19/04/2024 - Edição 540

True Colors

Fim de semana especial

Publicado em 26/06/2015 12:00 - Guilherme Cavalcante

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O fim de semana está com programação especial por conta da II Semana Cultural Apolo, cujo tema é MS sem Homofobia – Direito Nosso, Dever do Estado. Organizada pela Rede Apolo, uma organização do terceiro setor que reúne homens gays e bissexuais do estado, o evento vai superar em muito a edição ocorrida em 2014. Conversamos com David Andrade, presidente da instituição, para pegar mais detalhes e aproveitamos para fazer um balanço dos quase dois anos de atuação da Apolo em Mato Grosso do Sul. Confira a entrevista!

A segunda edição da Semana Cultural Apolo parece mais incrementada que ano passado, o que é excelente. Quais as novidades que os participantes irão constatar?

O diferencial este ano vão ser as atrações nacionais. Conseguimos trazer a Silvetty Montilla e a Rose, a Doméstica das Bichas, que se apresentarão durante dois dos três dias de evento. Além destas apresentações, vamos ter mais uma entrega do Troféu Apolo Amigos da Causa, que este ano teve categorias escolhidas pelos internautas. Vamos ter também o desfile Diversidade em Moda, com estudantes de moda da Uniderp, e também da grife Capela Fashion. Isso sem falar nas apresentações musicais, de teatro e de dança. Por fim, mas não menos importante, também vamos ter a eleição do novo Mister Diversidade MS, e mostra de curtas-metragens. Tudo isso no intuito de fomentar a variedade cultural da cidade e enaltecer o trabalho de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis em Mato Grosso do Sul.

A Apolo também abraçou o concurso Mister Diversidade, que lançou o Carlos Gabriel e trouxe o título nacional para MS. Na opinião de vocês, qual a importância deste concurso para o estado?

Pode parecer clichê, mas o concurso do Mister Diversidade vai além de um concurso de beleza. Aquele que é eleito mister, passa a ter também um compromisso com as problemáticas LGBT, no sentido de que assume um papel político, de militância mesmo… Isso enriquece o movimento e as lutas deste segmento na busca por seus direitos perante o estado e a sociedade em geral.

De fato, o Carlos Gabriel teve um reinado exemplar. Mas os candidatos deste ano também estão muito bons. Queria saber como funciona a sensibilização dos candidatos. É difícil convencê-los a participar do concurso?

Olha, vale lembrar que as inscrições partem da iniciativa dos próprios candidatos e isso já é muito importante, facilita todo o trabalho. Eles não são modelos profissionais, não têm intimidade com as câmeras, com imprensa e mesmo assim vencem a timidez e inexperiência, porque acreditam na seriedade do concurso. Isso é muito bacana! Eles estão muito felizes com todo o processo e ansiosos para o concurso do próximo sábado. A propósito, estão todas e todos convidados!

É impossível negar que tanto a Rede como os integrantes dela amadureceram significativamente desde a fundação da entidade. O que aconteceu, exatamente? Que caminhos vocês seguiram pra dar o recado no combate à homotransfobia em MS?

Amadurecimento é sem dúvida a palavra certa. Desde a fundação até hoje a Rede cresceu, atraiu novos membros e o trabalho feito pela Rede Apolo foi ganhando credibilidade e respeito. Atualmente, já possuímos uma diretoria sincronizada e temos membros que ajudam direta ou indiretamente no nosso trabalho. O coletivo sem dúvida é o que mantém a Rede Apolo e os trabalhos que nos engajamos.

Como acontecem as reuniões? O que é discutido? Existe formação política e social sobre diversidade e gênero? Como um homem gay pode se filiar à Rede?

Oficialmente, a Rede Apolo realiza ao menos uma reunião mensal, que ocorre sempre ao primeiro sábado de cada mês, e que é aberta para todos os membros com a exposição das ações da rede durante todo mês, e futuros projetos. Mas na prática, muito raramente se resume em apenas uma. Isso porque o trabalho da diretoria e comissões é constante, então quanto mais encontros são feitos, mais deliberações são tomadas em comum acordo entre todos os membros. Quanto a filiação, qualquer homem gay e bissexual pode se filiar. O primeiro passo é a iniciativa e vontade de se engajar no trabalho da Rede e disposição em contribuir de alguma forma. Questões de gênero, sexualidade e diversidade sexual são temas recorrentes em todos os encontros. O aprendizado é constante e ocorre da troca de experiências entre os próprios membros por meio de palestras e mesas de discussão.

Que avaliação a direção da Apolo faz da entidade nestes quase dois anos de atuação? O que vocês conquistaram?

Temos muitos resultados bons. Por exemplo, a Rede Apolo participou do encontro Tecendo Redes, para discussão de demandas da população jovem, de negros, indígenas e LGBTs em Mato Grosso do Sul. Também promoveu “Grito Contra Homofobia” com distribuição de panfletos na região central de Campo Grande, que atraiu a curiosidade de populares e até da imprensa. Fizemos uma Campanha do Agasalho, destinada aos presidiários da ala GBT do Instituto Penal de Campo Grande. Também promovemos encontros que discutiram a cidadania LGBT em Dourados, no interior do estado. A rede também promoveu primeiro “Seminário de Direitos Humanos e Saúde dos Homens Gays de MS” e esteve representada na cidade do México, na Conferência Internacional de Serviços Públicos. Tem mais coisas… Nós enviamos um representante para formação de Jovens Lideranças promovida pela ONU, em Brasília e participamos do lançamento da campanha “Igualdade e Respeito à Diversidade Sexual”, que foi promovida pelo Ministério Público e diversos encontros com autoridades do estado. Estes são apenas alguns dos muitos exemplos de ações e encontros da Rede, só este ano. Tudo fruto de muito trabalho, o que nos tem dado sempre um bom retorno e respeito.

A Apolo também conquistou espaço na realização da Parada da Diversidade em Campo Grande. A contribuição de vocês é bem vinda pela ATMS, quem historicamente organiza o evento? Como é a relação dos homens gays da Apolo com a ATMS?

Olha, é a melhor possível. A ATMS, assim como a Rede Apolo, é um exemplo de entidade que luta pela garantia de direitos de uma minoria que ainda sofre muito preconceito, é vítima de violência e desrespeito. Não tem porque não caminharmos juntos. Quanto a parada LGBT da cidade, também não há também nenhum tipo de restrição ou resistência, pelo contrário. Nossa luta é praticamente a mesma. Somos parceiros.

Pelo exemplo de outras redes de homens gays, acho extremamente interessante que vocês abracem as outras bandeiras da diversidade, como a da comunidade T (travestis, transexuais e transgêneros). Qual o espaço que pessoas trans tem na luta contra as transfobias?

Mesmo sendo uma entidade que tem como parâmetro a filiação de homens gays e bissexuais, nós não limitamos as ações exclusivamente para este público. Tanto é que a Rede Apolo luta pelos direitos de todo o segmento LGBT, consequentemente, de transexuais e travestis, que além de parceiras, também são apoiadoras do trabalho da Rede.

Considero Mato Grosso do Sul um estado com bastante atuação das entidades no combate à homotransfobia, mas ainda inerte em relação às políticas públicas. Acompanho o trabalho de vocês e sei da participação ativa neste processo, como vocês já mencionaram. Quais são os principais desafios, em relação à entidade, em mato Grosso do Sul?

Bem, a proposta este ano da II Semana Cultural Apolo, é justamente baseada sobre anseios da própria população LGBT. O tema é “Direito Nosso, Dever do Estado”, pois é o nosso direito à família, à educação, ao respeito, à saúde, à segurança, à união estável… Dentre uma série de outros deveres, que deveriam ser assegurados em sua plenitude pelo estado. Não acontece assim sempre. Um último exemplo, foi a aprovação do Plano Municipal de Ensino, em Campo Grande, onde foram suprimidas as questões de identidade de gênero no ensino das escolas. Uma triste derrota, mas a certeza de que não podemos parar com nosso trabalho.

II Semana Cultural Apolo

Falando em no evento que vai nos tirar de casa neste fim de semana, trouxemos a programação completa para vocês logo abaixo. No site[http://redeapolo.org.br/] da organização, há mais detalhes e outras informações sobre a rede. Confira:

SÁBADO

Mister Diversidade MS 2015 & Desfile “Diversidade em Moda”
Local: MARCO | Museu de Arte Contemporânea de MS
Rua Antônio Maria Coelho, 6000, Parque das Nações Indígenas

Participações especiais:
Atração Nacional | Rose, a doméstica das bichas
Mister Brasil Diversidade 2013/2014 | Carlos Gabriel
UNIDERP | Faculdade de Moda
Capela Fashion | Renan Mendonça
Produtor | Luiz Gugliatto

Pick-Up:
DJ Deko Giordan

DOMINGO (Dia Mundial do Orgulho LGBT)

Peça Teatral | Curta-metragem | Mesa de Sujeitos LGBT
Local: MIS | Museu da Imagem e do Som de MS
Avenida Fernando Corrêa da Costa, 559, Centro

Peça:
Subcutâneo: O que te define está por baixo da tua pele

Participação especial:
Autores da peça | Leandro Faria e Philipe Faria
OAB/MS | Comissão da Diversidade Sexual | Júlio Valcanaia
Voz e Violão | Aguinaldo Oliveira

Pick-Up:
DJ Froilan Port

 

Suprema Corte dos EUA aprova o casamento gay nacionalmente

A Suprema Corte americana aprovou nesta sexta-feira (26) o direito de casais do mesmo sexo se casarem pela Constituição. Com placar acirrado (5 votos a favor e quatro contra), a vitória está sendo comemorada pelos quatro cantos dos Estados Unidos.

Na prática, a decisão significa que o casamento homoafetivo está garantido pela Constituição, o que implica que os estados não podem mais barrar os casamentos entre homossexuais. Agora, casamentos gays serão reconhecidos em todos os 50 estados estadunidenses.

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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