25/04/2024 - Edição 540

Brasil

E falavam de Dilma…

Publicado em 11/08/2016 12:00 -

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O Governo interino de Michel Temer tem sido pródigo em produzir frases de efeito negativo. A polêmica mais recente envolve o ministro da Saúde, Ricardo Barros, que disse nesta quinta-feira que homens trabalham mais que as mulheres e, por isso, têm menos tempo para procurar os serviços públicos de saúde. A frase, dita em um evento público, veio para se somar a uma série de gafes dadas nos últimos meses pelos ministros de Temer, que parecem carecer de um media training urgente. Veja abaixo as declarações mais recentes da equipe de Temer, que repercutiram mal.

“Homens trabalham mais, por isso não acham tempo para cuidar da saúde” – Ricardo Barros, ministro da Saúde

Nesta quinta-feira, durante o lançamento de uma pesquisa feita pela ouvidoria do Sistema Único de Saúde (SUS), o ministro da Saúde foi questionado sobre os possíveis motivos que levaram 31% dos homens entrevistados a dizerem que não tinham o hábito de ir às unidades de saúde para se prevenir de doenças. De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, ele respondeu: é "uma questão de hábito, de cultura, até porque os homens trabalham mais, são os provedores da maioria das famílias e não acham tempo para se dedicar à saúde preventiva". Segundo o jornal, a opinião contraria os dados da própria pesquisa, que aponta que o horário de funcionamento dos equipamentos de saúde foi a justificativa dada por apenas 2,8% dos homens ouvidos; a maioria disse que não costuma ir aos postos porque "nunca precisou".

“A maioria das pessoas chega ao posto de saúde com efeitos psicossomáticos” – Ricardo Barros, ministro da Saúde

Essa é apenas o último exemplo das polêmicas frases de Barros. Desde que assumiu, o ministro da Saúde colecionou uma série delas. Em sua primeira entrevista, em 17 de maio, disse ao jornal Folha de S.Paulo que o tamanho do SUS precisava ser revisto. Ele também já afirmou que “quanto mais gente tiver plano de saúde, melhor”, que não dá para “dar tudo a todos” e, mais recentemente, disse em um evento na Associação Médica Brasileira (AMB) que os pacientes imaginam as doenças, segundo o jornal O Estado de S. Paulo. “A maioria das pessoas chega ao posto de saúde ou ao atendimento primário com efeitos psicossomáticos. Por que 50% dos exames laboratoriais não são retirados pelos interessados? Por que 80% dão resultado normal? Porque foram pedidos sem necessidade”. Antes da Operação Lava Jato colocar os holofotes na corrupção, saúde era constantemente apontada como a pior área do país, em pesquisas Datafolha. Afirmações que podem insinuar qualquer falta de comprometimento com o SUS sempre vão gerar críticas intensas e colocar em dúvida as intenções de um Governo já visto como altamente conservador.

“Para os políticos homens no Brasil é um perigo porque descobri aqui que metade das senadoras é mulher” – José Serra, ministro das Relações Exteriores

Depois de montar um gabinete ministerial apenas com homens brancos, ser duramente criticado pela falta de diversidade de gênero e ter que buscar desesperadamente uma "representante do mundo feminino", Temer viu a acusação de machismo voltar a cercar seu Governo. Desta vez, por meio do ministro das Relações Exteriores, José Serra. Em tom de brincadeira, Serra disse a frase acima em uma reunião com a ministra das Relações Exteriores mexicana Claudia Ruiz Massieu. No México, 47 senadoras trabalham no Congresso, composto por 128 legisladores. No Brasil, são 13 senadoras, de um total de 81, o que coloca o país nos últimos lugares da fila da igualdade de gênero na política.

“Nem Finlândia, Suécia ou Dinamarca oferecem programa tão generoso” – Mendonça Filho, ministro da Educação

A nomeação de Mendonça Filho, um deputado desconhecido na área da educação, já foi, por si só, alvo de descontentamento. Não ajudou sua imagem, e por consequência a de Temer, o fato de ele ter se encontrado em seu gabinete, logo no início, com defensores do Movimento Escola Sem Partido, incluindo o polêmico ator Alexandre Frota. O grupo é contrário a discussões políticas e ideológicas nas escolas, que, na opinião deles, também deveriam ser vetadas de falar de questões de gênero. Mais recentemente, ao anunciar que o Governo estava suspendendo a concessão de novas bolsas do Programa Ciência Sem Fronteiras, Mendonça Filho afirmou ao jornal O Globo que o programa era “caríssimo” e, na maioria, feito em faculdades de terceira linha. E, para arrematar, fez a comparação acima com os países de primeiro mundo.

"As universidades vão ter que ser bastante criativas, por aceitar alunos de outro nível que não aqueles que almejam" – Antônio Carbonari Netto, membro do Conselho Nacional de Educação

Também na área de educação, outra frase criou mal estar entre os educadores. Antonio Carbonari Netto, nomeado pelo presidente interino para o Conselho Nacional de Educação, fez a afirmação acima em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, para explicar os motivos de defender que as universidades públicas federais, que terão que reservar 50% das suas vagas para alunos que entram por cotas, tenham um semestre ou bimestre inicial dedicado ao resgate de “conhecimentos básicos mal assimilados”.


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