28/03/2024 - Edição 540

Brasil

Não ouçam as asneiras do ministro sobre o uso de máscaras

Publicado em 20/08/2021 12:00 -

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Ao encerrar a sessão de quinta-feira (18) da CPI da Covid – que ouviu o advogado da Precisa Medicamentos Túlio Silveira –, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da comissão, falou de dois fatos que reputou “lamentáveis”. Primeiro, uma decisão da subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo. Ela rejeitou pedido do Psol e do PT para investigar Jair Bolsonaro por participar de atos sem usar máscara, contrariando legislações federal e estaduais. Para isso, alegou que “inexistem trabalhos científicos com alto grau de confiabilidade em torno do nível de efetividade da medida de prevenção”.

A decisão contraria a ciência, as recomendações da OMS, da Anvisa e do Centro de Controle e Prevenção de Doenças Transmissíveis (CDC) dos Estados Unidos, lembrou o parlamentar. Além disso, viola as determinações sanitárias dos governos locais – prerrogativa conferida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Randolfe afirmou que vai entrar com representação no Conselho Nacional do Ministério Público contra a subprocuradora. Isso porque, segundo ele, a decisão acaba por “anistiar um crime gravíssimo, principalmente quando parte do mais alto mandatário da nação”.

O segundo caso “lamentável, para nossa surpresa e indignação”, é a conduta do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. O ministro afirmou no canal bolsonarista Terça Livre, que é investigado por espalhar informações falsas, ser contra o uso obrigatório de máscaras. O dono do canal, Allan dos Santos, foi denunciado pelo Ministério Público Federal por incitação ao crime, ao ameaçar Luís Roberto Barroso, do STF. 

“Não queremos convocar Queiroga pela terceira vez, mas parece que ele faz questão de vir aqui (na CPI). Por isso, não escutem o ministro da Saúde com essas asneiras que ele fala. Não escutem alguns representantes do MP. É lamentável ter que dizer para os brasileiros não escutarem o ministro da Saúde. O ministro da Saúde!”, disse Randolfe.

Os lambe-botas

Em depoimento à CPI da Covid-19 no Senado, Marcelo Queiroga, que sucedeu ao general Eduardo Pazuello, de triste memória como ministro da Saúde, defendeu o uso de máscara contra a doença e disse mais.

Disse que baixou uma portaria tão logo tomou posse tornando obrigatório o uso de máscara dentro do prédio do ministério. Não foi além, naturalmente, para não irritar o presidente Jair Bolsonaro que acha máscara coisa de v…. Você sabe de quê.

No Palácio do Planalto, pega mal o funcionário que aparece para trabalhar de máscara. Se o presidente o vê ou fica sabendo, ele perde pontos e pode até ser transferido. Vacinar-se também é demonstração de fraqueza aos olhos de Bolsonaro, o macho alfa.

De volta a Queiroga, um vaselina assumido e que não esconde isso de ninguém.

O que deu nele para renegar o uso de máscaras? E logo agora que a variante delta da Covid começa a circular no Brasil e a encher de novo as UTIs em alguns Estados? Partidos tentaram processar Bolsonaro por não usar máscara. A Procuradoria-Geral da República saiu em defesa dele.

Elementar, meus caros. Justo nesse momento, Queiroga poderia ser alvo de uma bala perdida se fosse coerente com o que dissera à CPI, e não só. É raro vê-lo sem máscara, principalmente quando vê algum fotógrafo ou cinegrafista por perto.

O comportamento lambe-botas é generalizado dentro do governo e nos seus puxadinhos. Lindôra Araújo, subprocuradora-geral da República, defendeu que Bolsonaro não cometeu crime por não usar máscara e promover aglomerações, não foi?

Pois há cerca de um ano ela havia adotado uma posição inversa ao pedir que o desembargador Eduardo Siqueira, do Tribunal de Justiça de São Paulo, fosse investigado por não usar máscara em via pública no litoral paulista como manda a lei.

Assim caminha a humanidade escolhida por Bolsonaro para governar com ele ou nomeada para garantir sua impunidade. Queiroga, Augusto Aras, Procurador-Geral da República e Braga Neto, ministro da Defesa, disputam o troféu lambe-botas do ano.

Você votaria em quem?


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