20/04/2024 - Edição 540

Conexão Brasília

Choque de realidade no terraplanismo bolsonarista

Publicado em 02/09/2021 12:00 - Redação Semana On

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Foram divulgados no último dia 1º os números da pesquisa Genial/Quaest com 2.000 pessoas sobre a avaliação do Governo Federal, cenários eleitorais e temas da atualidade. O levantamento demonstra que a preocupação do brasileiro com a pandemia diminuiu e a preocupação com a economia aumentou. Para 28% da população o principal problema do país ainda é a saúde, mas para mais de 21% é a economia que vem assombrando. Um outro dado importante é sobre o pessimismo. Cerca de 32% acredita que a economia vai piorar.

O brasileiro é realista, sente na pele as consequências da economia e reclama. No Brasil profundo, poucos estão preocupados com voto impresso, STF e outras polêmicas artificiais criadas pelo presidente Jair Bolsonaro. O brasileiro ou está desempregado (14 milhões), ou passando fome (19 milhões), ou na informalidade (30 milhões), ou está tudo isso junto. Ao contrário das alucinações do presidente, o pessimismo do brasileiro encontra lastro na realidade. A economia brasileira caiu – 0,1% no último trimestre. Resultado completamente diferente do que aconteceu com Portugal + 4,9%, Reino Unido + 4,8%, Letônia + 3,7%, México + 1,5%, Chile + 1%, dentre outros, muitos outros.

O eleitor identifica a economia pela pele e acerta. O ministro da Economia Paulo Guedes analisa a economia por meio de vozes noturnas na sua cabeça e erra. Uma das últimas do ministro era que a “economia brasileira estava bombando”. Com o eleitor deixando de olhar para o desastre da gestão da pandemia e voltando suas atenções para economia, enxerga desastre também.

Quando questionado sobre eleição, o brasileiro responde: Lula (de 44% a 47%). O ex-presidente também tem rejeição (40%), menor que grande parte de seus possíveis concorrentes como a do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (41%), do apresentador José Luiz Datena (46%), do ex-governador do Ceará Ciro Gomes (53%), do governador de São Paulo João Dória (57%) e claro do presidente da República Jair Bolsonaro (62%).

Sabe quando você conversa com alguém, mostra as falhas do político que ela defende e essa pessoa se mostra quase cega? No campo do Bolsonaro, esses significam uns 20% segundo a pesquisa, ou seja, aqueles que afirmam que vão votar no presidente com certeza. A questão é que os cegos para o lado do Lula são de 44%, podendo chegar a 62%. Ao contrario daqueles que defendem a construção de um nome de terceira via, até agora não há espaço, não há nome, não há discurso para esta possibilidade. Até agora.

Mas o até agora já é tarde demais. O fenômeno Jair Bolsonaro, tido como o primeiro vencedor no Mundo de um eleição inteiramente ocorrida na era das redes sociais, iniciou sua campanha no mundo físico em 2015 rodando o Brasil. Bolsonaro construiu uma trajetória vitoriosa para a Presidência da República em três anos. A futura suposta terceira via tem menos de um terço desse tempo. Conseguirá obter êxito? A soma entre os cegos de um lado com os cegos do outro dá 64%. Mais de 7% afirma que não votará em ninguém. Ou seja, os que ainda estão de olhos abertos para a terceira via são cerca de 29%. As terceiras vias tem pouquíssimo tempo, se acotovelam em um terço do eleitorado, será inédito no Brasil e tudo isso apenas para ter chance de chegar ao segundo turno, pois parece que uma vaga já está ocupada.

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Victor Barone

Jornalista, professor, mestre em Comunicação pela UFMS.


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