sociais, biológicos e psicológicos. Mas uma coisa é certa: ninguém escolhe a sua orientação sexual.

Por isso, diante dessa questão, é fundamental que os pais enfatizem o respeito à diversidade, lembrando que todos nós somos diferentes e que queremos e devemos ser respeitados. A questão também é uma boa oportunidade para conversar sobre a importância do carinho, do amor e da liberdade de escolha dentro dos relacionamentos, sejam eles hétero ou homossexuais.

Essa abertura é fundamental para que os seus filhos aceitem as escolhas dos amigos e se sintam livres para fazer as suas. Mas só a família não basta: todo o contexto social exerce influência na forma de a criança se ver e aos outros. Por isso, sempre que possível, estimule esse debate na escola, discutindo a importância de a instituição propiciar um ambiente em que todos se sintam acolhidos e no qual situações de homofobia não sejam toleradas.

É tudo verdade
Dados que você precisa conhecer para combater o preconceito.

– No Brasil, uma pessoa LGBT é morta a cada 25 horas por crimes motivados pelo ódio. É o maior registro de crimes homofóbicos no mundo. (1)

– 343 pessoas LGBT foram mortas no Brasil em 2016, o maior número desde 1970. O Estado que mais mata é São Paulo, com 49 casos registrados. (1)

– 7 em cada 10 homossexuais brasileiros já sofreram algum tipo de violência, física ou psicológica. (2)

–  mais de 40% dos homens homossexuais brasileiros já foram agredidos fisicamente na escola. (3)

– Quase 40% dos alunos não gostariam de ter homossexuais como colegas e +de 35% dos pais não gostariam de tê-los como amigos dos filhos. (3)

Iguais, mas diferentes

Homossexualidade
É a atração física ou afetiva por pessoas do mesmo sexo ou gênero.

Heterossexualidade
É a atração física ou afetiva entre pessoas de sexo ou gênero opostos.

Bissexualidade
É atração física ou afetiva por mais de um sexo ou gênero.

Cisgênero
Pessoa que tem sua identidade de gênero compatível com o gênero que lhe foi atribuído ao nascer. Por exemplo, uma mulher que nasceu com vagina e se identifica como mulher.

Transgênero
Uma pessoa trans é aquela que se identifica com o gênero diferente do registrado no seu nascimento de acordo com sua genitália.
Assim, um homem trans é aquele que nasceu com uma vagina, mas se identifica com o gênero masculino; enquanto uma mulher trans é aquela que nasceu com um pênis, mas se identifica com o gênero feminino.

Leia outros artigos da coluna: True Colors

Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


Voltar


Comente sobre essa publicação...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *