19/04/2024 - Edição 540

Mato Grosso do Sul

MS entra em nova era da celulose com megafábricas que vão investir mais de R$ 34 bilhões

Publicado em 28/06/2022 12:00 -

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Mato Grosso do Sul vislumbra nos próximos anos mais de R$ 34 bilhões de investimentos somente em duas megafábricas de celulose: a Suzano com o Projeto Cerrado em Ribas do Rio Pardo e o Projeto Sucuriú da chilena Arauco anunciado na semana passada. Somente em valores as obras representam quase o dobro do orçamento anual do Estado que é de R$ 17 bilhões. Os empreendimentos vão garantir nos próximos anos que o Produto Interno Bruto do Estado (PIB) avance 5%.

A atração de empresas deste porte colocará o Estado como o maior polo mundial de celulose. A avaliação foi feita pelo governador do Estado Reinaldo Azambuja que destacou que o desenvolvimento se faz com políticas públicas efetivas e segurança jurídica. "Este momento é especial. Não se escolhe um local para um empreendimento deste porte se não tiver segurança jurídica e confiabilidade", comemorou.

Só na parte industrial serão investidos mais de R$ 15 bilhões pelo grupo chileno Arauco em Inocência. Se somado o projeto da base florestal isso vai chegar a R$ 20 bilhões. Ou seja serão necessários mais R$ 5 bilhões para plantar 290 mil hectares de floresta. "Esse investimento aqui em Mato Grosso do Sul vai significar um crescimento do PIB do Estado superior a 5% nos próximos anos, o que coloca MS na dianteira do desenvolvimento nacional", comemorou Azambuja.

Ele lembrou que os incentivos que foram dados a Arauco são os mesmos que a Eldorado e a Suzano receberam. "Os incentivos são os mesmos que serão direcionados a outros que quiserem vir porque a cadeia produtiva é tratada como um todo no Estado. Não criamos uma competição desleal. São atrativos iguais. Sabemos da importância de uma política de atração de empreendimentos com geração de empregos", acrescentou.

O governador afirmou que o Estado criou uma base sólida de investimentos que geram empregos para Mato Grosso do Sul. Tanto que somente a Arauco prevê a abertura de mais de 12 mil vagas apenas na fase de construção da planta em Inocência. "Quando em operação a fábrica vai gerar mais 550 empregos diretos e indiretos e mais 1.800 na parte florestal. Isso representará 14,3 mil famílias contempladas", afirmou.

Já o Projeto Cerrado da Suzano em Ribas do Rio Pardo, com um investimento de mais de R$ 19 bilhões, está com as obras aceleradas. Atualmente, a obra da fábrica da Suzano em Ribas do Rio Pardo conta com cerca de 4.000 trabalhadores (dados de junho/2022). No primeiro semestre de 2023, quando deverá ocorrer o pico da obra, serão criados cerca de 10.000 empregos diretos no empreendimento, gerando também milhares de empregos indiretos na região. Quando entrar em operação, a nova fábrica da Suzano terá 3.000 postos de trabalho, entre diretos e indiretos atendendo as operações industrial e florestal.

A Suzano também possui duas fábricas em Três Lagoas, que geram 6.000 postos de trabalho entre diretos e indiretos, considerando as operações industriais e florestais.

Azambuja disse que Mato Grosso do Sul vive uma valorização de ativos regionais. "Com este empreendimento da Arauco serão valorizadas as propriedades rurais, o comércio e toda a atividade econômica na região de Inocência, Cassilândia, Paranaíba Água Clara e Três Lagoas. Todos estes municípios serão impactados positivamente", argumentou.

Diretrizes fortes

O secretário de Estado de Produção, Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico e Agricultura Familiar (Semagro) Jaime Verruck, salientou os desafios que o Estado enfrentou para chegar até este momento de economia pujante. "Estabelecemos como uma das diretrizes estruturar o Mato Grosso do Sul através do planejamento. Dentro disso conseguimos estabelecer um rumo para o Estado", relembrou.

Um dos caminhos para desenvolver o Mato Grosso do Sul era fomentar projetos estruturantes. "Fizemos isso com diversificação, agroindustrialização e aumento das nossas exportações com diversificação também dos mercados internacionais", destacou.

Verruck pontua que foi necessário adequar e preparar o Estado para atrair investimentos com estrutura. "Fizemos o dever de casa. Reduzimos o teto de gastos, fizemos mudanças fiscais, de incentivos, instalamos um Escritório de Parcerias Público Privadas. Tudo para arrumar o Estado. E hoje colhemos os frutos", alegou.

Atualmente são três fábricas de celulose instaladas e em operação no município de Três Lagoas: uma da Eldorado Brasil, com capacidade de produção de 1,8 milhão de toneladas de celulose por ano; duas da Suzano, que produzem 3,25 milhões de toneladas por ano. A Suzano iniciou a construção de mais uma fábrica no Estado, em Ribas do Rio Pardo, que será a maior planta industrial de celulose do mundo, produzindo 2,55 milhões toneladas/ano. "Temos três plantas de celulose em operação com produção de 5 milhões de toneladas por ano. Três Lagoas é considerada a capital mundial da celulose e MS é o Estado que mais exporta no país 27% de toda a celulose comercializada no exterior. A Suzano é líder na exportação e nos próximos anos vamos manter esta liderança", adiantou.

Com relação a base florestal Verruck destaca que Mato Grosso do Sul conta atualmente com 1,3 milhão de hectares cultivados. "Só a demanda atual é de 542 mil hectares adicionais. Com o empreendimento da Arauco este montante deve crescer mais o que nos levará a uma área estimada em breve de 2 milhões de hectares e seremos o primeiro na produção florestal", lembrou.

E mais, será um crescimento sustentável na expansão das florestas. "A indústria sul-mato-grossense não expande sua área em cima de mata nativa. São mais de 8 milhões de hectares de pastagens degradadas, e por isso temos a possibilidade de crescer reformando estas áreas de pasto. Somos o primeiro Estado do Brasil na Integração Lavoura Pecuária e Florestas (ILPF). Hoje nossa indústria florestal gera 26 mil empregos diretos. Ou seja estamos redefinindo o desenvolvimento da Costa Leste", finalizou.

Pavimentação da MS-320 integra rota da celulose e realiza sonho de produtores

Na Costa Leste de Mato Grosso do Sul, a pavimentação da MS-320, no trecho que liga Três Lagoas ao trevo Vera Cruz, na MS-377, promete integrar toda uma região produtora de florestas plantadas, fortalecendo a cadeia da celulose e o sistema logístico. A obra ainda concretiza sonhos de produtores rurais que vivem e trabalham na região, já que, depois de pavimentado, o caminho servirá de nova rota de conexão entre Três Lagoas, Água Clara, Inocência, Paraíso das Águas e Chapadão do Sul.

A autorização para o início da obra na rodovia foi dada pelo governador Reinaldo Azambuja nesta semana, após o anúncio de que a empresa chilena Arauco vai construir em Inocência uma nova fábrica de celulose, a 5ª de Mato Grosso do Sul, em um investimento de R$ 15 bilhões.

Segundo o governante, nesta etapa serão pavimentados 31,7 quilômetros da MS-320. "As máquinas já estão aqui, começando a pavimentação. Esse primeiro trecho recebe R$ 76 milhões de investimentos. Vamos fazer essa rodovia completa, pois é uma integração muito importante para o escoamento do eucalipto e da produção. Os outros (dois) trechos já contratamos projeto executivo também para licitar e deixar tudo isso organizado", destacou Reinaldo Azambuja.

Em Três Lagoas, a MS-320 inicia no entroncamento com a MS-158 e segue até o trevo Vera Cruz, na MS-377. Neste ponto, quem viaja pela estrada pode seguir reto por 155 quilômetros até Paraíso das Águas, virar à esquerda e continuar por mais 85 quilômetros até chegar em Água Clara ou dobrar à direita e seguir mais 51 quilômetros até Inocência.

Sonho de gerações

Segundo a produtora rural Mara Cristina Viana Belchior, de 52 anos, o movimento de veículos pesados em toda a região é intenso por causa do escoamento do eucalipto, matéria-prima da celulose fabricada na Costa Leste. "E o tráfego na MS-320 também é muito grande. Quando chove, os veículos atolam e fica difícil", revelou. "A obra é importante porque melhora o acesso e dá mais segurança. É um sonho", destacou.

Mara é uma das integrantes do Grupo Mulheres do Agro de Três Lagoas (Matrel), que reúne cerca de 80 produtoras rurais da cidade. Parte da associação se encontrou com o governador Reinaldo Azambuja para falar sobre as melhorias na MS-320 e agradecer o início das obras.

Selma Rosane Bento, 55, uma das mulheres da Matrel presentes no encontro, ressaltou a importância do asfalto para a produção rural. "O custo do transporte encarece na estrada de terra. Então, o benefício vai ser grande para o transporte e até para o emprego porque a estrada de terra traz dificuldades e o asfalto facilita o acesso, transporte e escoamento. Facilita a vida, valoriza a propriedade e traz uma série de benefícios à população e aos usuários da estrada", pontuou.

Outra produtora com fazenda na rodovia é Viviane Jussara Zacarias, 47. Para ela, além dos benefícios econômicos, a rodovia pavimentada representa a realização de um sonho de família. "Meu pai é pecuarista daqui, já é falecido, e ele dizia que nunca sairia o asfalto e que nem a neta dele iria ver. Estamos há muitos anos esperando. Há 25 anos pleiteando. E agora, graças a Deus e ao nosso governador, vamos ver esse asfalto. Estamos agradecidos e contentes com isso", revelou ela, que tem uma filha de três anos.

Produtor membro do Sindicato Rural de Três Lagoas, José Luiz Galvani, 56, vive há 30 anos na região. Ele também tem histórias sobre as dificuldades enfrentadas ao longo dos anos na MS-320 e agora, com o começo da obra de pavimentação, acredita que o sonho está prestes a se tornar realidade, conectando sonhos das antigas com as novas gerações.

"Meu avô comprou uma propriedade nessa estrada. Em 1973 nós estávamos andando 110 quilômetros de terra e sofrendo. Eu lembro que era menino, tinha oito anos e uma hora perguntei ao meu avô: ‘daqui a 10 anos vou ter 18 e vou tirar a carta. Essa estrada vai estar asfaltada?’. E ele disse que com certeza que a estrada estaria asfaltada. O meu pai faleceu em 2004, o meu avô em 2008 e só tenho um tio vivo. E esse tio falou que não iríamos ver a MS-320 asfaltada. Mas ele está com 82 anos e vai ver sim", contou José Luiz.

"O governador Reinaldo Azambuja nos dá uma alegria hoje imensurável. O sentimento é de gratidão ao governador e de esperança de que vai chegar os outros trechos para ligar a 320 até a 377", completou o produtor.


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