27/04/2024 - Edição 540

Poder

Brasileiros criticam deputados, mas 64% não se lembram em quem votaram

Publicado em 05/08/2022 12:00 -

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A falta de fiscalização dos eleitores facilita a vida de parlamentares que se elegem com promessas para a população, mas dedicam os seus mandatos a legislar em causa própria ou a ganhar dinheiro. E, dessa forma, lembram da existência do eleitor apenas a cada quatro ou oito anos. Desta vez, o Auxilio Brasil de R$ 600, trazido pela PEC da Compra dos Votos, será a lembrancinha que pode garantir a reeleição a muitos deles.

Pesquisa Datafolha, divulgada nesta semana, reforça essa percepção, apontando que 64% dos eleitores não se lembram em quem votaram para a Câmara dos Deputados e 65%, para o Senado Federal em 2018. Ao mesmo tempo, 39% rejeitam o desempenho do Congresso e 12% o aprovam.

Há poucos parlamentares que se esforçam em criar e manter canais de comunicação e de gestão participativa com seus eleitores. Pelo contrário, a maioria se aproveita de que o grosso da população está mais preocupado com a sua sobrevivência diária e não encontra tempo para acompanhar a aprovação de leis que reduzem a proteção de trabalhadores ou pioram sua aposentadoria.

Entre os 17% que se lembram do voto para deputado ou deputada federal e a pessoa em quem votou foi eleita, 36% não acompanham o trabalho parlamentar. E entre os 14% que se lembram em quem votaram para senador ou senadora e a pessoa foi eleita, 38% não imagina o que ela faz agora.

Cerca de dois terços da população, portanto, entregou o voto a alguém e esqueceu. Ou seja, não fiscalizou, nem cobrou a efetividade de suas promessas ou a qualidade da representação política dos interesses de sua comunidade.

O que não significa que ela não sinta os impactos, gerando repercussão nas urnas a cada quatro anos.

A avaliação negativa do Congresso Nacional caiu de 45%, em dezembro de 2019, para 32%, em maio de 2020, enquanto a positiva foi de 14% para 18%. Nesse período, ocorreu a aprovação e o início do pagamento do auxílio emergencial de R$ 600/R$ 1200 durante a primeira onda da pandemia de covid-19.

Bolsonaro levou os maiores louros, mas deputados e senadores também melhoraram a imagem frente à opinião pública. O que é justo, porque se dependesse do presidente da República e do ministro da Economia, Paulo Guedes, o auxílio seria de apenas R$ 200. Foi o Congresso que empurrou o valor para cima, pressionado pela sociedade civil e sindicatos.

A desaprovação do Congresso oscilou dentro da margem de erro de 41% para 39% e a aprovação, de 10% para 12%, de dezembro para cá. Mas o aumento do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600, bem como o início do benefício para 2 milhões de famílias que estavam na fila, bem como a subida no valor do vale-gás, começa na próxima semana.

Ou seja, esse índice ainda deve melhorar – e, com ele, as chances de reeleição de parlamentares em outubro. Vale lembrar que, no Senado, foram 72 votos a favor da PEC da Compra dos Votos e apenas o de José Serra (PSDB-SP) contra no primeiro turno. Na Câmara, foram 425 a favor da proposta e apenas sete contra.


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