20/04/2024 - Edição 540

Legislativo

ALEMS debate a Rota Bioceânica

Publicado em 27/05/2022 12:00 -

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O potencial de produção, de negócios e de infraestrutura de Mato Grosso do Sul e de regiões do Paraguai, Chile e Argentina reforça a importância da efetivação do comércio com o mercado asiático através do Oceano Pacífico. O assunto foi discutido no painel “Integração na Rota Bioceânica”, realizado no final da tarde e na noite de quinta-feira (26), no Plenário Deputado Júlio Maia, na Assembleia Legislativa. O evento encerrou os trabalhos do primeiro dia do Fórum “Integração dos Municípios do Corredor Bioceânico”.

Tendo como moderador o ministro da carreira diplomática do Ministério das Relações Exteriores, João Carlos Parkinson de Castro, coordenador nacional do Corredor Rodoviário Bioceânico, o painel oportunizou trocas de informações e experiências com riqueza de conteúdo em nove apresentações.

Os palestrantes abordaram a experiência da Itaipu Binacional como financiadora de obras públicas, produção agrícola de Mato Grosso do Sul e do Paraguai, ambiente chileno de negócios, benefícios da Zona Franca de Iquique (Zofri), no Chile, possibilidade de ampliação de voos de cargas a Antogofagasta, também no Chile, potencial econômico da província de Salta, na Argentina, força produtiva e de negócios do cooperativismo e a aproximação entre os setores público e privado.

Itaipu Binacional

O painel se iniciou com a apresentação “A Experiência Inovadora do Financiamento de Obras Públicas por Itaipu Binacional”, feita pelo engenheiro e advogado Carlos Marun. Ele relatou, em linhas gerais, a história de Itaipu, destacando a experiência da usina no investimento em obras. Marun enfatizou a previsão entre as ações da Itaipu a possibilidade de promover o desenvolvimento do Brasil e do Paraguai por meio de investimento em infraestrutura.

Produção agrícola de MS e do Paraguai

O crescimento agrícola estadual foi salientado pelo gerente técnico do Sistema Famasul, José Carlos de Pádua Neto, na apresentação “O Potencial Agrícola de Mato Grosso do Sul e o Corredor Rodoviário Bioceânico”. Pádua Neto informou, entre outros dados, que nos últimos dez anos, que a área de plantio de soja cresceu em 1,7 milhões de hectares e a de eucalipto em 770 mil hectares. “Isso nos impulsiona a buscar novos horizontes de exportação, especialmente a Ásia. Portanto, esse corredor via Pacífico é muito importante para Mato Grosso do Sul”, concluiu.

O potencial agrícola do Paraguai também foi pautado no painel. Em participação virtual, Luis Cubilla e María Luisa Ramirez, da Cámara Paraguaya de Exportadores y Comercializadores de Cereales y Oleaginosas (CAPECO) fizeram a apresentação “Potencial Agrícola do Chaco Paraguaio”. Eles informaram sobre a produção agrícola no Chaco, região que abriga cerca de 240 mil paraguaios. “Penso que a Rota Bioceânica será fundamental para o desenvolvimento do Chaco Paraguaio”, disse.

Chile: ambiente de negócios, zona franca e voos de cargas

O Chile foi abordado em três apresentações. Na primeira, intitulada “Chile, ambiente de negócios e oportunidades de investimento”, Vanessa Severin, da Invest Chile, informou que o Chile, que tem o segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) per capita da América Latina, é considerado, desde 2018, a nação latino-americana mais competitiva do Fórum Econômico Mundial e um dos mercados mais atrativos.

Também sobre o Chile, houve a apresentação “As vantagens de Zofri”, feita por José Pedro Alvarez, gerente de negócios dessa zona franca. Ele informou que a Zofri é uma empresa público-privada, que tem 31 tratados de livre comércio com diversos países, entre os quais está o Brasil. A Zofri comporta mais de 2 mil empresas, das quais 57% são estrangeiras e dessas, 33%, são asiáticas.  

Depois da apresentação de Pedro Alvarez, o ministro Parkinson, em sua intervenção, falou sobre a possibilidade de voos de carga direitos de Campo Grande para Antofagasta, no Chile. A informação, que deve estar entre os resultados do Fórum, foi reforçada por Oscar Mártinez, que fez a apresentação “Terminal Internacional de Cargas: Aeroporto Andrés Sabella em Antofagasta”. Martinez é gerente de operações desse terminal. Ele disse que haverá vôo de carga saindo de Campo Grande até o Chile. Sem dar detalhes, o gerente informou ter conseguido, durante o Fórum, parceiro local para o empreendimento. “Nosso desafio é descentralizar São Paulo e Santiago e termos voos regulares de cargas, como de Campo Grande ao Chile”, afirmou.

Argentina e a diversidade econômica de Salta

O potencial agrícola argentino foi destacado por Diego Saravia, diretor-geral de Comércio Exterior da Província de Salta, na apresentação “Oferta Exportável”. Ele falou em nome do Ministério da Produção e Desenvolvimento Sustentável. “Salta é uma das províncias argentinas com maior variedade de produção agrícola”, afirmou. Entre outras características econômicas, a região se destaca na agroindústria, no turismo, em gás e petróleo, e na produção de diversas culturas, como feijão, milho, soja, cítricos e tabaco.

Força do cooperativismo e aproximação entre setores público e privado

O cooperativismo também foi tratado no painel. Na apresentação “O Cooperativismo de Resultados: a experiência da Lar”, Vandeir Conrad, superintendente de Negócios Agrícolas da Lar Cooperativa Agroindustrial, apresentou dados que mostram a força da organização de pequenos agricultores. Ele informou que a Lar, que realiza 80% de seu negócio agrícola com Mato Grosso do Sul, tem 24.647 funcionários. “É a cooperativa singular que mais emprega no Brasil”, disse. Conforme Conrad, a maioria dos associados da Lar é formada por pequenos produtores – na cooperativa, 49,2% dos associados têm propriedades de até 20 hectares.

A última fala da noite foi de Ramon Ortellado, secretário-geral da Bripaem, associação civil público-privada formada por prefeitos e empresários dos países membros e associados ao Mercosul. Na apresentação “Bripaem, integração produtiva”, Ortellado afuirmou que a associação é importante no processo de efetivação da Rota Bioceânica por aproximar os setor público e privado, estimulando-os a trabalharem juntos.

Saiba mais sobre o 1º Fórum “A Integração dos Municípios do Corredor Bioceânico”: 

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Reunião reforça necessidade de união parlamentar transnacional

Os entrosamentos e ações transnacionais de parlamentares são fundamentais no processo de efetivação da Rota Bioceânica, projeto que liga os oceanos Atlântico e Pacífico por meio de corredor que passará por territórios do Brasil, Argentina, Paraguai e Chile. A necessidade desse esforço político nacional e internacional foi discutida na reunião da Frente Parlamentar Internacional pela Integração Bioceânica, realizada na Sala da Presidência na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), como parte da programação do 1º Fórum Integração dos Municípios do Corredor Bioceânico.

A reunião foi coordenada pelo senador Nelsinho Trad (PSD/MS), presidente da Frente Parlamentar Internacional pela Integração Bioceânica, e contou com a participação do presidente da ALEMS, Paulo Corrêa (PSDB), dos deputados estaduais Capitão Contar (PRTB) e Felipe Orro (PSD), do ministro João Carlos Parkinson de Castro, coordenador nacional do Corredor Rodoviário Bioceânico, da senadora Simone Tebet (PSDB) e de parlamentares da Argentina, do Chile e do Paraguai.

“É importante falarmos aqui sobre o nosso acompanhamento parlamentar desse projeto, seus alcances e desafios”, disse Nelsinho Trad, propondo a tônica da reunião. “Precisamos ampliar essa Frente Parlamentar Internacional para que a integração possa ser cada vez mais eficiente. Esse Fórum deve servir de exemplo para que outros sejam realizados em demais países. Se sairmos daqui com isso tabulado, teremos um grande feito em todo esse processo”, enfatizou.

O senador também destacou a necessidade de fortalecer as relações entre os parlamentares dos países envolvidos. “Nosso objetivo aqui é justamente o de fortalecer o entrosamento parlamentar de quem acredita nesse projeto. Consequentemente, por esse fortalecimento, vamos fortalecer os braços dos países que neles estão envolvidos”, afirmou. "O entusiasmo não deve se restringir só a este ou aquele parlamentar, mas deve contagiar a todos. E o nosso desafio é promover outro evento semelhante a este no Paraguai, no Chile ou na Argentina”, completou Nelsinho.

Trânsito aduaneiro e fronteiras

Entraves burocráticos relativos ao trânsito aduaneiro foram destacados pelo ministro João Carlos Parkinson. De acordo com ele, as ações concernentes às obras da Rota Bioceânica estão bem encaminhadas, mas é preciso resolver problemas de passagem entre os países. “Como se processará o trânsito aduaneiro e como a carga será distribuída ao longo do território?’, questionou. Entre as alternativas viáveis de solução, o ministro enfatizou a necessidade de abertura de portos secos, que descentralizam a movimentação de cargas.

Parkinson também salientou a importância e necessidade de ações parlamentares conjuntas com atenção às fronteiras. “É preciso que os parlamentares construam uma agenda que valorize a fronteira”, defendeu. Ele comentou que as fronteiras são, historicame

nte, esquecidas, realidade que precisa ser mudada no processo de concretização da Rota Bioceância. “Agora estamos trazendo para o primeiro plano a necessidade de pensar as fronteiras em suas especificidades”, disse, acrescentando que essa preocupação não deve se limitar à finalidade de escoamento da produção, mas também se estender à valorização das pessoas que moram em municípios fronteiriços.  

Engajamento parlamentar

Entre os parlamentares de outros países presentes na reunião, estava o deputado Enzo Cardozo, do Paraguai. Ele ressaltou a necessidade de engajamento político para que sejam criadas condições para melhoria da produção e exportação, com foco no produtor rural. “A classe política deve apoiar este projeto e criar condições para que os produtores rurais cheguem aos mercados internacionais com maior ganho de tempo e de dinheiro”, considerou o parlamentar.

Presidente da Frente Parlamentar para o Corredor Rodovário Bioceânico e coordenador da Comissão de Turismo, Indústria e Comércio, o deputado Capitão Contar, afirmou que levará a discussão sobre a Rota para outras casas legislativas.  "Estamos à disposião para debater esse tema aqui na Casa. Vamos cumprir essa missão de fazer ecoar esse importante tema e leválo para ser debatido em outras assembleia. Esse tema deve ecoar por toda América do Sul", afirmou o deputado. 

Durante a reunião, outros parlamentares usaram a palavra, destacando a importância da Rota Bioceânica na aproximação de mercados, na melhoria das exportações para a Ásia e importações de produtos asiáticos, além do avanço nas relações culturais entre o Brasil, Argentina, Paraguai e Chile. 

No final do encontro, o presidente da ALEMS, deputado Paulo Corrêa, presentou os convidados com pinturas que retratam as belezas naturais de Mato Grosso do Sul. 


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