19/04/2024 - Edição 540

Campo Grande

Nem médicos nem remédios

Publicado em 24/03/2017 12:00 -

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Desde o início do ano a administração do prefeito Marquinhos Trad (PSD) não consegue resolver o problema da falta de medicamentos nas unidades básicas de saúde e na Farmácia Central da Secretaria Municipal de Saúde Pública de Campo Grande (SESAU). Agora o problema é a falta de médicos, principalmente, da especialização de pediatria.

A promessa de campanha de que saúde seria prioridade na sua administração não se concretizou. Cansados de esperar a boa vontade da Prefeitura, o Ministério Público do Estado (MPE) já entrou com pedido de Cumprimento Provisório de Sentença contra a Prefeitura de Campo Grande para compra de medicamentos básicos para a rede municipal de saúde.

No entanto, agora o problema é outro: falta de médicos pediatras nas unidades básicas de saúde. O prefeito já foi à mídia dizer que os atrasos e as faltas dos médicos nas unidades de saúde são os problemas que mais dificultam o atendimento à população.

Marquinhos disse que a maioria dos profissionais chega atrasada, muitos faltam e depois assinam o registro de ponto, alguns não atendem os pacientes no horário de trabalho e que a categoria não aceita ser fiscalizada. No entanto, ele foi desmentido pelo presidente do Sindicato dos Médicos, Flávio Barbosa, que afirma que a falta de estrutura sistema de saúde desmotiva os médicos a entrarem no serviço público.

“Começa pelos consultórios, maioria dos consultórios os mobiliários são antigos, faltam materiais para atendimento, macas rasgadas, sem lenço, ar-condicionado não funcionando, como você pode fazer um atendimento humanizado se nem mesmo paciente tem na sala de consulta?”, disse Barbosa.

De acordo com o Sindicato dos Médicos (Sinmed), a baixa remuneração é um dos motivos por não haver mais pediatras trabalhando de manhã e à tarde nas unidades de da capital de Mato Grosso do Sul. A maior parte desses profissionais atende à noite.

Até dezembro de 2016, os pediatras recebiam cerca de R$ 600 pelo plantão de 6 horas. Mas desde janeiro, a bonificação foi cortada e a categoria está recebendo R$ 200 a menos.

TCE

Um relatório da Comissão de Auditores do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul (TCE-MS) conclui que há ineficiência e ineficácia da gestão nas Unidades Básicas de Saúde de Campo Grande, que poderiam evitar muitos encaminhamentos para os hospitais. O documento foi entregue ao conselheiro Jerson Domingos, responsável pela relatoria dos municípios da região centro-norte do Estado, que engloba a Capital.

Outra situação encontrada é a falta de comunicação entre os agentes envolvidos. De acordo com a assessoria de imprensa do tribunal, isso gera insatisfação da população com o atendimento dos hospitais, com a administração pública estadual e municipal e com as administrações hospitalares.

 Entre os dias 15 e 17 de março, a Comissão de Auditores do TCE-MS realizou levantamento de dados na Associação Beneficente de Campo Grande (Santa Casa); no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul; no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (HU); no Hospital da Mulher, no bairro das Moreninhas; na Secretaria Municipal de Saúde Pública (Sesau), e na Central de Regulação- Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

O relatório traz um diagnóstico dos principais problemas encontrados e apresenta sugestões de encaminhamentos. Jerson Domingos recebeu o documento e fez uma análise prévia das informações levantadas. Não foram divulgados detalhes do levantamento.

“Diante da gravidade da situação vou levar o relatóro ao conhecimento dos demais conselheiros do Tribunal de Contas para decidir quais as ações que serão tomadas. Posso adiantar que vai ser necessário reunir todos os agentes envolvidos, no sentido de discutirmos conjuntamente as responsabilidades de cada um e buscar o comprometimento de todos pela eficiência na gestão da saúde pública”, disse o conselheiro.

A comissão de auditores que fez o levantamento foi nomeada pelo presidente do TCE-MS, conselheiro Waldir Neves, assim que tomou conhecimento de que os hospitais públicos de Campo Grande fecharam os centros emergenciais de atendimento médico-hospitalar, no início deste mês.


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