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Viver Bem

Exercícios para a garganta podem ajudar a reduzir ronco, mostra estudo

Publicado em 27/08/2015 12:00 -

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Pesquisadores do Laboratório do Sono do Incor (Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP) desenvolveram uma técnica de tratamento do ronco que pode até torná-lo quase imperceptível.

A técnica consiste em exercícios que já eram usados por fonoaudiólogos no tratamento de pacientes com os músculos de cabeça, do pescoço e da língua comprometidos – por causa de uma cirurgia, por exemplo.

São seis exercícios que fortalecem os músculos envolvidos no aparecimento do ronco e da apneia do sono. Basicamente eles envolvem movimentos da língua – como empurrá-la contra o céu da boca e deslizá-la para trás–, do céu da boca e dos músculos da bochecha.

Um dos exercícios é feito durante a alimentação, quando o paciente deve alternar com qual lado da boca irá mastigar. Outro é deglutir apoiando a língua no palato (céu da boca).

Os pesquisadores do Incor decidiram, então, aplicar tais exercícios na medicina do sono, em pacientes cuja queixa principal era o ronco.

Foram 39 pacientes, diagnosticados com apneia leve ou moderada ou apenas com ronco primário – ligado ao afrouxamento dos músculos da região da garganta, com idade entre 20 e 65 anos, de ambos os sexos, que foram divididos em dois grupos: o grupo terapia e o grupo placebo.

Os pacientes do grupo terapia fizeram os seis os exercícios por três meses, todos os dias. Os pacientes do grupo placebo fizeram outros exercícios, para respiração nasal –incapazes de surtir efeitos na musculatura envolvida na produção do ronco e da apneia.

Os participantes eram acompanhados por fonoaudiólogos, que passavam os exercícios em consulta semanal, e depois praticavam em casa, três vezes por dia, "como uma tarefa", conta Vanessa Ieto, fonoaudióloga do Incor e autora da pesquisa.

A prática dos exercícios não eliminou completamente o ronco, mas 70% dos participantes apresentaram redução do volume do ronco, e 35% tiveram redução do número de episódios de ronco durante a noite.

A medição do ronco foi feita por polissonografia, exame que mede uma série de parâmetros fisiológicos durante o sono, e por um gravador, para registrar o número total de roncos por noite. Os pacientes e seus companheiro de quarto também responderam a questionários sobre ronco e qualidade do sono.

Briga no quarto

O ronco é o ruído provocado pela passagem do ar nas vias aéreas superiores, quando essa passagem está mais estreita, e esse estreitamento pode acontecer por causa de uma obstrução física na passagem, como amídalas e adenoides (conhecida como carne esponjosa) hiperinfladas; alterações anatômicas (como desvio de septo ou queixo retraído), e causas pontuais como posição na cama –dormir de barriga para cima aumenta a possibilidade de roncar–, consumo de bebida alcoólica e uso de medicamentos sedativos, que promovem relaxamento da musculatura.

O ronco também pode acontecer devido à flacidez dos músculos da região da faringe –é o chamado ronco primário– ou estar ligado a apneia obstrutiva do sono –paradas respiratórias durante o sono.

O estudo do Incor estudou o efeitos dos exercícios musculares em pacientes que tinham ronco primário ou apneia do sono de leve até moderada.

"Entendemos que se o ronco acontece por outros motivos que não a apneia ou a flacidez dos músculos, o paciente deve primeiro tratar esses problemas e, depois, se o ronco persistir, pode tentar os exercícios", diz Vanessa.

"É importante dizer que os exercícios não são indicados para qualquer um. É preciso obter o diagnóstico correto do ronco, e o acompanhamento do fonoaudiólogo, para que se tenha certeza de que os exercícios estão sendo feitos corretamente", afirma Geraldo Lorenzi Filho, presidente da Associação Brasileira do Sono e coordenador da pesquisa do Incor.

O último estudo epidemiológico do sono na cidade de São Paulo, realizado em 2007 com 1042 pessoas, apontou que 33% da população sofria com apneia.

Não é para todos

Luciane de Mello Fujita, pneumologista e médica do sono da ABS e do Instituto do Sono, diz que já utiliza exercícios de fonoaudiologia no consultório, mas que os exercícios não são indicados para todos os pacientes.

"O paciente obeso que ronca, por exemplo, não vai melhorar com esses exercícios. Eles são indicados para pacientes que têm flacidez musculatura da garganta ou apneia que não responderam bem aos tratamento convencionais", diz.


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