25/04/2024 - Edição 540

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PoderData e Quaest confirmam rejeição do Governo Bolsonaro por mais de 50% da população

Publicado em 10/12/2021 12:00 -

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Para 54% dos brasileiros, o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) é ruim ou péssimo. Os dados são da mais recente pesquisa PoderData, divulgada pelo site Poder360 no último dia 9.

A indicação representa uma leve melhora na percepção negativa do presidente, que chegou a patamares próximos aos 60% nos últimos levantamentos. Na pesquisa anterior, por exemplo, o grupo somava 57%.

Ainda assim, o índice confirma que a avaliação negativa do governo segue em alta. Mais da metade da população não vê o presidente como um bom gestor e a percepção positiva sobre Bolsonaro ficou estagnada em 22%, repetindo os menores resultados registrados pela PoderData.

Entre os homens, Bolsonaro tem o seu melhor desempenho, com avaliação positiva de 29%. O índice cai para 17% entre as mulheres entrevistadas. Por regiões, o Nordeste é quem pior avalia o ex-capitão, com 64% indicando que ele é ruim ou péssimo. Já no Sul, 28% consideram Bolsonaro bom ou ótimo, segundo a PoderData.

A mesma pesquisa ainda mediu a percepção dos entrevistados sobre as suas condições de vida desde a chegada de Bolsonaro ao poder. Para 37% dos brasileiros, a vida piorou com o ex-capitão ocupando a Presidência. Só 22% indicam uma melhora de vida alavancada pela atuação do presidente e 37% não sentiram nenhuma mudança.

Os números dão fortes indícios de que as motivações da avaliação negativa de Bolsonaro estão relacionadas a questões econômicas. Em setembro do ano passado, quando o grupo que considerava seu governo bom ou ótimo era maior do que aquele que o considerava ruim ou péssimo, a maior parte dos brasileiros também apontava melhora na vida com o presidente. Naquele momento, 37% dizia ter sua vida alavancada por Bolsonaro, enquanto 28% indicava piora desde que o ex-capitão assumiu. Foi neste período parcela considerável da população recebeu o Auxílio Emergencial.

No gráfico, é possível ver que as curvas entre os dois grupos se invertem ainda antes de janeiro. É neste mesmo momento que Bolsonaro também passa a ter avaliação negativa superando a avaliação positiva pela primeira vez.

Para chegar aos resultados, a PoderData entrevistou 3 mil pessoas seguindo a proporção de perfil da população brasileira. As entrevistas foram realizadas entre 6 e 8 de dezembro e a margem de erro do levantamento é de 1,8 pontos percentuais.

Pesquisa Quaest

Os resultados da pesquisa PoderData batem com os da mais recente pesquisa da consultoria Quaest, divulgados no último dia 8. Nste levantamento, a avaliação negativa do governo Bolsonaro, ainda que não esteja no seu pior momento, segue em alta. Ao todo, metade dos brasileiros rejeita a gestão do atual presidente. Só 21% dos entrevistados pontaram a gestão federal como positiva e 26% marcaram a opção regular. A pesquisa foi divulgada nesta quarta-feira 8.

O resultado representa um arrefecimento na queda de popularidade do presidente, que registrava aumento desde julho deste ano, chegando ao recorde de 56% no mês passado.

A melhora também pode ser vista na estratificação da pesquisa por regiões. Bolsonaro teve queda na rejeição em praticamente todas, a exceção é o Nordeste, onde a avaliação negativa cresceu um ponto percentual chegando a 61%. A região é onde Bolsonaro tem os piores resultados.

Já no Sul do Brasil, o ex-capitão registra seu melhor desempenho, com 40% de avaliações negativas. Na região, o presidente também marcou a maior queda no índice, com 14 pontos percentuais. No Norte, a avaliação negativa é de 50%, no Sudeste 46% e no Centro-Oeste 44%.

Jair Bolsonaro também recuperou espaço entre os evangélicos, ainda assim, seu governo é rejeitado por 35% do grupo. No último levantamento, o índice era de 42%.

Já 55% dos católicos avaliam Bolsonaro negativamente e 56% das outras religiões também consideram o governo ruim. Entre quem diz não ter religião, o índice de rejeição a Bolsonaro é de 52%.

Vale ressaltar que a pesquisa foi realizada dias após a aprovação da indicação do ‘terrivelmente evangélico’ André Mendonça ao Supremo Tribunal Federal.

Para 24% dos eleitores de Bolsonaro em 2018, a gestão é ruim, segundo a Quaest. O índice salta para 79% entre os eleitores de Fernando Haddad (PT).

Os bolsonaristas são a única parcela da população em que ex-capitão tem avaliação positiva maior do que a negativa. Ao todo, 42% dos seus eleitores dizem que o presidente faz um bom trabalho e 32% consideram a atuação dele regular.

A Quaest foi realizada com base em 2.037 entrevistas presenciais entre os dias 2 e 5 de dezembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais e o índice de confiança é de 95%.

Reprovação de Bolsonaro cai por conta das vacinas que ele tanto atacou

O avanço da vacinação, apesar da demora do governo na aquisição de imunizantes e dos ataques do presidente à eficácia e segurança desses produtos, está permitindo a retomada segura de atividades econômicas, apesar de cuidados, como o uso de máscaras, não serem indispensáveis. Isso reduz a sua avaliação negativa do Governo Bolsonaro, ainda que ela se mantenha em um patamar alto.

A queda foi registrada em todas as regiões, exceto no Nordeste, onde oscilou de 60% para 61%. No Centro-Oeste, foi de 54% para 44%, no Norte, de 59% para 50%, no Sudeste, de 54% para 46% e, no Sul, de 54% para 40%. Houve redução também em todas as faixas etárias, níveis de escolaridade, faixas de renda e religião.

Entre as mulheres, a avaliação negativa caiu de 59% para 50% e, entre os homens, de 52% para 49%. Mulheres são mais afetadas que os homens em crises econômicas, especialmente as mais pobres. Por exemplo, serviços domésticos, realizados principalmente por trabalhadoras, foram reduzidos na pandemia e agora está sendo novamente requisitados.

Se o governo Bolsonaro não tivesse ignorado ofertas de vacinas da Pfizer ao longo do ano passado e cancelado contratos de compra da CoronaVac, o processo de imunização no Brasil teria sido ainda mais rápido dada a capacidade logística do Programa Nacional de Imunizações do Sistema Único de Saúde.

Mas ele só se mexeu por um cálculo eleitoral, quando viu que o governador João Doria (PSDB) iria começar a vacinar os paulistas antes dele.

Até agora, 65% da população está completamente vacinada e municípios como São Paulo chegaram a cobrir praticamente toda população adulta.

70% avaliam negativamente Bolsonaro sobre o combate à inflação

A economia continua sendo considerada o principal problema do país, com 41%, mas a retomada das atividades reduziu esse índice, que era de 48% em novembro.

Considerando apenas fatores econômicos, o crescimento econômico, que era considerado o principal entrave por 23%, caiu para 14% entre os principais problemas. Contudo, o desemprego que era de 14% subiu para 18%. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) Contínua do IBGE, o contingente sem trabalho era de 13,5 milhões no final do terceiro trimestre.

E enquanto 47% consideram negativa a forma com a qual Bolsonaro vem lidando com o combate à covid-19, 70% tem avaliação negativa do presidente com relação ao combate à inflação. A alta dos combustíveis, do gás de cozinha, da energia elétrica e dos alimentos tornaram-se um martírio para as famílias de baixa renda, que têm enfrentado inflação mais alta que a dos mais ricos.

A esmagadora maioria da população brasileira parece ter ignorado os ataques do presidente à vacina – ele já afirmou que os imunizantes podem transformar pessoas em jacarés, fazer crescer barba em mulheres, matar adolescentes e causar Aids. Afirmando que as pessoas têm liberdade para não se vacinar, Jaie manteve a entrada no país de não-vacinados, nos transformando em meca de negacionistas.

A retomada da economia, o pagamento do Auxílio Brasil no valor de R$ 400, a possibilidade de usar a máquina de bondades e maldades do governo e também a sua máquina particular de ódio, mantém Bolsonaro como um dos favoritos para a eleição de 2022, apesar de esforços de setores da sociedade e da imprensa em construírem o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (Podemos) como o substituto óbvio do presidente no segundo turno com Lula (PT).


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