23/04/2024 - Edição 540

Ágora Digital

Guri cagado ou estrategista?

Publicado em 08/09/2021 12:00 - Victor Barone

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Como bom guri cagado que é, Bolsonaro voltou atrás das sandices ditas no dia 7. Não foi bom senso, foi cagaço mesmo. Sem apoio militar para o golpe que sempre sonhou e defendeu apelou para Temer por "conselhos". Puta velha, o ex-presidente 'por acaso' avisou: se você não colocar o galho dentro vai sair daqui em cana. Veio a cartinha. Mas, nada mudou. Bolsonaro só trafega no conflito. Vai acabar morrendo no cargo e virando mito eterno de alguns, ou cairá (nas urnas ou não), sozinho, broxa, ridículo.

O POVO?

Bolsonaro reuniu um grande público em SP no 7 de setembro. Mas se engana quem pensa que a massa de gente que se reuniu na Paulista para ouvi-lo representa "o povo", como quer fazer parecer o presidente.

Os ataques ao Estado Democrático de Direito, proferidos por ele, encontraram eco em seu público, cerca de 25% do eleitorado. Mas o fato é que sua rejeição beira os 65%, segundo as últimas pesquisas.

Bolsonaro sabe que dificilmente reverterá este quadro.

O que lhe resta é insuflar este um quarto da população composto por analfabetos políticos e morais, fundamentalistas religiosos, ressentidos culturais/sexuais, gente inocente que imagina estar combatendo a corrupção e quetais. Seu objetivo é usar este "rebanho de manobra" para enfraquecer as instituições e o processo eleitoral, e tentar uma virada de mesa que o mantenha no poder.

Mas, o Brasil é maior que o cercadinho eleitoral que o bolsonarismo imagina ser gigantesco. Ainda assim, para garantir que este pesadelo terminará em 2022, há duas questões que não podem ser deixadas de lado.

A primeira é a necessidade de combater veementemente a naturalização do discurso de Bolsonaro. Não, não é o "jeitinho espontâneo" do presidente. Trata-se de ameaça à democracia.

A segunda questão: é imperativo que as forças democráticas de esquerda, centro e de direita se unam contra o projeto totalitário que nos ameaça a todos.

Não é hora para demarcar espaço nas ruas. O momento é de união.

NA VEIA

O Ministro do TSE, Luís Roberto Barroso, iniciou a sessão d com um discurso onde falou das manifestações de 7 de setembro e do presidente Jair Bolsonaro.

FRAQUEZA DE BOLSONARO

O presidente Jair Bolsonaro exibiu exatamente o que tem mostrado desde o início do mandato: sua irresponsabilidade e seu isolamento político. Tratadas nas últimas semanas como prioridade nacional pelo Palácio do Planalto, as manifestações bolsonaristas do 7 de Setembro foram interpretadas pelo presidente como a prova de que o “povo” o apoia, mas um presidente realmente forte não precisa convocar protestos a seu favor nem intimidar os demais Poderes para demonstrar poder; apenas o exerce. Assim, Bolsonaro reiterou sua fraqueza, já atestada por várias pesquisas que indicam o derretimento de sua popularidade”.

Editorial do Estadão

O DIA SEGUINTE

 O governo Bolsonaro é muito ruim. Não cumpriu o que prometeu e não trabalha para melhorar as condições de vida da população. Como se viu ontem mais uma vez, sua tática atinge inauditos padrões de irracionalidade, com propostas de tom golpista: ameaçar os outros Poderes e contestar por antecipação o resultado das próximas eleições. A manobra pode ter alguma serventia nas redes sociais. Na vida real, os preços dos alimentos sobem, as oportunidades de emprego não aparecem, os investimentos se ressentem, os jovens ficam sem a devida formação.

Editorial do Estadão

JÁ TIVEMOS HERÓIS MELHORES…

Enquanto os poderes se unem, chocados com o desequilíbrio do presidente da República, vale uma reflexão: que tal o tricampeão Nelson Piquet virando as costas para o pai, cassado pelo AI-5, para defender o golpista, o golpe e manifestações que pedem a volta da ditadura militar? E que tal a multidão badalando o operador das rachadinhas, Fabrício Queiroz, como herói? Já tivemos heróis melhores…

Eliane Cantanhêde

FALA DE LULA

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o papel de um presidente da república é governar com sentimento de “confiança no presente e no futuro”. Em pronunciamento transmitido por suas redes sociais, exibido também na abertura do Seu Jornal, da TVT, Lula mencionou o clima de tensão causado pelo presidente Jair Bolsonaro às vésperas do 7 de setembro, feriado da Independência. “Um presidente tem de saber somar forças e governar com este sentimento permanente, porque é dele que vem o exemplo para o país”, afirmou. Desse modo, Lula se refere ao momento em que, ante o fracasso e o aumento da reprovação do governo, Bolsonaro provoca apoiadores e financiadores a marcar o 7 de setembro com manifestações de ódio e de ruptura democrática.

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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