26/04/2024 - Edição 540

Viver Bem

Fiocruz lança campanha contra aprovação do cigarro eletrônico

Publicado em 22/06/2022 12:00 -

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O anúncio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de que começaria a receber evidências técnicas sobre o uso de cigarros eletrônicos levantou um alerta em entidades de saúde. A agência sofre forte pressão do mercado para que autorize a venda de Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEF) – ou vapers, e-cigarettes, pods – cuja venda, importação e propaganda são proibidas desde 2009. A indústria do tabaco alega que fazem menos mal à saúde, e que podem auxiliar aqueles que desejam abandonar o vício da nicotina. Mas há evidências científicas de que fazem tão mal quanto o cigarro de papel – e estão sendo cada vez mais utilizados por jovens.

Para fazer frente à coerção da indústria, o Centro de Estudos sobre Tabaco e Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP), da Fiocruz, lançou, na última segunda-feira, uma campanha que ajuda a conscientizar sobre os riscos do cigarro eletrônico. Também reúne nomes em um abaixo-assinado contra a inserção do dispositivo no mercado brasileiro. Alegam que, se for permitido, sua venda e uso se ampliarão significativamente, causando um impacto à saúde pública.

Esses DEFs atraem jovens por serem vendidos em formatos atraentes e poderem ser saborizados. É uma maneira de a indústria do tabaco driblar as campanhas antitabagistas e alcançar um público que não conseguiria com o cigarro comum. “Um estudo do Instituto Nacional de Câncer (INCA), publicado em maio de 2021, apontou que o uso de cigarro eletrônico aumenta em mais de três vezes o risco de experimentação de cigarro convencional entre quem nunca fumou, e mais de quatro vezes o risco de uso regular do cigarro, contribuindo para a desaceleração da queda do número de fumantes no país”, explica a matéria publicada no portal da Fiocruz.

E o lobby da indústria do tabaco para a sua aprovação é pesada. Uma reportagem de O Joio e o Trigo, publicada no final de 2021, desvenda as táticas que usa para se infiltrar na Anvisa. O Brasil tem um mercado consumidor potencial muito grande, que atrai empresas como a British American Tobacco (BAT), Altria, Philip Morris entre outras. Uma das investidas registradas na reportagem da BAT, por exemplo, é a contratação de uma ex-diretora da Anvisa, Alessandra Bastos. Há também grandes investimentos em publicidade sorrateira, por meio de influenciadores digitais.


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