24/04/2024 - Edição 540

True Colors

App de relacionamento gay cria gaymojis para usuários

Publicado em 06/04/2017 12:00 - Redação Semana On

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Ninguém precisa conhecer os trabalhos de Charles Sanders Peirce ou Roland Barthes para entender a importância da semiótica hoje. Até alguém bêbado é capaz de perceber o significado das más intenções de quem posta um diabo roxo em uma conversa de WhatsApp.

Não raro usamos emojis para expressar felicidade, desagrado ou mesmo preguiça de escrever. Mas os criadores do aplicativo de relacionamento gay Grindr deram um passo além, e resolveram disponibilizar os gaymojis, 500 novos ícones que representam expressões e símbolos comuns entre a comunidade LGBT — a nuvem, por exemplo, lembra o hino It's Raining Man.

Segundo o criador do app, Joel Simkhai, a ideia surgiu porque os símbolos usados hoje são bastante limitados e não evoluíram com seus usuários. “Se eu quero dizer alguma coisa relacionada a sair para dançar, eu preciso usar a mulher de vestido vermelho. Por que não existe uma cara dançando? Isso sempre foi estranho para mim”, explicou Simkhai ao jornal New York Times.

“O que está por trás dos emojis, ou gaymojis, é que eles tiram a pressão de ter que dizer alguma coisa em uma conversa online”, explicou a linguista Gretchen McCulloch, em uma conferência do festival SXSW, um dos maiores na área da tecnologia.

“É tipo: ‘Segue aqui uma imagem legal para eu não ter que criar uma frase espirituosa’. A pessoa não está tentando comunicar nada em particular mas quer deixar claro que deseja continuar a conversa. É como dizer: ‘Hey, ainda estou aqui!’”, disse McCulloch.

Doug Myers, professor do Departamento de Mulher, Gênero e Sexualidade da Universidade de Virgínia, alerta para o problema de se ter uma linguagem que não foi criada organicamente por uma minoria. “Ter gírias comuns pode beneficiar um grupo, mas também pode excluir pessoas, criando formas particulares e normativas de pensar sobre sexo”, disse ele ao NYT.

Seja com gaymojis ou não, de qualquer forma, quem for hétero cisgênero e quiser saber o que é “aquendar a neca” ou “beber leite no pires” vai precisar conversar com os amigos LGBTs — ou assistir a vídeos como este dos canais Põe na Roda e Canal das Bee.

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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