19/04/2024 - Edição 540

Conexão Brasília

Os Bolsonaro em: ‘Curtindo a Vida Adoidado’

Publicado em 07/10/2021 12:00 - Rafael Paredes

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A vida piorou muito para muitas famílias brasileiras em consequência da conjunção de dois fatores desastrosos: a pandemia e a ascensão ao poder da família Bolsonaro. Antes da pandemia, a economia já vinha patinando, as crises institucionais se agravavam, os reais problemas do país eram negligenciados e a bagunça sendo armada. Depois da pandemia então…

O resultado dessa combinação é até agora 14 milhões de desempregados, 19 milhões de pessoas passando fome, inflação de dois dígitos, economia diminuindo e o mais grave: 600 mil vidas perdidas em consequência da Covid, do atraso em vacinar e do negacionismo. Porém, neste período, uma família fechou os olhos, entrou com tudo na oportunidade de aproveitar ao máximo os benefícios do poder.

Os filhos do presidente foram eleitos juntos com Jair Bolsonaro. Eles formam o único grupo político que o mandatário respeita e é por isso que são tão beneficiados. O filho deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) quase ganhou uma embaixada nos Estados Unidos para chamar de sua. Apenas não levou este “filé”, como afirmou o presidente, porque a indicação não passaria no Senado.

O filho vereador Carlos Bolsonaro (REPUBLICANOS-RJ) cumpre seu mandato no módulo à distância, vive em viagens com o pai, participa de reuniões em Brasília, destina verbas publicitárias do Banco do Brasil, manda nas redes sociais do presidente e demite ministros. Bolsonaro pai atribui a vitória eleitoral ao vereador. Carlos é o inventor dessa metodologia de governança por redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas.

O filho senador, Flávio Bolsonaro (PATRIOTAS), não tem nenhum constrangimento em comprar uma mansão em Brasília no valor de R$ 6 milhões, com parcelas incompatíveis com seus rendimentos mensais ofertadas pelo Banco de Brasília, por meio de juros inéditos. Flávio faz esse investimento imobiliário mesmo estando no meio de uma investigação por rachadinhas em seu gabinete, quando ainda era deputado estadual no Rio de Janeiro. Ele parece ter certeza que nada acontecerá, que sempre será defendido pelos fies da religião onde seu pai é cultuado.

Mas a primeira-dama, hein? Quem diria? Michelle Bolsonaro fazendo tráfico de influência para conseguir empréstimos vultuosos da Caixa Econômica para a amiga doceira de Brasília, para o amigo florista e para amiga modista? A desfaçatez ultrapassou os limites da corrupção rasteira e tomou ares de incorporar um dos maiores bancos públicos do mundo em suas miudezas pessoais.

Quem segue essa escola de aproveitar do poder estatal sem limites e parece estar curtindo a vida adoidado é o filho 04, Jair Renan. Jair se mudou com a mãe, Ana Cristina Valle, para uma mansão no valor de mais de R$ 3,2 milhões. Estão pagando um aluguel do mesmo valor do salário da mãe do pimpolho. Fora que a mansão foi comprada por um corretor que mora na periferia de Brasília, não tem outro patrimônio, comprou a mansão com juros baixíssimos também ofertados pelo Banco de Brasília e aluga a residência por aluguel (R$ 8 mil) abaixo da média de mercado (R$ 15 mil) para a região e menor que as prestações do financiamento. Estranho, né?

Renanzinho não para. Já foi flagrado em festa clandestina desbaratada pela polícia no meio da pandemia, ganhou carro elétrico de empresário, que foi levado por ele para reuniões em ministérios. O valor do veículo: R$ 90 mil. A empresa de 04 é alvo de investigação do Ministério Público e da Polícia Federal por atuar junto ao Governo Federal.

A família Bolsonaro é um consórcio de mandatos que busca lucrar o máximo possível na vida pública. O início das atividades desse conglomerado começou com rachadinhas, peculato, verba indenizatória para “comer gente”, como afirmou o então deputado federal Jair Bolsonaro e hoje ascendeu ao poder máximo.

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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