26/04/2024 - Edição 540

Poder

Lula venceria no primeiro turno em todos os cenários pesquisados, diz Genial/Quaest

Publicado em 10/12/2021 12:00 -

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Nova pesquisa Genial/Quaest, divulgada no último dia 8, mostra que o quadro das intenções de voto para a presidência nas eleições de 2022 continua favorável ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista lidera com folga a disputa e, segundo o levantamento, vem se aproximando de uma vitória no primeiro turno. Nas simulações com outros sete pré-candidatos, Lula sai na frente com 46% votos. 

Já o presidente Jair Bolsonaro (PL) permanece em segundo lugar, com 23% das intenções. O atual mandatário, no entanto, é derrotado em qualquer cenário de segundo turno. O ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (Podemos) aparece em terceiro, com 10% dos votos. Atrás dele, em quarto, viria Ciro Gomes (PDT), com 5%, e João Doria (PSDB), na quinta posição, com 2%. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), e o pré-candidato à Presidência pelo Novo, Felipe D’Ávila, aparecem empatados com 1%. O número brancos e nulos é de 7% e o de indecisos, 5%. 

A pesquisa também mostra que nas simulações de segundo turno, Lula vence em todos os cenários. O ex-presidente soma 55% dos votos, ante 31% de Bolsonaro. Na disputa com Moro, o petista tem 53% a 29%. Com Ciro Gomes, segundo a pesquisa, Lula registra 54% das intenções, ante 21%. O desempenho é maior sobre a candidatura de Doria, com 57% dos votos a 14%, e Rodrigo Pacheco, 58% a13%. 

Mais conhecido e menos reprovado

O levantamento foi feito presencialmente, com 2.037 entrevistas em 120 municípios nos 26 estados e no Distrito Federal, dos dias 2 a 5. O nível de confiança da pesquisa é de 95%. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

A pesquisa também questionou os entrevistados sobre o reconhecimento das candidaturas. O resultado mostra que Lula é o nome mais conhecido e menos rejeitado pela população. Apenas 1% dos eleitores não o conhecem. Entre os que o conhecem, 43% não votariam no petista, 19% poderiam votar e 36% votariam nele. Bolsonaro tem o pior desempenho. Embora somente 2% não o conheçam, 64% dos que conhecem não votariam nele e apenas 17% dos que conhecem votariam. 

Atrás dele em rejeição aparece o ex-juiz e ex-ministro Moro. que não é reconhecido por 13% dos eleitores. E entre quem o conhece, a maioria, 61%, não votaria nele para a Presidência. Até 6% disseram que o conhecem e votariam nele. Já Doria é desconhecido por 24% dos entrevistados e 59% dos que o conhecem não votariam no governador de São Paulo. O ex-ministro Ciro Gomes também não é conhecido por 18%. Entre os eleitores que o reconhecem, 55% afirmaram que não votariam nele que registra 4% de convictos em sua candidatura. Rodrigo Pacheco e Felipe D’Ávila, contudo, são os mais desconhecidos pelos eleitores, com 57% e 74%, respectivamente. 

Reprovação de Bolsonaro

Desde julho, o estudo da Quaest também vem monitorando a avaliação do governo. Pela nova pesquisa, a reprovação de Bolsonaro recuou de 56%, em novembro, para 50%. Com avanço principalmente na região Sul, onde o presidente saiu de 54% de reprovação para 40%, no mesmo período. A aprovação aumentou sete pontos percentuais, de 19% para 26%. Na contramão desse movimento, a rejeição ao governo aumentou no Nordeste, oscilando de 60% em novembro para 61%, neste mês. Também houve ligeira queda na aprovação, de 16% para 14%. 

De acordo com os entrevistados em todas as regiões, a reprovação tem a ver para 70% com a postura que consideram negativa de Bolsonaro sobre o combate à inflação. Pelo menos 41% veem a Economia como o principal problema do país, o que agrega o desemprego (18%), seguido pelo crescimento econômico (14%) e inflação (9%). O segundo problema criticado é saúde e o enfrentamento da pandemia (19%). Questões sociais, como a fome e a miséria, preocupam 14% dos eleitores. A corrupção aparece em último, com 10% das menções. 

A pesquisa também questionou sobre os hábitos de mídia dos entrevistados. A TV (52%), as redes sociais (22%) e sites, blogs e portais de notícias (9%) são os mais citados pela população para se informar sobre política. Amigos, familiares e conhecidos são uma via de informação para 5%. Até 3% disseram não acompanhar e 2% usam o WhatsApp. Em relação às notícias dos telejornais e jornais impressos, 24% afirmaram que acreditam nas notícias. Mas a maioria, 59%, alegou que acredita um pouco, mas acha que os veículos exageram. 

Veja os números:

Cenário 1

Lula (PT) – 46%

Bolsonaro (PL) – 23%

Moro (Podemos) – 10%

Ciro (PDT) – 5%

João Doria (PSDB) – 2%

Rodrigo Pacheco (PSD) – 1%

Felipe D’avila (Novo) – 1%

Cenário 2

Lula (PT) – 47%

Bolsonaro (PL) – 24%

Moro (Podemos) – 11%

Ciro (PDT) – 7%

Cenário 3

Lula (PT) – 48%

Bolsonaro (PL) – 27%

Ciro (PDT) – 8%

Pacheco (PSD) – 2%

Cenário 4

Lula (PT) – 47%

Bolsonaro (PL) – 27%

Ciro (PDT) – 7%

Doria (PSDB) – 5%

Após anulações, Lula é ficha limpa e pode disputar eleições; entenda

Lula tem condições jurídicas para disputar o cargo no ano que vem mesmo depois de ter sido preso na Operação Lava Jato, segundo advogados especializados em direito penal e direito eleitoral.

O ex-presidente recuperou seus direitos políticos após uma série de vitórias na Justiça, como a anulação de condenações na Lava Jato e a suspeição do ex-juiz Sergio Moro (Podemos) no caso do tríplex do Guarujá (SP) — Moro, por sinal, pode ser adversário direto do petista na disputa eleitoral em 2022. Em novembro de 2019, Lula já havia deixado a cadeia depois que o STF (Supremo Tribunal Federal) derrubou o entendimento que permitia a prisão após condenação em segunda instância.

Na terça-feira (7), o MPF (Ministério Público Federal) pediu o arquivamento o caso do tríplex, a primeira condenação do ex-presidente na Lava Jato, após reconhecer a prescrição do processo — ou seja, que Lula não pode mais ser julgado por este caso devido à demora na tramitação da ação.

Com as anulações, o ex-presidente está sem nenhuma condenação criminal em qualquer instância da Justiça, o que o torna juridicamente inocente. Abaixo, entenda mais detalhes sobre a situação jurídica de Lula:

O que aconteceu com as ações da Lava Jato?

Processos anulados

Em março, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin anulou todos os processos contra Lula em Curitiba. No seu entendimento, não era papel da 13ª Vara Federal da capital paranaense julgar atos do petista enquanto ainda era presidente da República e residia em Brasília.

Fachin seguiu decisão anterior do STF de que a Justiça Federal do Paraná julgaria apenas processos relacionados a desvios praticados contra a Petrobras, e entendeu que as quatro ações de Curitiba envolvendo o ex-presidente (o tríplex do Guarujá, o sítio de Atibaia e duas envolvendo o Instituto Lula) não tinham relação direta apenas com a estatal, mas também com outros órgãos públicos.

O plenário do Supremo manteve a decisão, que não julgava se Lula era ou não inocente, mas sim se as ações foram encaminhadas para o local correto. Os processos seguiram para o Distrito Federal para novo julgamento. Diante das anulações, Lula voltou a ser considerado ficha limpa, podendo disputar eleições.

A suspeição de Moro

Também em março, a Segunda Turma do STF declarou Moro parcial no julgamento do caso do tríplex do Guarujá. Em junho, a decisão foi confirmada pelo plenário da Casa.

Isso significa que todas as medidas tomadas pelo ex-juiz no processo foram invalidadas, desde a aceitação da denúncia do MPF até a sentença. Isso inclui, também, todas as provas colhidas, que não poderão ser utilizadas pela Justiça Federal em Brasília.

Atendendo um pedido da defesa de Lula, o ministro Gilmar Mendes estendeu a suspeição a todos os processos em que Moro atuou julgando o petista na Lava Jato em Curitiba. Na prática, nada do que foi utilizado pode ser reaproveitado, implicando a necessidade de novas denúncias, novas provas e novos depoimentos contra o ex-presidente.

Denúncia rejeitada, bens desbloqueados

O MPF pediu à Justiça Federal de Brasília que reabrisse o caso do sítio de Atibaia, mas teve a denúncia rejeitada pela juíza Pollyanna Kelly Alves em setembro. Segundo a magistrada, o MPF não apresentou novas provas válidas para reabrir a ação após ela ter sido anulada pelo STF.

Em novembro, a Segunda Turma do STF determinou o desbloqueio de bens de Lula que foram retidos pela Lava Jato.

A defesa do petista alega que, de 23 processos contra Lula, apenas um segue na Justiça. Trata-se de uma ação na Justiça Federal do Distrito Federal que investiga a compra de caças suecos, e que foi suspensa em maio deste ano. A ação foi trancada até que a suspeição nos julgamentos do petista fosse votada no STF, já que algumas das provas contidas na denúncia podem ter relação com os processos extintos.

Lula é inocente?

Sem nenhuma condenação contra ele, o ex-presidente é considerado inocente, segundo os advogados consultados pelo UOL. Ainda que uma nova denúncia seja apresentada, é garantida a ele a inocência até que seja comprovada, por meio de julgamento, sua culpabilidade. Isso consta no 11º artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário.

Lula é ficha suja?

Não. De acordo com a Lei da Ficha Limpa, um candidato é inelegível caso tenha sido condenado por crimes específicos em segunda instância ou quando não houver mais nenhuma possibilidade de recorrer no processo.

Como as condenações contra o ex-presidente foram anuladas, ele teve restabelecidos os seus direitos políticos, incluindo o de se candidatar.

Lula ainda pode ser considerado inelegível?

Apenas se for condenado em mais de uma instância ou se ver esgotadas todas as possibilidades de recorrer em processos pelos quais responde. No entanto, o tempo hábil para que um destes cenários ocorra é curto: o prazo de registro de candidatura é 15 de agosto, e inclui períodos de recesso do Judiciário. Uma condenação após o registro não pode impedir a candidatura, e processos criminais, em geral, não avançam tão rapidamente.

No caso do tríplex do Guarujá, por exemplo, houve um intervalo de um ano e cinco meses entre a denúncia do MPF (em março de 2016) e a sentença em primeira instância (julho de 2017). Até que a decisão fosse confirmada pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), foram mais seis meses (o julgamento em segunda instância ocorreu em janeiro de 2018).


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