25/04/2024 - Edição 540

Poder

Movimentos pela paz, em defesa da democracia e do respeito às eleições se fortalecem

Publicado em 05/08/2022 12:00 -

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Depois do episódio em que Jair Bolsonaro atacou o sistema eleitoral brasileiro, a democracia e ministros das altas cortes brasileiras no dia 18 de julho, diante de embaixadores de dezenas de países, se espalharam avaliações de que havia sido um grande erro, junto a relatos de bastidores em que diplomatas se diziam estupefatos. Desde então, manifestações e cartas em defesa da democracia e da paz, incluindo entidades e personalidades até então silenciosas, se disseminaram pelo país.

Até o fechamento desta edição, na sexta-feira (5), a Carta às Brasileiras e Brasileiros em Defesa do Esatado de Direito ultrapassava as 756 mil assinaturas. Além disso, entidades do agronegócio e da indústria médica se somaram ao manifesto em defesa da democracia articulado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O documento está assinado por mais de 100 entidades. A entidade empresarial desde janeiro deste ano é presidida por Josué Gomes da Silva, considerado um democrata por Luiz Gonzaga Belluzzo, por exemplo.

Anúncio de página inteira antecipado pela CNN Brasil é previsto para ser publicado nos jornais Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo e Valor Econômico nesta sexta-feira (5). Nele, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (PróGenéricos) e Todos Pela Educação aderiram ao manifesto da Fiesp já assinado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), 11 centrais sindicais de trabalhadores, União Nacional dos Estudantes, USP, Unesp, entre outras instituições.

Contra “divisionismos que ameaçam a paz”

Uma visita de Bolsonaro à Fiesp, prevista para o próximo dia 12, havia sido antecipada para o dia 11 a pedido do presidente. O 11 de agosto será o dia da leitura da Carta aos Brasileiros na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco. E também de manifestações do movimento nacional “fora Bolsonaro”, composto por dezenas de movimentos sociais. Informado de que seria convidado a assinar o manifesto da Fiesp, Bolsonaro desistiu de ir à federação. Organizações da sociedade calculam que quanto maior a mobilização em defesa da democracia, maior a chance de os atos golpistas convocados por Bolsonaro para 7 de setembro esvaziarem.

“Queremos um país próspero, justo e solidário, guiado pelos princípios republicanos expressos na Constituição, à qual todos nos curvamos, confiantes na vontade superior da democracia”, diz o anúncio, divulgado pela CNN. “Ela se fortalece com união, reformando o que exige reparos, não destruindo; somando as esperanças por um Brasil altivo e pacífico, não subtraindo-as com slogans e divisionismos que ameaçam a paz e o desenvolvimento almejados”, diz o texto.

“Todos os que subscrevem este ato reiteram seu compromisso inabalável com as instituições e as regras basilares do Estado Democrático de Direito”, afirma ainda o documento, que enaltece esta condição para o desenvolvimento, “o desafio maior do Sete de Setembro neste ano”. A menção ao bicentenário da Independência é emblemática, já que Bolsonaro reitera sistematicamente a convocação a seus apoiadores a irem às ruas “pela última vez” nessa data.

Agronegócio

Em outra manifestação impactante nas hostes bolsonaristas, a Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura, que reúne 300 companhias ligadas ao agronegócio, indústria e varejo e entidades ambientalistas, divulgou nota no último dia 3 em defesa do resultado das eleições.

“O futuro que queremos depende do diálogo entre divergentes e do respeito ao resultado das eleições. Este deve ser um ponto pacífico entre todos os atores que se dispõem a representar a sociedade brasileira à frente de um Estado democrático de Direito”, afirma a Coalizão.  “Em seu alicerce estão eleições limpas, onde se manifesta a vontade popular”.

O comunicado destaca ainda que, nos últimos 37 anos (portanto desde 1985, último ano do governo do general João Baptista Figueiredo), o Brasil se dedicou a “edificar um regime cidadão de instituições sólidas e calcado no respeito à lei e no equilíbrio de direitos e deveres”.

Bolsonaro debocha da carta em defesa da democracia

“Assinar papel qualquer um assina”, disse Bolsonaro sobre a “Carta pela Democracia”. Ninguém assina qualquer papel. Tanto que ele, que se diz democrata, perfeitamente enquadrado nas quatro linhas da Constituição, não assinou a carta que será lida no próximo dia 11 com toda pompa e circunstância. E por que não assinou?

Porque entende que a carta é contra ele, embora ela não o mencione sequer indiretamente, nem ao seu governo. Dito de outra forma: Bolsonaro vestiu a carapuça porque sabe que não é e nunca foi democrata. Democrata não defende ditadura e tortura.

Com desprezo pela inteligência alheia, de preferência a inteligência dos seus devotos, Bolsonaro comparou as medidas de isolamento social adotadas por governadores e prefeitos durante a pandemia com medidas típicas de uma ditadura. Ele combateu o isolamento.

Preocupado, como disse à época, com a salvação da economia, do contrário seu governo iria para o buraco, sabotou as medidas de isolamento e defendeu que morresse quem tivesse de morrer. O Brasil é um dos recordistas em número de mortos pela Covid.

Pesquisas de opinião encomendadas pelo governo atestam que as palavras de Bolsonaro contra a democracia lhe subtraem votos, mas por coerência ou teimosia ele as repete. Tomara que não mude até passarem as eleições de outubro. Faltam menos de dois meses…


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