Cultura e Entretenimento
O livro é o primeiro grande sucesso do autor americano Charlie Donlea e figura há semanas nas listas dos mais vendidos no Brasil
Postado em 09 de Fevereiro de 2022 - Rodrigo Pael
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A ficção “A Garota do Lago” é uma obra do autor americano Charlie Donlea. O livro é o primeiro grande sucesso do escritor e figura há semanas nas listas dos mais vendidos no Brasil. A história gira em torno da investigação do assassinato de uma jovem, Becca Eckersley, na casa de férias de sua abastada família.
As investigações não avançam até a entrada de um jornalista, Kelsey Castle, na história. Castle ganha a oportunidade de escrever um artigo sobre o assassinato como forma de se curar de um trauma recente. Aqui vai a primeira crítica: o desinteresse e as intromissões nas investigações da polícia não ficam totalmente explicados. É possível suspeitar os motivos, mas não a forma.
As 300 páginas do livro prendem o leitor, que não consegue parar de ler. O livro é inegavelmente um sucesso. Quando isso acontece significa que a obra tem vários méritos. A história tem cenas muito fortes e uma reviravolta efetivamente surpreendente.
Alguns detalhes é que deixaram a desejar.
Um de detalhes é a tentativa de transportar o leitor para os lugares e paisagens descritos nas cenas. Sabe quando você sente frio quando um livro descreve uma cena na Sibéria? Ou fica com sede com aventureiros perdidos no Atacama? Apesar de tentar, o autor não consegue nos transportar para as paisagens de montanhas e lagos americanos.
Provavelmente isso aconteça pelo seu estilo: sempre começar os capítulos com essas descrições. Parece mais um preencher de espaços vazios, que um transporte mágico ao sabor das coisas.
Outro ponto do livro que também evidencio é a ausência de elementos das investigações. O livro é muito bom, intercala os capítulos com o que aconteceu há dois anos com o que está acontecendo naquele momento até se encontrarem. Mas a investigação de Kelsey Castle se baseia em três ou quatro acontecimentos que a levam ao desfecho. Quem gosta de Dan Brown, por exemplo, sentirá falta daquelas inúmeras pistas que levam a outras pistas.
O livro é divertido. O importante é ler.
Rodrigo Pael - Jornalista e professor universitário