25/04/2024 - Edição 540

Mato Grosso do Sul

Governo do Estado garante à Santa Casa 8 mil refeições hospitalares com alimentos da agricultura familiar

Publicado em 15/04/2017 12:00 -

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Os alimentos da agricultura familiar sul-mato-grossense farão parte da rotina dos pacientes e funcionários da Santa Casa. A ação garantirá a qualidade das 5 mil refeições diárias oferecidas nos leitos ao mesmo tempo em que abrirá um novo nicho de mercado aos pequenos produtores da Capital e região. Essa é a primeira fase do projeto que, futuramente, ampliará o fornecimento de produtos para o preparo de oito mil refeições diárias, três mil a mais após a conclusão das obras da Unidade do Trauma. Também é esperada a montagem de uma usina de energia solar, capacidade de produção de cinco megawatts, e implantação de uma horta na chácara do hospital, situada no município de Terenos.

A iniciativa junto ao maior hospital do Estado foi pactuada, na quarta-feira (12), junto ao governo do Estado. O termo de formalização foi assinado pelo diretor-presidente da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), Enelvo Felini, o secretário de Estado do Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, e o presidente da Santa Casa, Esacheu Cipriano Nascimento.

Com 90% dos atendimentos médicos sendo oriundos do Sistema Único de Saúde (SUS) e dois ousados projetos de ampliação de serviços (implantação da Área do Trauma e operação de quatro novos tipos de transplantes), a Santa Casa busca se firmar como uma unidade médica autossustentável. “Alcançamos, também, todas aquelas pessoas que provém da área rural e não somente de Campo Grande, mas de todo o Mato Grosso do Sul. Só no ano passado realizamos 1.486.000 procedimentos. Em termos de alimentação, consumimos 11 mil quilos de frutas, verduras e legumes ao mês. Aqui são servidas cinco mil refeições diárias e vamos ampliar para mais três mil refeições, após a conclusão das obras da Unidade do Trauma”, afirmou Esacheu.

Atualmente, a cada 24h são contabilizadas uma média de 3.700 pessoas em trânsito pelos corredores da Santa Casa. “Aqui trabalham cerca de 750 médicos e outros 3.900 funcionários. Essa parceria será uma evolução, na medida em que, não somente nós poderemos comprar para preparar os alimentos aqui. Mas, também, essa massa de pessoas que estão aqui poderão estabelecer de alguma forma a compra direta com uma feirinha que será montada”, disse o presidente do hospital.

Fomento

Além de dedicar a atenção da recuperação de pacientes e a geração de renda dos agricultores familiares, tanto a feira como o fornecimento de alimentos nas refeições hospitalares servirá como um antídoto para solucionar um antigo problema do cenário produtivo: o alto índice de importação de produtos do hortifrúti. “Nós temos 80% dos produtos consumidos no Mato Grosso do Sul que são oriundos de outros estados. Então, nós olhamos que não temos estrutura adequada de comercialização e o nosso papel, na verdade, é um papel de articulação. Sempre a grande discussão é ‘Eu vou produzir e vender para quem?’ Então, acredito que esse ato, aqui, na maior instituição de saúde do Estado que passa a ser consumidora da agricultura familiar é de suma relevância. E o Governo do Estado está com outras ações semelhantes, como a Ceasa de Dourados que será construída para permitir novos mercados aos agricultores daquela região”, pontuou Jaime Verruck que, na ocasião, representou o governador Reinaldo Azambuja.

“Então, a gente passou a ter uma atenção especial do Governo do Estado. Queira ou não queira a gente é responsável por cerca de 70% de tudo que vai para mesa dos brasileiros. Isso não sou eu que estou falando, mas são estudos do IBGE”, afirmou o produtor Izidoro Tomaz da Silva que contou também: “Pela Cooplaf a gente está vendendo em feiras e mercados de Campo Grande. Tem um contrato para assinar com o Comper nos próximos dias. Trabalho parecido com esse que foi feito com a Santa Casa”.

A Feira da Integração terá um cronograma de datas e será montada nas dependências da Santa Casa. Os expositores fazem parte de quatro associações que são consideradas parceiras do projeto, neste primeiro estágio das atividades, são elas: Cooperativa dos Produtores Orgânicos da Agricultura Familiar de Campo Grande (Organocoop), Cooperativa de Leite da Agricultura Familiar (Cooplaf), Chácara Buriti Quilombolas e Furnas dos Dionísio.

Para Tauany Ramires, que trabalha na Santa Casa, o projeto deverá facilitar a incansável rotina de médicos e familiares que lutam pela reabilitação dos enfermos. “Às vezes, o acompanhante passa mais tempo no hospital do que em casa. A feirinha vai economizar a ida ao mercado. Para os funcionários daqui também será bom”, afirmou.

E a meta do Governo do Estado não se restringe à feira e as refeições hospitalares. Segundo o diretor-presidente da Agraer, o governador Reinaldo Azambuja tem investido na agricultura familiar. “Através de emendas parlamentares e o apoio do nosso governador, vamos entregar em torno de duas mil máquinas para o homem e a mulher do campo até o final do ano. São grades e tratores repassados para o bom trabalho e manejo da terra. Tudo para que produtor possa ganhar dinheiro”.

Novas parcerias

No que ainda diz respeito ao setor clínico, a diretoria da Agraer está com um estudo junto ao presidente da instituição hospitalar para aproveitar os 32 hectares da chácara da Santa Casa. Há anos o espaço abrigou hortas para suprir parte do consumo do hospital, contudo, hoje, se encontra subutilizado. “A Santa Casa tem esse projeto de energia renovável. Como a entidade possui essa chácara de 32 hectares, houve esse interesse de procurar a Agraer para que por meio da nossa assistência técnica se tenha um cultivo de hortaliças na propriedade”, explicou Felini.

E o projeto segue para as tramitações necessárias. “A Santa Casa atende também os pacientes provenientes da agricultura familiar e nós já estamos com esse projeto bem adiantado lá em Brasília. Ele será um protótipo para que todos os agricultores familiares e cooperativos possam acompanhar a implantação dessa usina e, posteriormente, replicar em usinas menores para que possam servir de geração de energia em cada assentamento. Nossa meta é reservar oito hectares para produzir 5 megawatts de energia solar”, disse Esacheu.

Tantos projetos em conjunto entre as duas entidades deverão contribuir com áreas até então impensáveis, como é o caso dos transplantes. Como a Santa Casa aumentará a demanda de cirurgias, o número de pessoas atendidas também se elevará. “Estamos trabalhando com o transplante de rins e o de córneas. Acredito que até o mês de julho deverá ser homologado o transplante de coração, fígado, pulmão e medula. Fora aquilo que nós prestamos serviços na área médica hospitalar será ampliado a partir do segundo semestre, se Deus quiser, porque nós teremos todas essas especialidades à disposição de nossa comunidade”, finalizou o presidente do Hospital.

Participaram da mesa de honra o secretário de Estado, Jaime Verruck, o diretor-presidente da Agraer, Enelvo Felini, o presidente da Santa Casa, Esacheu Nascimento, o delegado do Sead/MS, Dorival Betini, o secretário da Secretária Municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo, de Ciência e Tecnologia e Agronegócio (Sedesc), Luís Fernando Buainain, o deputado estadual João Grandão e o vereador Wilson Sami.


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