19/04/2024 - Edição 540

True Colors

Orgulho de ser LGBT, apesar de tudo

Publicado em 17/06/2016 12:00 - Guilherme Cavalcante

Clique aqui e contribua para um jornalismo livre e financiado pelos seus próprios leitores.

Passada uma semana da morte de 49 pessoas num ataque homofóbico a uma boate gay de Orlando, nos Estados Unidos, está mais fácil processar as ideias. Nos primeiros dias, entretanto, a dor da impotência e, posteriormente, a raiva das coisas serem como são, impediram refletir sobre tanta violência direcionada contra quem sai de casa apenas para se divertir.

Hoje consigo pensar que após ataques brutais como esses, não só uma chacina como a do dia 13, mas as mortes diárias, os direitos vilipendiados, a dignidade aviltada, enfim, devem ser motivação para continuar na luta por nossa existência, por mais precária que seja. Cada dia será uma vitória.

Em Campo Grande, participei de uma pequena vigília, no domingo (14), no coreto da Praça Ary Coelho, na qual tive oportunidade de colocar para fora, entre os meus, aquilo que doía, que estava entalado na garganta. Reportei a falta de solidariedade, a necessidade de nos empoderar, de seguir na luta contra o medo e a iminência da discriminação, que diariamente acontece aqui e ali, mas que a gente finge não ver para nos preservar emocionalmente.

E fico com um sorriso (e os olhos marejados) quando vejo que nós, LGBT, já conseguimos falar por nós mesmos, recorrer às referências da nossa própria cultura para exclamar nosso grito por igualdade. Como a performance da drag queen campo-grandense Lolla Milan, no domingo, em forma de tributo aos que todos os dias morrem por usarem ser diferentes.

Como a 'batalha de Vogue' que aconteceu bem no meio do Old Compton St. London, no Soho, bairro mais gay de Londres. Como a pequena vigília com a bandeira do arco-íris em Campo Grande (e em São Paulo, e no Rio, e em NY, em frente ao StoneWall Inn – lugar mais icônico do movimento LGBT no mundo inteiro). Eu senti orgulho por isso. E é com esse orgulho que vou continuar seguindo, sendo eu mesmo, sem dar desculpas e nem explicação. Orgulho de ser LGBT, apesar de tudo.

 

Rupauls Drag Race – All Stars 2

Depois da oitava temporada, a mais devagar de todas até agora, Rupaul decidiu tirar do bolso a carta na manga e o que temos, agora, é a confirmação de uma segunda edição do All Stars, que reune ex-participantes de RPDR numa nova disputa pelo Hall da Fama Drag. E as 10 glamazons que voltam para a luta, que estreará numa quinta-feira, dia 25 de agosto na Logo TV com um episódio especial de 90 minutos de exibição (60 de duração), são Adore Delano, Alaska, Alyssa Edwards, Coco Montrese, Detox, Ginger Minj, Katya, Phi Phi O'Hara, Roxxxy Andrews, e Tatianna.

Os jurados confirmados continuam sendo Michelle Visage, Carson Kressley e Todrick Hall, além do próprio Rupaul. Para quem é a sua torcida? #TeamAlaska

 

STF deverá analisar criminalização da homofobia e transfobia no país

Boa notícia! O ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin decidiu dar continuidade a um mandado de injunção impetrado pela ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais) que pede a criminalização da homofobia e transfobia no país. A medida reverte resolução anterior do ministro Ricardo Lewandowski, que havia rejeitado o mandado por entender que este não caberia para a discussão do caráter criminal do preconceito e violência contra LGBTs. Um mandado de injunção é uma ação que que pede a regulamentação de uma norma da Constituição, quando os Poderes competentes (neste caso o Legislativo) não o fizeram.

A ação passará a correr conjuntamente com a ADO (Ação Direta de inconstitucionalidade por Omissão) impetrada pelo PPS e que aguarda parecer do ministro Celso de Melo. Ambas as ações buscam a equiparação da homotransfobia ao crime de racismo. O partido e a ABGLT procuraram o STF depois de o Congresso Nacional mostrar-se contrário a discutir a medida. O Projeto de Lei 122, criado pela deputada Iara Bernardi em 2001 nunca chegou à votação em plenário. O PL 122 ficou por mais de uma década parado na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. No ano passado, o projeto acabou expirando e extinto.

Leia outros artigos da coluna: True Colors

Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


Voltar


Comente sobre essa publicação...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *