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Comportamento

Tatuagens são mais seguras, mas efeitos são desconhecidos, dizem médicos

Publicado em 29/10/2015 12:00 -

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Apesar da tatuagem ter ganho mais popularidade e segurança, ainda há dúvidas sobre seus efeitos a longo prazo e até mesmo sobre a composição das tintas, afirma artigo publicado na "Lancet", uma das mais prestigiosas revistas médicas.

O texto, escrito por autores de dez diferentes países, incluindo EUA, Reino Unido e Alemanha, afirma que pouco se sabe sobre os riscos toxicológicos dos ingredientes usados nas tatuagens.

De acordo com o artigo, apesar de as tintas modernas conterem principalmente pigmentos orgânicos, metais pesados ainda aparecem em algumas análises.

E mais: um estudo feito na Dinamarca e publicado no "Journal of the European Academy of Dermatology and Venereology" apontou que 6 de 58 embalagens de tinta lacradas estavam contaminadas com bactérias.

Segundo Christa De Cuyper, dermatologista do Hospital AZ St.-Jan, em Bruges, na Bélgica, os requerimentos em relação às tintas na Europa são insuficientes para garantir o uso seguro delas.

Ela vai na mesma linha dos autores do artigo citado e diz que as tintas precisam ser testadas quanto ao seu potencial de toxicidade, fototoxicidade, a migração das substâncias, o potencial carcinogênico e a possível conversão metabólica dos ingredientes das tintas. Mas, antes, afirma, é necessário ter um único padrão na Europa para assegurar a segurança das tatuagens, como uma lista de ingredientes e pigmentos seguros, por exemplo.

"Em muitos casos, os ingredientes nem aparecem nos rótulos. Esse mercado é mal controlado", afirmou De Cuyper no Congresso Europeu de Dermatologia, que ocorreu em Copenhague.

A própria FDA (agência reguladora de alimentos e remédios nos EUA) admite que não exerce sua atividade regulatória em relação às tintas para tatuagem por causa de outras prioridades relacionadas à saúde pública.

A agência, porém, tem investigado a composição química das tintas e como elas são metabolizadas no corpo, a segurança delas a curto e longo prazo e como o corpo responde à interação da luz com as tintas, mas ainda não há esses dados.

O sinal de alerta foi aceso cerca de três anos atrás, quando uma família de bactérias chamada micobactérias não tuberculosas foi encontrada em tintas nos EUA e provocou nódulos vermelhos nos tatuados.

No Brasil, as tintas e os acessórios para tatuagem passaram a necessitar de um registro em 2008.

Uma resolução publicada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) exigiu que, para obter registro, os fabricantes deveriam fazer testes para comprovar que as tintas não são tóxicas nem causam câncer.

Três produtos estão devidamente registrados no país: Amazon, Electric Ink e Brasil Art & Cores. Outros dois estão sob análise da Anvisa.

As regras, porém, podem mudar. Um texto colocado em consulta pública encerrada no último dia 23 pela agência propõe que a avaliação possa incluir tanto um estudo de experiência pré-clínica e clínica relevantes quanto testes reais. Essa avaliação poderá resultar na conclusão de que nenhum teste é necessário se o material demonstrar histórico seguro de uso.


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