27/04/2024 - Edição 540

Saúde

Máscaras reduzem incidência de covid-19 em 53%, diz estudo

Publicado em 19/11/2021 12:00 -

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O uso de máscaras faciais é uma das medidas de saúde pública mais eficazes para combater o coronavírus, ao reduzir em 53% a incidência de covid-19, segundo artigo publicado no periódico britânico The BMJ no último dia 18.

O estudo, que analisou mais de 30 pesquisas em todo o mundo, avaliou intervenções não farmacêuticas contra a doença.

"Esta revisão sistemática e a metanálise sugere que várias medidas de proteção pessoal e social, incluindo a lavagem das mãos, o uso de máscaras e o distanciamento físico estão associadas a reduções na incidência de covid-19", escreveram os pesquisadores.

O distanciamento físico pode reduzir os riscos de contaminação em 25%. A lavagem das mãos também diminui a incidência em 53% – a análise, no entanto, inclui um número reduzido de estudos sobre esse tema.

As vacinas são eficazes e seguras, mas não oferecem 100% de proteção. Além disso, a maioria dos países não vacinou a totalidade de suas populações e ainda não se sabe se os imunizantes poderão evitar novas variantes do coronavírus que venham a surgir no futuro.

As conclusões do estudo publicado no The BMJ, portanto, ressaltam a necessidade de manter o uso de máscaras, o distanciamento social e a lavagem das mãos, além das campanhas de vacinação.

Países abandonam uso de máscaras

Os pesquisadores envolvidos no estudo, das Universidades de Monash, na Austrália, e de Edimburgo, na Escócia, afirmam que as medidas mais amplas, como os lockdowns, fechamento de fronteiras, escolas e locais de trabalho, ainda necessitam de análises mais aprofundadas, para que seja possível avaliar seu potencial impacto nas populações.

A análise detalhada dessas medidas, além das quarentenas e isolamentos, ainda não é possível devido a diferenças no tipo de estudo, medidas de resultados e qualidade, disseram os cientistas.

O uso obrigatório de máscaras foi adotado por muitos países no início da pandemia, mas vários governos abandonaram parcial ou totalmente essa recomendação.

No Brasil, as regras variam entre os estados e as cidades, sem que haja uma recomendação direta por parte do Ministério da Saúde.

Os casos de covid-19 em todo o mundo já somam mais de 255 milhões, segundo dados da Universidade Johns Hopkins. O total de mortes associadas à doença já supera 5,1 milhões.

Covid deixa de ser maior causa de mortes no país

Com o avanço da vacinação contra covid-19 no Brasil, a doença causada pelo coronavírus deixou de ser a principal causa de morte no país desde a segunda quinzena de outubro, segundo dados dos cartórios de registro civil obtidos no portal da transparência da Arpen Brasil (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais).

Como ocorria antes da pandemia de covid-19, as doenças cardiovasculares voltaram a ocupar o topo na lista das causas de morte dos brasileiros —a principal delas é o AVC (acidente vascular cerebral). Isso não ocorria desde o fim de abril de 2020.

Segundo dados dos cartórios, levando em conta as mortes ente 16 e 31 de outubro, as principais causas de morte por doença no país são:

  • AVC – 4.220 óbitos
  • Infarto – 4.176
  • Causas cardíacas inespecíficas – 4.107
  • Covid-19 – 3.605

O mais recente boletim da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), divulgado nesta semana, aponta que o país enfrenta um período de estabilidade da covid-19 em um patamar bem mais baixo.

"[Os números] mostram a estabilidade dos indicadores usados pelo Observatório Covid-19 da Fiocruz nas últimas cinco semanas, isto é, desde 10 de outubro", diz o documento.

A média móvel de mortes por covid-19 foi de 260 no último dia 17. A taxa superou os 3.000 óbitos por dia em março, durante a segunda onda da doença.

Embora a média tenha caído, ainda são registradas mais de 300 mortes por dia, durante a semana, por causa do coronavírus.

Hospitais aliviados

A queda nos números é notada (e comemorada) em hospitais de todo o país, com a redução do número de pessoas com covid-19 hospitalizadas.

No Amazonas, que viveu um colapso com a variante Gama, na quarta-feira apenas seis pessoas foram internadas com suspeita ou confirmação em todo o estado. No pico da pandemia, foram mais de 200 por dia, o que superlotou unidades e gerou até falta de oxigênio.

Dos 74 leitos de UTI (unidade de terapia intensiva) hoje reservados para tratar a covid-19, apenas 27 estavam sendo ocupados. Segundo a Secretaria de Saúde do Amazonas, 84,6% das pessoas internadas não se vacinaram.

Em São Paulo, no último dia 8, pela primeira vez na pandemia, o estado não registrou nenhuma morte por conta da doença em 24 horas. A ocupação de UTI também é baixa: 23%. Nesta semana, o governo afirmou que 56% dos hospitais da rede não tinham mais pacientes infectados com o vírus.

No dia 11, o maior hospital filantrópico de Alagoas, a Santa Casa de Maceió, anunciou que, pela primeira desde o início da pandemia, passou dois dias sem pacientes internados na casa —que chegou a ficar lotada em alguns momentos e precisou fechar a porta para novos pacientes nos períodos de picos da pandemia.

"Significa que nós estamos no caminho certo e que a população está atendendo aos apelos dos gestores municipais e estaduais de saúde, fazendo a vacinação", afirma o diretor da unidade, o médico Artur Gomes Neto.

De todos os estados, segundo o boletim da Fiocruz, apenas Rondônia tem hoje uma ocupação de leitos acima de 60% —a justificativa é a redução no número de leitos destinados para a doença. Esse, até aqui, é o melhor resultado dos estados em termos percentuais desde o início da pandemia.

Apesar da melhora no cenário, a Fiocruz alerta que não é hora de baixar a guarda já que, além de estamos em um patamar ainda alto de mortes, outros países enfrentaram novas ondas de contaminação mesmo com a vacinação em níveis semelhantes ao registrado no Brasil.

Seis em cada dez brasileiros tomaram a segunda dose da vacina contra covid, ou a dose única, de acordo com o consórcio de imprensa.

Vacina salva

A infectologista e doutora em doenças tropicais da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), Vera Magalhães, afirma que a queda da covid-19 do país deve-se à grande adesão da população à vacinação.

"Vacina é uma ferramenta fundamental para prevenção das doenças infecciosas, e não é diferente com a covid. E o principal objetivo das vacinas utilizadas atualmente é prevenir os casos graves de hospitalização e óbitos, o que está ocorrendo", diz.

Para ela, chega a ser surpreendente que a chegada da variante delta não causou uma nova alta nos indicadores no nosso país. "Houve realmente uma diminuição do número de hospitalizações e morte por covid. Em número de casos, a gente não sabe exatamente porque não testamos; mas provavelmente, sim."

Uma boa notícia que surge no horizonte, afirma a especialista, é que os antivirais estão sendo liberados e devem ajudar no tratamento da doença.

"Eles são caros ainda, mas existe essa esperança, além da vacina, de antiviral eficiente para os casos de pessoas com comorbidades e com tendência de desenvolver a doença com mais gravidade. Conjugado com a vacina, isso é bastante promissor", assegura.

Média ainda alta

Apesar da queda, os números mostram que ainda estamos longe de termos índices confortáveis de óbitos pela covid-19.

Os dados dos cartórios não trazem números detalhados de mortes causadas por outras doenças no país. Mas, se comparamos com os dados de óbitos de 2020 registrados do SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade), do Ministro da Saúde, a média móvel de mortes diárias por covid-19 (260) seria a segunda maior entre todas as causas no país. O SIM não contabiliza, em seus registros, os óbitos por causa do coronavírus.

  • Doenças cerebrovasculares – 267 óbitos, em média, por dia
  • Infarto – 244
  • Diabetes – 202
  • Pneumonia – 186
  • Outras doenças cardíacas – 181
  • Doenças hipertensivas – 174
  • Agressões – 121
  • Acidentes de transporte – 85
  • Câncer de pulmão – 77
  • Doença de Alzheimer – 63

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