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Em Hiroshima, Obama defende política antinuclear

Publicado em 27/05/2016 12:00 -

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Nesta sexta (27), Obama se tornou o primeiro presidente americano em exercício a visitar Hiroshima após a cidade ter sido arrasada por uma bomba nuclear, lançada pelos Estados Unidos. Estima-se que mais de 200 mil pessoas tenham morrido nos dois bombardeios nucleares —em Hiroshima, em 6 de agosto de 1945, e em Nagasaki, três dias depois.

"A morte caiu do céu, e o mundo foi modificado. Um flash de luz e uma parede de fogo destruíram uma cidade e demonstraram que a humanidade possuía uma forma de destruir a si mesma. A revolução científica que levou à divisão de um átomo requer também uma revolução moral", resumiu Obama.

Em seu discurso no Memorial da Paz, o americano não se desculpou pelo uso das bombas (o que já era esperado), mas afirmou que o mundo tem a "responsabilidade compartilhada de olhar diretamente no olho da história e questionar o que deve ser feito para evitar um novo sofrimento como aquele".

Obama defendeu a solução de conflitos pela via diplomática, deixando de lado a "capacidade de destruir". "Não somos limitados pelo código genético a repetir os erros do passado, podemos aprender, escolher, contar a nossos filhos uma história diferente", defendeu o americano.

É possível escolher um futuro em que "Hiroshima e Nagasaki não sejam conhecidas pelo raiar da guerra atômica, mas por nosso próprio despertar. Pode ser que não consigamos eliminar a capacidade humana de provocar o mal. Então, as nações e alianças que formamos devem ter instrumentos para se defender. Mas, entre as nações, como a minha, que têm um estoque de armas nucleares, é preciso ter coragem para escapar da lógica do medo e perseguir um mundo sem elas", disse o presidente

Política antinuclear

O presidente Barack Obama tem defendido esforços para livrar o mundo das armas nucleares. Ele, que começou seu governo com um audacioso chamado por um mundo não nuclear, reconheceu que ainda há muito a ser feito. Na verdade, muitos críticos pontuam que o mundo está mais distante agora do objetivo de Obama do que no início de sua Presidência, em 2009.

Mas o líder americano usou o acordo nuclear com o Irã, alcançado no ano passado, e a negociação de seu governo para o novo tratado Start com os russos como exemplos de grandes passos dados na redução dos estoques nucleares. Sob o acordo do ano passado, o Irã concordou em conter seu programa atômico em troca de bilhões de dólares com o alívio de sanções.

Com o novo Start, Obama conseguiu a ratificação do mais significativo pacto de controle de armas em quase duas décadas. O pacto, que entrou em vigor em fevereiro de 2011, requer que os EUA e a Rússia reduzam suas armas nucleares estratégicas para não mais de 1.550 até fevereiro de 2018. O presidente disse em 2013 que quer cortar o número americano em mais um terço, mas essa ideia travou em meio à deterioração das relações com a Rússia.

Apesar de pontuar os avanços, Obama também admitiu haver pontos problemáticos, incluindo o programa nuclear da Coreia do Norte, que realizou seu quarto teste nuclear em janeiro e o lançamento de um foguete de longo alcance em fevereiro, e a ameaça representada pela intenção de alguns grupos de obter armas nucleares.

Falando em uma coletiva durante um encontro do G7, Obama lembrou de seu discurso de 2009 em Praga, quando fez seu primeiro apelo por um mundo não nuclear, e destacou o fato de ter pontuado "naquela época que não esperava ser capaz de alcançar todos aqueles objetivos no curso de minha Presidência ou mesmo durante a minha vida, e que esta será uma tarefa contínua".


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