29/03/2024 - Edição 540

True Colors

Você já escolheu seu gênero?

Publicado em 14/02/2014 12:00 - Guilherme Cavalcante

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A gente sabe que a comunidade LGBT enfrenta diariamente a negação de direitos, mas a coisa toma uma proporção completamente absurda quando se tratam de travestis e pessoas trans. Há poucos dias, li o relato de uma conhecida militante transexual, Daniela Andrade, que narra diariamente em seu Facebook a odisseia que sua vida se tornou até mesmo na hora de regulamentar os documentos para o gênero feminino, conquista obtida depois de ação judicial.

Infelizmente, a burocracia e insensibilidade ainda imperam, mesmo quando se tem um documento judicial na mão.

Mas em outro universo, mais virtual, as coisas vão ficar menos atribuladas. Nessa semana, o Facebook começou a distribuir entre usuários a ferramenta que permitirá que cada um escolha seu gênero sem necessariamente atender à norma binária do masculino ou feminino. Em outras palavras, a rede social resolver dar um basta no cissexismo que existe mundo a fora e vai deixar que os internautas escolham seu gênero da forma que mais se identificarem.

Nessa semana, o Facebook começou a distribuir entre usuários a ferramenta que permitirá que cada um escolha seu gênero.

Entre as opções, estão “transexual”, “de homem para mulher” e “andrógino”. São, ao todo, mais de 50 formas de rotular a identidade de gênero, inclusive com a opção “sem gênero”. Com o novo mecanismo, o Facebook também vai permitir que o sistema se refira aos usuários como no masculino, feminino ou de forma neutra.

Um comunicado do site explicou o porquê de se investir na nova ferramenta. “Reconhecemos que algumas pessoas enfrentam desafios compartilhando sua verdadeira identidade de gênero com os outros, e esta definição dá às pessoas a capacidade de se expressar de forma autêntica”, afirma. De toda forma, quem utiliza o Facebook em língua portuguesa terá que esperar um pouquinho, já que a novidade só está disponível para as plataformas em inglês estadunidense. Thumbs up, Facebook!

 

Homotransfobia mata um LGBT a cada 28 horas

Sem boas notícias neste campo. O levantamento anualmente feito pelo Grupo Gay da Bahia, que foi recém divulgado, contabilizou 312 assassinatos, mortes e suicídios de LGBTs em 2013 – uma média de uma morte a cada 28 horas. A estatística revela que, por mais que o número de mortes de 2012 tenha sido maior (336, ao todo), os crimes homotransfóbicos com vítimas fatais continuam em crescimento, com aumento de 14,7% nos últimos quatro anos.

O relatório do GGB afirma, ainda, que a maioria das mortes de gays acontece na casa da vítima, enquanto a maioria dos travestis morre na rua. Em um ano foram 186 gays, 108 transexuais, 14 lésbicas, 2 bissexuais e 2 héteros mortos, confundidos com homossexuais. O documento também traz as cidades e estados com maior número de assassinatos. Pernambuco foi o campão de 2013, com um total de 34 mortes (inclusive do militante LGBT Lucas Fortuna, cuja morte foi “elucidada” como latrocínio). São Paulo vem na sequência, com 29 mortes. Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais somam 20 assassinatos, cada. Campo Grande somou uma morte, referente a do estudante de publicidade Lawrence Correia.

Mesmo com esses dados alarmantes, muita gente ainda acha que a aprovação da PLC 122 implica em regalias para a comunidade LGBT, considerando a atuação da militância na tentativa de implantar uma ditadura “gayzista”. São tão assustados com essa realidade fantasiada onde LGBTs impões suas vontades que apoiam um troglodita como Jair Bolsonaro para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Duvida? É o que aponta ESTA enquete. Que Deus nos proteja!

 

RuPaul’s Drag Race Season 6!!!

A sexta temporada do reality show mais babado do momento já tem data para estrear: dia 24 de fevereiro! A atração vai ao ar no canal americano Logo, mas aqui a gente tem como dar aquele jeitinho para assistir sem muito delay. Pela qualidade dos vídeos promocionais, parece mesmo que o programa concebido pelo performer RuPaul Charles veio pra ficar. Enquanto o programa não estreia, fiquem com o cast da nova temporada. Em tempo: #teamLaganjaEstranja!

 

Contra a discriminação LGBT

O projeto The Fair Game, criado para apoiar a questão LGBT na Russia, divulgou recentemente um vídeo que traduz exatamente o sentimento de revolta de pessoas LGBT diante do silêncio das nações em relação a lei da mordaça anti-LGBT adotada na Russia, que atualmente sedia os jogos olímpicos de inverno, na cidade de Sochi.

O vídeo é forte e traz cenas de violência. Extremamente bem produzido, ele contrasta a felicidade de um casal gay, que posteriormente é covardemente agredido por atletas robustos, com direito à plateia aplaudindo a cada golpe, pontuação e premiação no final. A mensagem é clara e direta, e se estende à negação de direitos humanos e à institucionalização da violência contra LGBTs em todo o mundo. E por isso mesmo o vídeo deve ser compartilhado por quem o assistir.

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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