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Dissidentes do Syriza formam novo partido na Grécia

Publicado em 21/08/2015 12:00 -

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As dissidências no partido e a renúncia do ex-primeiro-ministro, Alexis Tsipras, levaram 25 membros do Syriza a deixarem o partido. O ex-ministro da Energia, Panagiotis Lafazanis, que liderou a oposição ao acordo financeiro com credores da Grécia, anunciou nesta sexta-feira (21) que eles decidiram se manter “fieis às promessas de campanha” e formar um novo grupo, chamado Unidade Popular.

"Nossa primeira meta é cancelar o acordo. Este é o único caminho para o nosso país sair da crise”, disse Lafazanis em entrevista coletiva. O grupo promete também cancelar a maioria da dívida grega, o que, segundo o líder da nova legenda, “é algo possível de ser fazer, desde que lutemos e acreditemos nisso.”

A Constituição grega diz que, antes de convocar eleições antecipadas, é preciso tentar formar um governo provisório. O segundo maior partido no parlamento, o Nova Democracia, tem três dias para a tarefa. Se não conseguir, o mandato vai para o próximo partido em número de assentos, que deve ser o recém-criado Unidade Popular.

Nas ruas, o povo grego demonstrou preocupação diante da insegurança política que o país vive, em um momento de instabilidade econômica. “O governo quis escapar dos problemas. Isso é inaceitável. E eu não acho que teremos uma maioria no parlamento, não acho que os partidos vão querer trabalhar juntos. Isso será perigoso para o país”, disse o aposentado Napoleon Pappas.

Já o programador Christianos Misailidis acredita que sem apoio do próprio partido, Tsipras não tinha outra saída. “Ele tinha que fazer algo para garantir a governabilidade. Ele não podia continuar contando com votos da oposição. É como se não existisse governo”, disse.

Apesar do clima de indefinição, os credores internacionais não se mostraram preocupados. A porta-voz da Comissão Europeia, Annika Breidthardt, disse que a renúncia de Tsipras era esperada e que, independentemente das eleições, os termos acordados na semana passada deverão ser cumpridos. “As reformas foram decididas pelo governo grego e votadas pelo Parlamento. Elas já podem ser implementadas”, afirmou a porta-voz.

O governo alemão, inicialmente contrário à concessão de mais um pacote de ajuda à Grécia, também disse que possíveis mudanças no governo grego não devem interferir no que já foi acordado. “Nada mudou em relação ao que foi decidido para os próximos três anos. Esse é um dos princípios fundamentais da cooperação europeia”, disse o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert.

Antes de Tsipras anunciar a renúncia, Atenas recebeu os primeiros $13 bilhões de Euros do pacote de ajuda financeira, que totaliza $86 bilhões. A maior parte da quantia foi usada para liquidar uma dívida com o Banco Central Europeu que vencia no mesmo dia e pagar um empréstimo feito em julho para que a Grécia pudesse cumprir outros prazos com o FMI e o banco europeu.


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