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Hospitais dos Médicos Sem Fronteiras sofreram 94 ataques na Síria em 2015

Publicado em 19/02/2016 12:00 -

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Mais de 60 instalações apoiadas pela ONG Médicos Sem Fronteiras foram atingidas por 94 ataques na Síria durante 2015, das quais 12 foram completamente destruídas, segundo relatório divulgado pela entidade nesta semana.

A ONG dá apoio a 70 instalações de assistência médica no país, que vive em guerra civil desde 2011.

A infraestrutura de saúde no país foi "dizimada", segundo o estudo. A guerra civil na Síria se estende desde 2011, agravada pela repressão brutal do regime e pela atuação de milícias armadas, incluindo a facção terrorista Estado Islâmico. Estima-se em 470 mil o número de mortos no conflito.

Os Médicos sem Fronteiras registraram, no ano passado, 7.009 mortes em 70 dos hospitais e clínicas que apoiam. Houve também 154.647 feridos, um número que Joanne Liu, presidente da ONG, afirmou não ter precedentes.

Cerca de 40% das vítimas eram mulheres e crianças, indicando que civis são alvos frequentes dos ataques.

Foi a primeira vez que a ONG reuniu esses dados de maneira consistente, produzindo um balanço da situação nos hospitais que apoia. Foram 63 instalações atingidas durante 2015. Nesse mesmo período, 23 funcionários foram mortos.

Diversos dos ataques ocorreram logo após um primeiro bombardeio, os chamados "ataques duplos", causando a morte de equipes de resgate no local.

"Isso indica que, em alguns casos, os ataques vão além do uso indiscriminado da violência", afirmou a ONG.

O estudo concentrou-se apenas em parte das instalações de saúde na Síria, e não inclui mortes causadas por desnutrição ou falta de tratamento médico.

Rússia

Os ataques a instalações dos Médicos sem Fronteiras foram debatidos durante a semana, antes mesmo da divulgação do relatório. Na segunda-feira (15), 25 foram mortos em um hospital no norte da Síria. A organização pede uma investigação internacional sobre esse ataque.

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos sugeriu que o ataque tenha partido de aviões russos, o que foi negado por Moscou. A Rússia é um dos principais aliados do ditador Bashar al-Assad.

Os Médicos sem Fronteiras não têm autorização para trabalhar em áreas controladas pelo regime sírio.

Tampouco há atendimento da ONG no território ocupado por terroristas do Estado Islâmico.

Uma das questões em debate é se os Médicos sem Fronteiras deveriam informar suas coordenadas aos atores envolvidos no conflito sírio. A Rússia não havia sido oficialmente informada da posição do hospital atingido no norte do país, por exemplo.


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