19/04/2024 - Edição 540

Brasil

Para 62%, governo não deve facilitar acesso a armas

Publicado em 05/05/2022 12:00 -

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Para 62% dos brasileiros, o governo de Jair Bolsonaro (PL) não deveria facilitar a compra de armas de fogo. Cerca de um terço da população (33%), portanto, defende o oposto. Como esperado, o apoio ao acesso às armas é maior entre os seguidores do presidente. Os dados são de pesquisa PoderData divulgada no último dia 2.

Entre os 50% que avaliam o trabalho do presidente como ruim ou péssimo, 82% são contra a facilitação do acesso às armas. Dos 20% que dizem que o seu governo é regular, dois terços (67%) também são contra o armamento da população. No entanto, entre os 28% que classificam o governo como ótimo ou bom, o apoio às armas vai a 69%.

O repúdio à facilitação do acesso às armas é maior entre as mulheres (70% a 22%, na mesma comparação), jovens de 16 a 24 anos (74% a 24%), no Sudeste (70% a 27%), e entre os que cursaram até o ensino fundamental (67% a 26%). Por outro lado, o apoio às armas aumenta – ainda que não seja majoritário – entre os homens (53% a 45%), pessoas a partir dos 60 anos (49% a 42%), no Centro-Oeste (51% a 47%) e entre os que concluíram o ensino superior (59% a 41%).

Em relação às faixas de renda, o repúdio é maior entre os que ganham entre dois e cinco salários mínimos (64% a 32%). Entre os que ganham até dois mínimos, 62% são contra a facilitação do acesso às armas, ante 29% que são favoráveis. Já entre os mais ricos, que ganham acima de cinco mínimos, 58% são contra e 42% a favor.

Em 2020, o Exército fiscalizou apenas 2,3% dos arsenais privados do país

No ano passado, 457 novos clubes de tiros esportivos foram abertos no Brasil, mais de 1 por dia. Em relação a 2020, houve crescimento de 34%. Só nos primeiros três meses deste ano, mais 268 foram abertos. No total, segundo o Exército, há no país 2.070 clubes e estandes de tiro com registro ativo.

“A gente não abriu uma escola por dia no Brasil em 2021, mas abrimos clubes de tiros”, observa Michele dos Ramos, assessora especial do Instituto Igarapé, um “think and do tank” independente focado nas áreas de segurança pública, climática e digital e suas consequências para a democracia.

Em 2020, o Exército fiscalizou apenas 2,3% dos arsenais privados do país. Militares visitaram 7.234 dos 311.908 locais que deveriam ter sido inspecionados, os chamados CACs, além de lojas e clubes de tiro. Naquele ano, existiam no Brasil 179.533 escolas públicas e privadas de Educação Básica.

Armar quem quiser ser armado foi promessa de campanha de Bolsonaro na eleição de 2018. Uma vez eleito, ele passou a pregar que povo armado jamais será escravo de ninguém. Quem mais se beneficia da facilidade em comprar armas é o crime organizado. Milicianos se orgulham de ter votado em Bolsonaro.

Militares

A pesquisa PoderData também ouviu a opinião dos brasileiros sobre a participação de militares no governo e na política em geral. Como resultado, 44% dizem que a atuação política dos militares é ruim para o Brasil, enquanto 43% dizem que é bom. No entanto, aumentou em nove pontos à resistência à participação dos militares no governo e na política. Em dezembro, 35% diziam que os militares na política era ruim para o país.

De lá para cá, os militares aumentaram as tensões com o Poder Judiciário e com a Justiça Eleitoral, mais especificamente. Na semana passada, o ministro Luís Roberto Barroso afirmou que as Forças Armadas “estão sendo orientadas” para atacar o processo eleitoral brasileiro. A mando de Bolsonaro, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio de Oliveira, classificando as declarações do magistrado como “ilação e ofensa” grave.

Também nos últimos dias, Bolsonaro chegou a sugerir que os militares façam uma “apuração paralela” nas eleições deste ano. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, refutou a intromissão indevida no processo eleitoral. “Intervenção jamais”, disse ele na última sexta (29).

O escândalo envolvendo a compra pelos militares de 35 mil comprimidos de Viagra, medicamento usado para disfunção erétil, próteses penianas e gel lubrificante, além de outros artigos supérfluos também abalou o prestígio da tropa. Posteriormente, a divulgação de áudios do Supremo Tribunal Militar (STM) que confirmam casos de tortura durante a ditadura foi outro fator que desgastou a imagem dos fardados.

Os dados da pesquisa foram coletados entre 24 a 26 de abril, por meio de ligações para celulares e telefones fixos. Foram 3 mil entrevistas em 283 municípios nas 27 unidades da federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. O intervalo de confiança é de 95%. Registro no TSE: BR-07167/2022.


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