29/03/2024 - Edição 540

Viver Bem

Estudo põe em xeque obesos saudáveis ao comparar com magros sedentários

Publicado em 11/02/2016 12:00 -

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Uma pergunta que a ciência ainda está penando para responder: é possível ser "fitness" (estar em boa forma) e gordo ao mesmo tempo? A resposta óbvia seria que é melhor um obeso fazer atividade física a ser completamente sedentário.

Mas a ciência não tem mais tanta certeza. Um novo estudo, divulgado recentemente na publicação científica "International Journal of Epidemiology" (assim como outros anteriores) indica que a obesidade é capaz de "anular" os benefícios dos exercícios.

Em outras palavras: se um indivíduo é obeso, só a prática de exercícios não é garantia de uma vida mais longeva e melhor, ou seja, com menos doenças.

Cientistas suecos da Universidade de Umeå acompanharam 1,3 milhão de homens jovens no país e, ao analisar os dados de acordo com os fatores obesidade e prática de exercício físico, constataram que quem era magro e sedentário tinha risco de morrer (por qualquer causa) 30% menor do que aqueles que eram obesos, mas estariam supostamente "em forma".

O resultado seria o suficiente para decretar a supremacia da magreza –você não precisa se mexer, mas não pode ser gordo– mas não significa necessariamente que é melhor ser um gordinho sedentário a encarar exercícios.

O problema é que algumas pessoas continuarão acima do peso mesmo com a prática regular de exercícios físicos. Existem pessoas que começam a se exercitar mesmo sem pensar no peso.

Caso seja esse o objetivo, o exercício realmente vai ajudar pouco. "Fizemos um estudo no qual um grupo de voluntários treinava de fato e o outro apenas recebia orientação para ter uma vida mais ativa. Vimos que o exercício sistemático não contribui em nada para a redução da obesidade", diz o endocrinologista e professor da UFRGS Rogério Friedman.

Para o médico, é importante "não dar uma ênfase muito grande ao exercício como solução para a obesidade". O jeito, para quem quer emagrecer, é "cuidar do que come".

Outro estudo, realizado por pesquisadores da Universidade do Mississipi e publicado na última semana na revista "Preventive Medicine", acompanhou 11 mil pessoas de 36 a 85 anos por dez anos e viu que, independentemente da obesidade, quem fazia exercícios conseguiu reduzir o risco de mortalidade –no caso, não há discriminação desse risco por tipo de doença.

A conclusão é otimista para quem pretende mexer as gordurinhas, mas não é inédita: do ponto de vista dos anos de vida ganhos, praticar exercício vale a pena, independentemente do nível de massa corporal de cada um.

Estudos que acompanham o efeito crônico do exercício de milhares de pacientes por um longo período ainda são necessários, na opinião de Friedman. "A literatura médica ainda é muito pobre."

Só assim, num futuro não muito distante, a ciência poderá identificar, sem grande margem para especulação, exatamente quais são os benefícios de ser magro e quais as vantagens de ser um "gordinho fitness".


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