26/04/2024 - Edição 540

Especial

Geração Zika

Publicado em 10/02/2016 12:00 -

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No início do ano passado, por ter sintomas parecidos com os da dengue, ela chegou a ser chamada de "doença misteriosa".  À época, quando os primeiros casos foram identificados, o Ministério da Saúde tratou-a como uma infecção "benigna", com sintomas brandos: manchas na pele, coceira e febre baixa ou ausência de febre.

Agora, associada ao surto de microcefalia em recém-nascidos, a zika virou motivo de pânico tanto para mulheres grávidas como para aquelas com seus bebês de colo com a suspeita de má-formação da cabeça.

Transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, vetor também da dengue, da febre amarela e da chicungunya, o vírus da zika circula em 28 países de diferentes partes do mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a decretar situação de emergência internacional.

Governos de quatro países da América Latina e do Caribe (Colômbia, El Salvador, Equador e Jamaica), onde o vírus da zika circula, passaram a recomendar que se evite engravidar.

O Brasil, no entanto, não adota a mesma orientação. Em novembro, Cláudio Maierovitch, diretor do departamento de vigilância de doenças transmissíveis do Ministério da Saúde, chegou a aconselhar as mulheres a não engravidar, mas o ministério divulgou nota logo depois negando a recomendação.

A pasta diz que "a gravidez é uma decisão pessoal" e que não adotará nenhuma medida de controle de natalidade.

Engravidar ou não é só uma das questões que enfrentam mulheres atualmente diante do avanço do vírus da zika. A posição do governo divide especialistas.

"É um absurdo. Já passou da hora de o ministério fazer essa recomendação não engravidar. As mulheres que estão engravidando neste momento estão desesperadas", diz o médico Artur Timerman.

Infectologista, ele conta que, em uma semana, atendeu no consultório 14 gestantes preocupadas com a zika. "Vão ficar com esse fantasma rondando até o sexto mês de gravidez quando a microcefalia aparece no ultrassom."

O também infectologista Esper Kallas, professor da USP, afirma que não cabe ao governo decidir se a mulher deve ou não engravidar. "É preciso fornecer informações para que ela tome a decisão."

Ele pondera, por exemplo, que não adianta recomendar ou não a gravidez com base nos casos atuais de microcefalia, já que, quando aparecem, eles são uma fotografia do que ocorreu meses antes. "É mais útil mapear a circulação do vírus em tempo real e alertar a população para os cuidados", diz ele.

A tendência entre os especialistas, porém, é orientar mulheres jovens a adiar a gravidez. "Para quem tem até 30 anos, não vai mudar esperar dois ou três meses até sabermos como vão evoluir esses casos de microcefalia", diz o obstetra Renato Kalil, do Hospital Albert Einstein.

"Se não precisa engravidar agora, é melhor esperar um pouco", reforça o ginecologista César Fernandes, presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. "Mas é complicado dizer isso às que estão no fim da vida reprodutiva."

Para as já grávidas, as principais recomendações são evitar áreas de infestação do Aedes, usar repelente, roupas leves e compridas, e instalar telas em portas e janelas.

"Todo o cuidado tem que ser tomado para evitar a exposição ao mosquito e a infecção pelo zika. Como a maioria dos casos [80%] é assintomática, muitas mulheres nem saberão se foram ou não infectadas", diz o obstetra Adolfo Liao, coordenador materno-infantil do Einstein.

As que manifestam sintomas podem recorrer a testes. O mais acessível, de biologia molecular, só funciona nos primeiros dias de infecção. O outro, que busca anticorpos do zika, custa R$ 900 em média e só está disponível em alguns laboratórios privados.

Após confirmada a zika, porém, não há o que fazer. Além de não existir remédio para curar a infecção, ainda não se sabe qual o risco real de o bebê desenvolver microcefalia.

No Nordeste do país, as alterações cerebrais dos fetos têm aparecido só por volta da 28ª semana de gestação.

"Fazendo um acompanhamento [com ultrassom] mais frequente, podemos identificar alterações mais cedo", afirma o obstetra Thomaz Gollop, professor da USP.

Já o obstetra Manoel Sarno, especialista em medicina fetal e que já acompanhou 80 casos de microcefalia associados à zika na Bahia, diz que será "improvável" o diagnóstico antes da 20ª semana.

Por isso, mulheres com diagnóstico de zika no início da gravidez têm recorrido ao aborto ilegal antes de saber se o feto tem microcefalia. Nessa fase há poucos riscos para a mulher. Quando a microcefalia é detectada, é mais difícil interromper a gravidez: é preciso causar a morte do feto, por meio de uma injeção no coração, para, depois, induzir o parto.

ONU defende descriminalização do aborto em meio à epidemia de zika

Em meio à epidemia de zika em diversos países, o Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos defendeu que os chamados direitos reprodutivos da mulher sejam garantidos, incluindo a descriminalização do aborto.

A porta-voz da ONU Cecille Pouilly disse que a epidemia de zika representou de certa forma uma oportunidade para que uma série de questões relacionadas aos direitos reprodutivos da mulher fossem revistas.

Para o Brasil, a descriminalização recomendada pela ONU retiraria a punição de até três anos prevista pelo código penal.

"O aborto já é feito. No mundo, 47 mil mulheres morrem em decorrência de abortos sem segurança", disse, acrescentando que países precisam também oferecer serviços de atendimento pós-aborto sem que haja o risco de punição às mulheres.

Segundo disse Pouilly à BBC Brasil, a ONU recomenda ainda que o aborto seja legalizado em cinco diferentes situações. "Em casos de estupro, incesto, risco à saúde física e mental da mãe e também em casos de bebês deficiências consideradas graves", listou.

Questionada a respeito do que deveria ser entendido como risco à saúde mental da mãe, a porta-voz disse que essa avaliação deve ser feita pelo médico. Sobre que deficiências graves deveriam ser consideradas, ela acrescentou que não o debate é maior do que a discussão da microcefalia.

A porta-voz explicou que essas cinco circunstâncias representariam um mínimo recomendado e que a organização apoiaria a decisão de países de irem além e permitirem aborto em circunstâncias mais amplas, seguindo padrões de aplicação internacional. "Existe uma linha tênue entre uma recomendação e interferência em políticas nacionais. Cada país deve discutir as mudanças na lei em âmbito nacional", acrescentou.

O esclarecimento da porta-voz foi feito após um comunicado do comissário de Direitos Humanos da ONU, Zeid Ra'ad Al Hussein, em Genebra. Segundo o comunicado, países devem garantir direitos sexuais e reprodutivos a mulheres, incluindo métodos emergenciais de contracepção, como serviços de aborto legal.

"Leis e politicas que restringem mulheres a estes serviços devem ser urgentemente revistas em linha com os direitos humanos para garantir o direito à saúde para todos na prática. Claramente, administrar a expansão do zika é o maior desafio dos governos da América Latina. O conselho de alguns governos para mulheres atrasarem gestações ignora a realidade de que muitas mulheres e meninas simplesmente não pode exercer controle sobre a maneira, o momento e as circunstâncias em que se tornam grávidas, especialmente em locais onde a violência sexual é tão comum", disse Hussein.

O médico Drauzio Varella comentou a perspectiva social da interrupção de gestações. "O aborto já é livre no Brasil. É só ter dinheiro para fazer em condições até razoáveis. Todo o resto é falsidade. Todo o resto é hipocrisia", disse à BBC Brasil. "Proibir o aborto é punir quem não tem dinheiro."

O ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão (PSB-RJ), que anunciou que apoiará a ação pelo direito legal ao aborto de fetos com microcefalia no STF, disse que o Brasil e a maioria dos países da América Latina estão entre os "mais atrasados do mundo" na legislação sobre o aborto legal.

Segundo a OMS, 1 milhão de abortos ilegais são feitos por ano no país e matam uma mulher a cada dois dias. Por ano, de acordo com o Sistema Único de Saúde, mais de 200 mil são internadas no SUS com complicações pós-aborto. "Claramente, administrar a expansão do zika é o maior desafio dos governos da América Latina", disse Hussein.

O ministro da Saúde, Marcelo Castro, afirmou que o ministério seguirá o que determina a legislação brasileira. Castro lembrou que a interrupção da gravidez não é permitida por lei em casos de microcefalia –má-formação do cérebro do bebê relacionada ao vírus da zika.

"A posição do Ministério da Saúde é inequívoca, é a posição em defesa da lei. Somos agentes públicos e não podemos ter outra defesa que não seja a defesa estrita da lei. A legislação brasileira só permite aborto em três situações, que não inclui essa daí [microcefalia]", afirmou o ministro.

A legislação brasileira permite o aborto em três casos: gravidez resultante de estupro, quando há risco de morte para a mãe e de fetos com anencefalia.

Igrejas cristãs divergem sobre aborto em casos de microcefalia

A autorização para o aborto em casos de microcefalia é alvo de divergência entre as igrejas cristãs no país. Se a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) já afirmou que a epidemia de zika no Brasil não justifica a medida, outros grupos religiosos preferem ainda não tomar posição sobre o assunto e avaliam que cabe ao governo federal arbitrar sobre o tema.

O cardeal dom Odilo Sherer, arcebispo de São Paulo, disse que "ninguém pode decidir sobre vida e morte de um ser humano". "É ser humano. Ainda em formação, mas é ser humano", afirmou o cardeal. "O bebê não nascido, (seja com) apenas 12 semanas ou com 20 semanas de gestação, é humano desde o primeiro instante da concepção."

"Hoje, a gente tem uma resposta possível, não a ideal. Essa discussão é muito recente. O propósito da igreja é sempre pela vida", disse dom Flávio Irala, bispo da Igreja Anglicana. "Mas não podemos ficar nos escondendo de debates polêmicos", acrescentou.

Irala, que é presidente do Conic, disse que a entidade cristã ainda não debateu o assunto e ponderou que é preciso ter cautela para não criar "antagonismos dentro do conselho".

Presidente da Aliança de Batistas do Brasil, Joel Zeferino afirmou ser necessário discutir o assunto "com a sociedade". "É preciso incluir nesse debate as mulheres que sofrem esse aborto, sobretudo das periferias das cidades, mulheres negras, que de fato fazem esses abortos ilegais. É precisamos colocar a voz dessas mulheres nessa discussão. Não temos uma posição a respeito do aborto. Temos que respeitar cada igreja a partir de suas discussões internas", afirmou.

Segundo a secretária-geral do Conic, Romi Márcia Bencke, há vertentes cristãs – como a anglicana, luterana e evangélica – que consideram que o tema é uma questão de política pública e que, portanto, cabe ao governo federal arbitrar sobre o assunto.

"Há algumas que compreendem que isso precisa ser tratado como uma questão de política pública. Então, cabe ao poder público definir se libera ou não. Elas não se declaram a favor (do aborto), mas se posicionam no sentido de que é uma decisão governamental", disse.

O arcebispo Mor Titos Paulo Tuza, da Igreja Católica Ortodoxa Siriana do Brasil, afirmou que a denominação cristã também é contrária ao aborto no caso de bebês com microcefalia, assim como a CNBB. Segundo ele, o procedimento só é aceitável caso a gestação ameace a vida da mãe.

Mais notificações que casos

Há muitas dúvidas sobre zika e microcefalia. Mas uma coisa é certa: os números não são confiáveis. No Brasil, foram notificados 4.783 casos de microcefalia, e, até agora, só 404 foram confirmados. Para especialistas, menos de um quarto dos casos notificados são de microcefalia ligada ao vírus da zika.

É obrigatória a comunicação do nascimento de todas as crianças com perímetro cefálico abaixo de 32 cm. Mas muitas delas não têm nenhum problema, são apenas prematuras. Entre as que têm, muitas desenvolveram microcefalia porque a mãe teve toxoplasmose ou citomegalovírus na gravidez.

"É melhor ter falsos positivos do que falsos negativos", diz Celina Martelli, pesquisadora de microcefalia na Fiocruz de Pernambuco. Segundo ela, foi importante definir uma boa margem para que bebês com outros danos cerebrais não ficassem de fora.

Para parte da comunidade científica brasileira, no entanto, não resta mais dúvida: é mesmo o vírus da zika o responsável pelos casos de microcefalia. A convicção veio após a publicação – no último dia 10 – de um novo estudo no periódico científico "The New England Journal of Medicine", relatando o caso de uma jovem da Eslovênia, que foi infectada por zika em Natal (RN), no primeiro trimestre da gestação.

O trabalho está sendo considerado o mais completo já realizado para demonstrar essa associação. Entre outras coisas, conta com imagens do feto, análises patológicas do cérebro danificado pelo vírus e o sequenciamento completo do vírus da zika encontrado nas estruturas cerebrais do bebê.

"Para mim, é evidência definitiva. Não se fala em outra coisa entre os cientistas", afirma o infectologista Esper Kallas, professor da USP (Universidade de São Paulo). No entanto, para outra parte da comunidade científica, ainda serão necessários mais estudos para estabelecer de fato essa relação.

"É mais um exemplo de coexistência, apenas mais um caso de detecção do vírus em um feto com microcefalia. Coisas podem coexistir. Não é válido dizer que isso é evidência", diz o cardiologista Luis Correia, especialista em medicina baseada em evidência.

Perdendo a guerra

Único brasileiro a participar do comitê de especialistas da OMS que levou à recente declaração de emergência mundial em saúde, o virologista Pedro Vasconcelos não tem dúvidas de que o vírus da zika é a causa do avanço da microcefalia (má formação no cérebro de bebês).

Vasconcelos é pesquisador do Instituto Evandro Chagas, um dos primeiros laboratórios públicos a identificar a relação da zika com casos da má-formação. Ele critica, no entanto, a demora na coleta de amostras que permitiriam investigar essa relação logo que foi apontado o aumento de casos.

Para o pesquisador, não só o Brasil, mas o mundo está perdendo a guerra contra o mosquito Aedes aegypti. E outras doenças transmitidas pelo mesmo vetor têm sido negligenciadas. "A dengue foi banalizada. Mas é muito mais grave que chikungunya e zika juntos", afirma.

Ele apoiou a decisão da OMS de declarar emergência mundial. Defendi essa posição. Ela alerta os países a tomarem iniciativas e melhorarem o controle vetorial, que é a única coisa que se pode fazer hoje para evitar a entrada do vírus zika ou diminuir sua incidência. Isso dá reforço para a obtenção de aporte financeiro. E dá poder para ministérios de saúde agirem, com o respaldo da maior instituição de saúde do mundo.”

Mestre e doutor em saúde tropical, o médico Carlos Henrique Nery Costa concorda. Em sua opinião, passados cinco meses desde que se diagnosticou a gravidade do zika vírus e sua relação com os casos de microcefalia, duas estratégias centrais devem ser adotadas: de um lado, afirma, provavelmente será necessário combater o Aedes aegypti com o uso de DDT, estratégia que foi “abandonada e demonizada décadas atrás”. De outro, pontua, é necessário avançar nos testes e diagnósticos sobre a doença.

Ação tardia

Sob crítica da comunidade internacional, a administração da presidente Dilma Rousseff estrutura um pacote de medidas para agilizar acordos e aumentar a troca de informações com países estrangeiros sobre o combate ao vírus da zika.

Em elaboração pelo governo federal, o conjunto de medidas, que deve ser lançado até o final deste mês, deve incluir iniciativas como convênios do governo brasileiro com laboratórios internacionais, produção de vacinas em parceria com os Estados Unidos e a diminuição da burocracia para exportação de amostras do vírus da zika.

O tema foi discutido na quarta-feira (10) em reunião no Palácio do Planalto com as participações dos ministros Jaques Wagner (Casa Civil), Marcelo Castro (Saúde) e Celso Pansera (Ciência e Tecnologia). A pauta oficial do encontro foi discutir novas tecnologias de combate ao zika.

O objetivo de enviar amostras para laboratórios no exterior é avançar na conclusão de que o zika é de fato o responsável pelo surto de microcefalia no país. A OMS tem defendido que o Brasil envie o material para institutos de excelência nos Estados Unidos e na União Europeia, que relataram dificuldade em acompanhar a evolução do vírus.

No final do ano passado, a presidente Dilma já havia discutido com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a criação de um grupo entre os dois países para desenvolver vacinas contra o vírus da zika. A ideia é de que o trabalho ocorra em parceria entre o Instituto Butantan e o National Institute of Health (NIH).

Pesquisas

Um teste rápido que detecta a presença do vírus da zika no sangue começará a ser usado na próxima segunda-feira (15) por um laboratório da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O teste identificará a presença do vírus num prazo de cinco horas. Hoje, o resultado dos testes disponíveis demora até uma semana.

A ação faz parte de uma força-tarefa que inclui a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e tem como objetivo unir esforços, com pesquisadores das três instituições, para desenvolver ações em relação a doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Além da zika, o mosquito transmite a dengue e a febre chikungunya.

Segundo a docente Clarice Arns, que coordena o trabalho, o teste rápido é diferente de exames sorológicos feitos para detectar dengue. "Ele é rápido por ser molecular. O paciente tem de estar doente para que o vírus circulante seja detectado", afirmou.

De acordo com ela, o exame não é inédito e consiste em uma adaptação do teste rápido já usado para detectar a dengue. "Como surgiu agora essa emergência devido à zika, as três universidades atuaram para desenvolver o teste."

Ao menos inicialmente, serão atendidos apenas casos encaminhados pelo Hospital das Clínicas (HC) da Unicamp. O laboratório já está pronto, à espera dos exames, segundo a pesquisadora.

Na última semana, pró-reitores de pesquisa das três universidades estaduais formalizaram a criação de uma rede para o vírus da zika em reunião no Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas).

No encontro, ficou definido que a Unicamp vai procurar desenvolver novos larvicidas.

Testes só em 18 meses

A OMS informou nesta sexta-feira (12) que os testes clínicos em larga escala de vacinas contra o vírus da zika não devem começar em menos de um ano e meio.

"Apesar deste cenário encorajador, não irão ocorrer testes (clínicos) em grande escala de vacinas em menos de 18 meses", disse vice-diretora da OMS encarregada do departamento de Sistemas de Saúde e Inovação, Marie-Paule Kieny.

A organização disse ainda que ao menos 15 empresas e grupos desenvolvem atualmente pesquisas na aérea. Kieny acrescentou que duas candidatas à vacina estão em um estágio mais avançado: uma desenvolvida pelo Instituto Nacional para Saúde dos Estados Unidos e outra da empresa farmacêutica Bharat Biotech, na Índia.

A declaração da OMS é mais cautelosa do que a do governo brasileiro. Na quinta-feira (11), o ministro da Saúde, Marcelo Castro, disse que uma parceria firmada entre o Instituto Evandro Chagas, no Pará, e a Universidade do Texas, nos Estados Unidos, possibilitará que a vacina contra a zika seja desenvolvida em até 12 meses.

Após essa etapa, a vacina ainda precisa passar por testes clínicos para, em seguida, começar a ser produzida e disponibilizada à população. Essa fase deve durar mais dois anos, totalizando três anos para que todo o processo seja concluído.

PERGUNTA E RESPOSTAS

1 – Estou grávida, e agora?

Procure um obstetra e faça um pré-natal com ao menos seis consultas. Para evitar o Aedes, elimine criadouros, vista roupas compridas e meias, instale telas em portas e janelas e use repelente. O mais indicado é o que tem icaridina (Exposis), pois dura até 10 horas

2 – Adianta eu me mudar para um lugar mais frio?

O risco diminui um pouco porque, em tese, há menos circulação de mosquitos. Mas saiba que o Aedes tem se adaptado a temperaturas mais baixas

3 – Como descubro se estou com zika?

A maioria dos casos é assintomática, mas, às vezes, o vírus pode causar dor de cabeça e nas articulações, vermelhidão e dor atrás dos olhos, febre baixa por 3 a 7 dias, vômitos, manchas vermelhas e coceira. O teste mais usado, o de biologia molecular, só funciona nos 5 ou 6 primeiros dias de infecção, quando o vírus ainda circula no sangue. Depois é indicado um exame que busca anticorpos de zika. Disponível na rede privada, custa em média R$ 900

4 – Se eu contrair o zika, qual é o risco de o bebê ter microcefalia?

Ainda não se sabe qual o percentual de gestantes com zika que acabam por ter filhos com microcefalia

5 – Qual é o período da gravidez com maior risco?

A suspeita é que o risco de microcefalia seja maior nos primeiros 3 meses. A possibilidade parece existir também, em menor grau, quando a zika é adquirida no 2º trimestre. A partir do 3º, o risco é baixo, pois o feto está formado

6 – Se eu tiver zika antes da gravidez, também corro o risco?

Ainda não se sabe se as mulheres que tiveram zika antes da gravidez adquirem imunidade e, portanto, não têm risco de passar o vírus para o feto. Mais estudos terão que ser feitos para se definir o intervalo seguro entre a infecção e a gravidez

7- Qual exame devo fazer para detectar a má-formação no bebê?

A microcefalia é diagnosticada na gravidez pelo ultrassom morfológico, exame que serve para medir o tamanho do crânio e avaliar as estruturas cerebrais e outros órgãos

8 – Quando é possível saber se o bebê tem ou não microcefalia?

Não há consenso sobre o prazo. Segundo os médicos, é recomendável que se faça o exame morfológico por volta da 22ª semana de gravidez. Se a mulher apresenta sintomas de zika, no entanto, o ideal é que se faça o ultrassom já a partir da 12ª semana mensalmente

9 – Por que eu não consigo saber mais cedo, no 1º trimestre de gestação?

Entre outros motivos, porque leva tempo entre a gestante ser infectada pelo vírus e ele causar danos no cérebro do bebê

10 – Encontrarei juízes dispostos a autorizar o aborto legal ou o chamado "terapêutico"?

Provavelmente, não. A vasta maioria dos casos de microcefalia não é incompatível com a vida, mesmo com as graves lesões cerebrais. Para autorizar o aborto, é preciso que três médicos atestem a impossibilidade de o bebê viver fora do útero

11 – Até quando posso abortar sem risco para a minha saúde?

Até a 14ª semana há menos risco de sangramento, embora nessa fase não seja possível saber se o feto tem ou não microcefalia. Mas a prática é ilegal

12 – Vou encontrar médicos dispostos a fazer um aborto clandestino?

Provavelmente sim, porque já existem relatos de abortos tanto no início da gestação (antes de confirmar a microcefalia) quanto depois da 20ª semana. Nesses casos, porém, tanto a mulher como o médico correm risco de detenção


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