26/04/2024 - Edição 540

Poder

Lula diz que será candidato em 2018

Publicado em 13/01/2017 12:00 -

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Lula voltou à estrada. Nesta semana, o ex-presidente reapareceu no alto do palanque em Salvador e Brasília. Discursou contra o governo Temer e repetiu que, "se for necessário", será candidato ao Planalto mais uma vez.

"Nós voltaremos a governar este país", prometeu, no comício da capital baiana. A frase parece ecoar o slogan "Ele voltará", lançado pelos seguidores de Getúlio Vargas antes da campanha eleitoral de 1950.

Os getulistas preparavam o retorno de um presidente que havia sido enxotado do poder ao fim do Estado Novo. Os lulistas sonham com a volta de um presidente que saiu por cima, mas perdeu prestígio com a Lava Jato e a crise que derrubou a sucessora.

Lula retomou um papel que sempre dominou: o de líder da oposição. Tem explorado a impopularidade de Temer para atacar os novos donos do poder. Não é uma tarefa difícil. O governo tropeça nas próprias pernas e continua a anunciar medidas amargas para os brasileiros mais pobres.

O ex-presidente lidera todas as simulações de primeiro turno, mas não sabe se poderá ser candidato. Réu em cinco ações penais, corre o risco de ser barrado pela Lei da Ficha Limpa caso venha a ser condenado em segunda instância até 2018.

Seus adversários não deveriam apostar todas as fichas nisso. Sem comparar os dois personagens, vale lembrar que o deputado Paulo Maluf chegou a ter os votos invalidados em 2014, mas recorreu ao TSE e foi autorizado a tomar posse mais uma vez.

Na dúvida, Lula veste o figurino de presidenciável para rodar o país e tentar sair da defensiva. Pode ser o suficiente para reanimar a militância, mas ele não sairá do lugar pregando apenas para convertidos.

Enquanto não provar que abandonou as práticas que o levaram para o buraco, o PT deve continuar sem perspectivas reais de poder. E é difícil acreditar em mudanças quando figuras como Delúbio Soares, condenado no mensalão, circulam à vontade nos comícios do ex-presidente.

Não oficial

Apesar de não ter sido lançado oficialmente como pré-candidato do PT à Presidência da República nas eleições de 2018, lideranças do partido e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que participam do 29º Encontro Estadual do MST na quarta-feira (11), em Salvador, afirmaram que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é "candidato permanente".

"Todo mundo quer ser presidente, o [juiz Sergio] Moro, o [ministro das Relações Exteriores, José] Serra, [o governador de São Paulo, Geraldo] Alckmin, o Grampinho [apelido pejorativo do prefeito de Salvador, ACM Neto]. Ótimo. Mas eles não podem é tomar o governo na marra, têm que disputar na urna", disse Lula.

Lula também acusou Moro, responsável pela Operação Lava Jato em primeira instância, de ter participação no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, que ele classificou de golpe.

"A bancada do PT tem a obrigação de investigar a participação do governo americano no golpe, em parceria com Moro. O Brasil é independente há 500 anos e não vamos aceitar interferências estrangeiras", disse. "Eles não estão apenas tentando me criminalizar, mas criminalizar meu governo", declarou.

Segundo a coluna da jornalista Mônica Bergamo no jornal "Folha de S. Paulo", o PT tem esperança de que o Supremo Tribunal Federal (STF) garanta a Lula o direito de disputar a eleição presidencial de 2018, ainda que ele vire ficha suja, caso seja condenado em segunda instância.

O ex-presidente afirmou ainda que vai percorrer o Brasil para recuperar a imagem do PT. "Eu não vou desonrar minha mãe, pois ela me ensinou a nunca pegar nada de ninguém. Eu ando de cabeça erguida", acrescentou.


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