29/03/2024 - Edição 540

Palavra do Editor

Para eles, só privilégios

Publicado em 09/02/2017 12:00 -

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O debate sobre a reforma da Previdência é importante para o país. Sem uma Previdência equilibrada, como garantir que o país honre seus compromissos com as pessoas que trabalharam a vida toda? Em contrapartida, como obrigar o brasileiro –este herói que sobrevive em um país que parece prestigiar a corrupção em detrimento da honradez– a trabalhar por 49 anos antes de pleitear o merecido descanso? Como obrigar o trabalhador a sacrificar-se ainda mais? Estes questionamentos se tornam mais urgentes diante dos privilégios que regem o sistema previdenciário daqueles que têm ocupado os noticiários para reforçar a necessidade da reforma: os políticos.

A maior parte dos trabalhadores brasileiros contribui para o regime geral da Previdência Social. No serviço público –cujas regras são mais benéficas ao trabalhador– ainda existem condições diferenciadas de previdência.

Responsável pela condução da proposta da reforma da Previdência, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, se aposentou pela Câmara com 53 anos, depois do seu primeiro mandato de deputado federal.

Mas e os políticos, como ficam? Eles ganham 7,5 vezes mais que nós quando se aposentam. Mesmo estando vinculados hoje a termos mais duros que os do regime antigo, a aposentadoria média de deputados e senadores ainda é muito superior à da Previdência Social. Recebem em média R$ 14,1 mil, ao passo que o benefício médio do brasileiro é de R$ 1.862,00.

E tem mais: um deputado pode, por exemplo, se aposentar depois de completar apenas um mandato (4 anos), desde que aproveite (averbe) o tempo de exercício de outros mandatos estaduais e municipais –mediante o pagamento de contribuições retroativas– ou mesmo períodos de vínculo com o Regime Geral do INSS, nesse caso sem pagar nada. Podem também gozar da aposentadoria proporcional, na base de 1/35 avos para cada ano de contribuição, aos 60 anos de idade e 35 de contribuição.

Responsável pela condução da proposta da reforma da Previdência, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB-RS), se aposentou pela Câmara com 53 anos, depois do seu primeiro mandato de deputado federal pelo Rio Grande do Sul.  Ontem, ele afirmou que a reforma da Previdência será aprovada “no primeiro semestre, nas duas Casas”, e que o governo tem uma base de sustentação “de 88% do Congresso”. Quem parece sem sustentação alguma em Brasília são os brasileiros comuns.


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