25/04/2024 - Edição 540

Comportamento

Gravidez precoce e baixa escolaridade continuam relacionadas

Publicado em 02/09/2015 12:00 -

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A gravidez precoce foi um dado retratado na Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada pelo IBGE em agosto. Fruto de parceria com o Ministério da Saúde, a pesquisa, inédita e realizada em 2013, visitou cerca de 80 mil domicílios nas quatro regiões do país.

Segundo o órgão, mulheres com menor nível de instrução tiveram o primeiro filho por volta dos 19 anos. Das mulheres de 18 a 49 anos de idade, 69,2% ficaram grávidas alguma vez na vida.

A proporção de mulheres que fazem o uso de algum contraceptivo também é menor de acordo com o grau de escolaridade. Na faixa de Laisa, com o fundamental incompleto, somente 46,4% das mulheres usaram algum método para não engravidar, contra 69,7% das que possuíam ensino superior.

Segundo o IBGE, 97,4% das mulheres que tiveram o último parto no período de 2012 a 2013 declararam ter feito o acompanhamento pré-natal, das quais a maioria iniciou com menos de 13 semanas de gestação.

Planejamento familiar

A presidente da Comissão de Anticoncepção da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Marta Franco Finotti, a maioria das pessoas sabe para que servem os métodos contraceptivos. A ocorrência de gravidez, contudo, ocorre mais por conta da falta de informação de como os métodos funcionam exatamente.

"Existe uma diferença grande entre informação e o uso correto do método. E a renda está diretamente ligada ao acesso à informação completa e a programas de planejamento familiar", disse.

De acordo com a obstetra, muitas pessoas de classe de renda mais baixa não sabem, por exemplo, que a pílula não deve ser tomada somente no período em que se tem relações sexuais, ou que a camisinha precisa ser usada durante todo o sexo.

Segundo a especialista, a pílula apresenta grau de falha em 0,3 três de cem mulheres que fizeram seu uso no último ano. "Se a pílula for usada de maneira errada, esse percentual vai para nove vezes em cem mulheres".

A médica rebateu argumento de que a população mais pobre engravida porque quer. "De jeito nenhum. Essas pessoas não encontram o apoio necessário de programas de planejamento familiar, com informações corretas sobre métodos que deveriam ser direito delas", disse.

Marta cita dados da Organização Mundial de Saúde que mostram que na América Latina o percentual de gravidez indesejada na América Latina é de 56%, enquanto a taxa média mundial é de 50,2%.


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