25/04/2024 - Edição 540

Brasil

Esporte sofre com insegurança e dívidas no Brasil

Publicado em 17/11/2021 12:00 -

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Infelizmente, poucos são os setores da sociedade brasileira que não apresentam vários problemas, e com essa máxima presente no país, dificilmente o esporte ficaria longe de empecilhos. Assim sendo, a busca por mudanças nessa realidade motivou que vários novos gestores se candidatassem à presidência de confederações brasileiras, buscando retirar as “velhas raposas” do poder.

Nas últimas eleições, foi possível observar chapas de oposição, assim como a presença de atletas prestigiados e que agora são figuras importantes no cenário administrativo  do esporte nacional. E mesmo com a vitória da renovação, alguns problemas deixados pelas gestões anteriores têm assombrado aqueles que assumiram os cargos de relevância.

Fim de uma era

Após o término da era de Carlos Arthur Nuzman, antigo presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COI), que ocupou o cargo por 22 anos, chegando até mesmo a ser preso em 2017 por conta de uma série de infrações, os seus companheiros também estão caindo, pouco a pouco. “Velhas raposas” que geriam o esporte há décadas ou até mesmo aqueles que estiveram presentes nas Olimpíadas do Rio e faturaram de forma ilícita no evento, deixando para trás um legado de dívidas e insegurança.

Das 35 modalidades olímpicas existentes, 10 acabaram sendo investigadas pela Polícia Federal nos últimos cinco anos. Ademais, várias modalidades acabaram tendo suas certidões bloqueadas pela Secretaria Especial do Esporte, barrando o repasse de recursos públicos por elas não terem cumprido a Lei Pelé. Dentre as modalidades que estão impedidas de receber o repasse público estão o basquete, ginástica, surfe, pentatlo moderno e vela. Sendo que há outras 18 modalidades que podem perder seus certificados e também ficarem sem receber o repasse.

Aparentemente, essa crise no esporte não se reflete tanto no futebol, já que essa modalidade consegue se apoiar nas torcidas e vem buscando outras alternativas de financiamento, como os patrocínios. Por exemplo, hoje várias casas de apostas confiáveis vêm utilizando clubes brasileiros como vitrine para os seus serviços, e ambos lucram com esse relacionamento. Os torcedores também veem um benefício adicional, que é a possibilidade de palpitar de maneira completamente virtual e aproveitar os bônus que esses estabelecimentos de jogatina oferecem aos seus usuários.

Não cumprimento da Lei é comum

O não cumprimento da Lei Pelé consiste de diversos tipos de infração, mas as que ocorrem com maior frequência são a recondução do mesmo dirigente ao posto e presidente, o que é proibido pela legislação, que autoriza somente uma reeleição, o não pagamento de impostos e a não inserção de no mínimo 1/3 de atletas no colegiado eleitoral.

Em 2016, quando Paulo Wanderley foi eleito para o Comitê Olímpico, acabou sendo pego por uma dívida da antiga Confederação de Vela e Motor (CBVela, desde 2013). A entidade em questão, mesmo mudando de nome e CNPJ, conta com dívidas que chegam ao montante de R$ 240 milhões. E como o COB interveio para que a confederação não fechasse as portas, a Justiça acabou fazendo com que a instituição se tornasse responsável pelo pagamento das dívidas. Com isso, as contas do COB foram bloqueadas em 2020, quase resultando em uma catástrofe completa para o esporte nacional.

Para que o estrago não fosse maior, a solução foi a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta. O documento prevê a implementação de boas práticas de governança e a participação democrática de atletas e outros atores na condução do esporte nacional.

Agora, os novos gestores têm diversos desafios pela frente, em sua maioria o pagamento de dívidas feitas por gestões anteriores, assim como a restauração da confiança do mercado, que há muito foi perdida, recuperar as certidões obrigatórias para o recebimento de recursos públicos e, principalmente, a manutenção da estabilidade política das confederações.


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