20/04/2024 - Edição 540

Comportamento

Solidão pode ser veneno para a saúde de idosos

Publicado em 12/01/2017 12:00 -

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O círculo vai encolhendo. Os anos vão passando e os idosos vão a funerais demais. Amizades mantidas por décadas acabam à medida que companheiros e confidentes se aposentam, se mudam de cidade ou adoecem.

Mas até mesmo em idades avançadas, novos relacionamentos podem ser criados e fortalecidos.

"A necessidade que tivemos a vida toda -pessoas que nos conheçam, nos valorizem e nos tragam felicidade- nunca vai embora", afirma Barbara Moscowitz, assistente social geriátrica sênior do Hospital Geral de Massachusetts (EUA).

A forma como priorizamos as amizades pode mudar. Laura Carstensen, psicóloga da Universidade de Stanford, desenvolveu uma teoria chamada "seletividade socioemocional": à medida que as pessoas sentem que não têm muito mais tempo pela frente, desenvolvem relacionamentos superficiais para se concentrar naqueles que consideram mais significativos.

"Essas pessoas investem mais nas conexões que ainda restam", afirmou Gary Kennedy, diretor de psiquiatria geriátrica do Centro Médico Montefiore, em Nova York.

Inúmeras pesquisas recentes destacam a importância desses laços. O isolamento social e a solidão podem ter um impacto fortíssimo nos idosos, tanto psicológica, quanto fisicamente.

Podemos entender os riscos do isolamento e de uma vida solitária. "Por inúmeras razões, ninguém se preocupa com as necessidades diárias do indivíduo –alimento, medicação, consultas médicas. A geladeira está vazia, mas não há ninguém para quem telefonar. As pessoas se sentem desesperadas e humilhadas", diz Barbara.

Elas também sofrem uma maior taxa de mortalidade e risco de depressão, declínio cognitivo e problemas de saúde como doença arterial. A solidão traz outros perigos: estudos demonstram uma associação entre ela e pressão sanguínea elevada, entrada em asilos e comportamentos de risco como falta de atividade e fumo.

Pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Francisco, acompanharam 1.600 participantes (com média de idade de 71 anos) e revelaram que os mais solitários eram os que tinham maior dificuldade de executar atividades do dia a dia.

Mesmo quando o estudo levou em conta fatores socioeconômicos e de saúde, os solitários exibiam uma taxa de mortalidade mais elevada: quase 23% deles morreram em um intervalo de seis anos, comparados com 14% dos que não eram solitários.

Com fortes evidências da importância da amizade para salvar vidas e promover a saúde, assistentes sociais e pesquisadores afirmam que devemos prestar mais atenção em seu papel. Diretores de atividade, funcionários de centros de idosos e cuidadores: existem formas melhores de ajudar os idosos a manterem contato com amigos, ou conhecer novas pessoas? Todos estamos dispostos a levar parentes a consultas com o médico; levá-los para passar tempo com amigos é igualmente importante.


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